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Confeiteiro suíço é homenageado em Nova York

Albert Kumin no evento de Nova York com dois de seus antigos funcionários. Rita Emch

O ilustre mestre confeiteiro Albert Kumin é a prova de que a vida pode ser um doce. A longa carreira do chefe suíço foi recentemente comemorada em um evento em Nova York.

Embora comemore os 90 anos só em janeiro, o ex-chefe confeiteiro da Casa Branca recebeu uma festa de aniversário no Lincoln Center, no mês passado.

“Eu tive uma vida muito boa”, disse Kumin no evento em sua homenagem, exalando calma e serenidade, e um olhar de contentamento.

Durante sua carreira de décadas, o suíço adoçou a vida de muitos americanos, incluindo os ricos e famosos como Marilyn Monroe, e poderosos como Jimmy Carter.

Kumin não se tornou ilustre apenas como chefe em locais de renome, mas também como professor. Muitos chefes bem conhecidos dos Estados Unidos aprenderam os truques do ofício sob sua orientação.

Muitos associados e ex-alunos estavam entre os mais de 100 convidados na festa de aniversário.

Um dos organizadores, Nick Malgieri, disse que Kumin era como um segundo pai para ele – um sentimento expresso por muitos presentes que também estavam cheios de louvor.

Kumin nasceu na cidade de Wil, no leste da Suíça, em 13 de janeiro de 1922. Ele começou seu aprendizado como confeiteiro em sua cidade natal aos 16 anos, antes de ir trabalhar em diferentes lugares em todo o país. Seu interesse em conhecer o resto do mundo foi provocado por histórias contadas a ele por colegas do ramo no Egito, Brasil e Estados Unidos, este último em Nova York.

Cinco estrelas

O momento de partir para o exterior veio em 1948, quando conseguiu um emprego no Ritz Carlton Hotel, em Montreal, Canadá. Foi o início de uma carreira que faria dele um dos melhores chefes de confeitaria do continente. Foi também no Canadá que conheceu sua esposa, Eva, com quem é casado até hoje.

O mestre se mudou para Nova York em 1958, para trabalhar com o lendário chefe Joe Baum, e se tornou o primeiro chefe de confeitaria quando Baum abriu o elegante restaurante Four Seasons. “Eles só queriam o melhor. Foi um tremendo desafio que exigia muita autoconfiança. Eu sabia que podia fazê-lo”, lembra.

Kumin começou sua carreira docente em 1972 no Instituto de Culinária da América. Mas Baum acabou convocando-o novamente quatro anos mais tarde, depois de ter ganho o contrato para os serviços de alimentação do recém construído World Trade Center. Kumin entrou como chefe executivo em confeitaria, cuidando do desenvolvimento de todas as sobremesas para dezenas de estabelecimentos, incluindo o Windows on the World, o prestigiado restaurante no topo da torre norte.

Quantidade era uma coisa importante nas Torres Gêmeas. “Não demorou muito para que tivéssemos que preparar 2700 sobremesas em 24 horas”. Lembrando essa época hoje, fica difícil para o chefe imaginar como conseguiram isso.

As pessoas próximas a ele dizem que tanto suas qualidades pessoais, quanto seu talento como chefe é que ajudaram. Ele sabia como manter a calma e não perder de vista o que era importante. Ele exigia muito de suas equipes, mas também dava muito em troca.

Camp David

Quando perguntado sobre os momentos especiais em sua carreira, Kumin lembra seu tempo como chefe de confeitaria de Jimmy Carter, na Casa Branca. “Essa foi uma época interessante”, disse, lembrando a visita do Papa e as negociações de paz para o Oriente Médio em Camp David.

E ele nunca vai esquecer um encontro com Marilyn Monroe. “Ela entrou na cozinha do Four Seasons e cumprimentou a todos pessoalmente. Ela era muito agradável e muito bonita”, conta com um brilho malicioso nos olhos.

Em 1984, tornou-se chefe executivo do setor de confeitaria da Country Epicure, empresa de atacado, estabelecendo, em seguida, sua própria escola, a Internacional Pastry Arts Center, onde ensinou para centenas de chefes de confeitaria e outros profissionais da indústria.

Em particular, Kumin era conhecido por seu uso magistral do chocolate para decorar sobremesas. Thomas Harris, um ex-aluno, lembrou de uma declaração, uma vez feita por Baum: “Kumin é o único chefe confeiteiro que trabalha com chocolate como Michelangelo, enquanto prepara milhares de pães ao mesmo tempo”.

No final de 1980, retirou-se para o Vermont, onde continuou sua outra paixão: a jardinagem. Ele também abriu a empresa, Green Mountain Chocolates, com sua filha que é especializada em trufas estilo suíço e belga. A família vendeu a empresa há alguns anos atrás.

Cônsul Geral da Suíça em Nova York, François Barras, homenageou Kumin no evento pela obra de sua vida. Barras disse que seu trabalho com chocolate e doces – o núcleo da cozinha suíça tradicional – era uma honra para sua terra natal.

O momento culminante do evento foi um “desfile de bolos de aniversário”. Feitos por ex-alunos, amigos e admiradores, cada bolo foi criado em torno de um tema que representa uma década da vida de Kumin.

Albert Kumin é apenas um dos muitos expatriados suíços que alcançaram fama e fortuna nos Estados Unidos durante o século passado.

Oscar Tschirky (“Oscar do Waldorf”) deve ser o suíço mais famoso do setor hoteleiro de Nova York. Ele era conhecido como o criador da salada Waldorf, ajudou na popularização do molho Thousand Island e participou na criação de Eggs Benedict.

Louis Chevrolet emigrou para a América do Norte ainda jovem, com pouco mais de 20 anos. O mecânico e piloto de corridas, co-fundou a companhia de automóveis que leva seu nome.

O físico Felix Bloch, nascido em Zurique, de pais judeus, passou seus primeiros anos letivos na Europa, sobretudo estudando e lecionando em instituições na Suíça e Alemanha. Ele fugiu da Alemanha para os Estados Unidos depois que Hitler chegou ao poder. Primeiro professor de física teórica da Universidade de Stanford, Bloch recebeu o Prêmio Nobel em 1952.

Jean Piccard era irmão gêmeo de Auguste. Seus nomes estão intimamente ligados à voos de balão de alta altitude. Na década de 1930 Jean foi creditado com importantes invenções que ajudaram o progresso no desenvolvimento do balonismo.

O fotógrafo Robert Frank emigrou para Nova York em 1947. Em 1958 publicou o livro inovador “The Americans”.

O diretor de cinema Marc Forster cresceu em Davos. O suíço já dirigiu grandes sucessos de bilheteria de Hollywood como o filme de James Bond “Quantum of Solace”, “Finding Neverland” e “A Última Ceia”.

Adaptação: Fernando Hirschy

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