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“Eu fiquei duplamente enamorada”

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Miriam Kull gosta do às, do rei, do valete e da dama. É que essa mãe trabalhadora natural de Berna passa uma parte bastante importante da semana manuseando cartas: ela joga bridge em nível internacional.

“Eu digo aos meus amigos que não peçam para eu falar de bridge porque eu não consigo mais parar!”, adverte. Os que se arriscam mesmo assim descobrem rapidamente como se virar com dois meninos pequenos, um emprego no cantão de Berna e a pressão de representar as cores de seu país.

Tudo começou há aproximadamente dez anos durante as férias na Itália com uma amiga da universidade, onde Miriam Kull era estudante de economia. O pai dessa amiga jogava bridge e propôs uma partida. “Eu estava sentada ali e não compreendia nada, mas estava interessada porque já jogava com duas cartas, como o “jass” (ndr: jogado na Suíça e parecido com o bridge).”

De volta à Suíça, ela achou na internet um curso de bridge para os estudantes da Universidade de Berna. “Me inscrevi de desde a primeira aula (jogamos quase até meia-noite), eu adorei. E até encontrei meu futuro marido! No começo, todo mundo pensava que eu vinha só para vê-lo, mas era pelo jogo. Fiquei duplamente enamorada!”

 Miriam Kull gosta sobretudo de duas coisas no bridge. “Primeiro tem o jogo em si, a lógica: tem muitos números, probabilidades, estratégia. Gosto do desafio mental.” Depois tem o aspecto social, jogar com uma pessoa ou contra uma equipe. “Tem de estar na mesma sintonia com outro jogador. E seu parceiro pode melhorar, é disso que eu gosto. Você joga cada vez melhor junto.”

Um jogo internacional

Muitos casais formam equipe, mas tem casais conhecidos por chegar a um clube ou a um torneio separadamente para evitar desavenças no carro quando voltam para casa, depois de uma derrota. “Existe um ditado, não fazer parceria com seu parceiro”, sorri Miriam Kull. “O problema é que todo mundo comete erros e se você volta para casa discutindo, não dá certo.”

Ela admite que no início não era fácil jogar com seu marido, que também tornou-se um bom jogador. “Tivemos muitas discussões ríspidas, mas agora gosto de jogar com ele e de contar minhas aventuras. Se ele não jogasse, eu também não poderia jogar nem dividir esta parte de minha vida com ele.”

É verdade que eles passaram a lua de mel jogando bridge? “Não era realmente nossa lua de mel, mas duas semanas depois do nosso casamento, formos a um campo de bridge na Alemanha e dormimos num dormitório com outros oito casais de jogadores de bridge.”

“É um jogo internacional. Eu jogo durante as férias na Espanha, na Croácia, você experimenta e joga. Pouco importa se você não sabe a língua.”

Determinação

É difícil imaginar que Miriam Kull, amável, entusiasta e sempre sorridente, brigando por cartas. Ela se descreve como “muito calma, concentrada, racional”, em todo caso na mesa de jogo. Ela também é muito determinada, qualidade essencial para passar do zero ao nível internacional em apenas dez anos.

Ela admite, entretanto, que é mais fácil para uma mulher ser selecionado no nível internacional porque na Suíça há menos jogadoras de alto nível do jogadores. “Os melhores jogadores de bridge do mundo são homens. Muita gente pergunta a razão e eu diria que é uma questão de concentração. Os homens geralmente têm menos “dispersões” como a família etc. Para jogar em nível internacional, você precisa se concentrar intensamente e investir muito tempo entre 25 e 45 anos; é difícil para as mulheres.”

Os jogadores de alto nível participam de torneios todos os fins de semana, com exceção de curtas férias no verão. Supondo que eles trabalham durante a semana (pouca gente ganha a vida com o bridge na Suíça), sobra pouco tempo para a vida pessoal e a família. “Não é fácil” reconhece. “O casal precisa ser bem organizado; meu marido precisa me apoiar e eu também devo apoiá-lo. Isso pode ser estressante.”

Aventura olímpica

Miriam Kull representou a Suíça pela primeira nos Jogos Mundiais de Esportes de Espírito em Pequim, em 2008. Ela integrava a equipe mista júnior. “Foi uma das aventuras mais impressionantes da minha vida. Nos jogamos e ficamos hospedados nas mesmas dependências dos atletas e vivíamos, portanto, na cidade olímpica. Passamos duas semanas e jogamos em geral ente sete e oito horas por dia, todos os dias.”

Depois representei a Suíça na equipe feminina no Campeonato Europeu em Ostende, em 2010. “Meu marido veio conosco à Bélgica e cuidava de nosso filho, que eu alimentava nas pausas. Todo mundo o adorava!” 

Depois de reduzido o tempo das cartas para cuidar da jovem família (seus filhos têm agora 4 e 2 anos), ela recomeçou a jogar mais, esperando defender novamente a Suíça. No ano passado, ela ganhou com um parceiro o título nacional em equipes mistas.

A nova geração

Quando ela não joga cartas nem brinca com os filhos, Miriam Kull utiliza seu cérebro como funcionária pública no cantão de Berna. Ela trabalha na gestão financeira e administrativa de centros de acolho extraescolares para alunos cujos pais trabalham.

Ela diz estar disposta a ensinar bridge (“tenho certeza que isso pode ajudar na escola, por exemplo para a concentração”), mas admite que não é fácil atrair uma nova geração de jogadores de bridge. “Eu morei cinco anos em Zurique e tentei ensinar o jogo aos jovens, fiz a mesma coisa aqui em Berna, mas não tenho receita mágica. Espero que meus filhos jogarão, mas a gente nunca sabe.”

Jeu de levées à 52 cartes pratiqué par quatre joueurs divisés en deux équipes de deux partenaires.

Il vient du whist, apparu au XVIème siècle et devenu très populaire, dans une version qui fut appelée bridge whist, dont l’origine étymologique viendrait du jeu russe biritch. Le jeu tel que pratiqué aujourd’hui remonte aux États-Unis des années 1920.

Il a atteint une grande popularité dans les années 1940 et est toujours joué par des millions de personnes dans le monde entier. Selon les estimations de la Ligue américaine de bridge, environ 3 millions d’Américains jouent au moins une fois par semaine.

Selon la Fédération suisse, le pays compte environ 10’000 joueurs.

La Fédération mondiale de bridge a son siège social à Lausanne (Vaud).

Les nations traditionnellement les plus fortes sont les Etats-Unis, l’Italie, la France, la Norvège, la Pologne et les Pays-Bas.

Parmi les joueurs les plus célèbres (réels et moins réels), on trouve James Bond, Warren Buffett, Bill Gates, Hercule Poirot, Winston Churchill, Chico Marx, Martina Navratilova, Buster Keaton, Omar Sharif et Snoopy (joueur de longue date, le dessinateur de BD Charles Schulz dessine parfois ses héros Snoopy, Woodstock et les amis de Woodstock en train de jouer au bridge).

Adaptação: Claudinê Gonçalves

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