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Brasileiras brilham no voleibol suíço

Kerley Becker durante uma partida pelo Asesch Pfeffingen, em 23 de dezembro de 2012 em Neuchâtel. Keystone

Gaúcha de Porto Alegre (RS), a jogadora Kerley Becker é um nome conhecido no Campeonato suíço de Voleibol. Durante as sete temporadas no Sm’Aesch/Pfeffingen ela atuou como capitã do time por duas vezes, emplacou em 2015 a maior pontuação de sua equipe e ficou em sexto lugar no Campeonato Europeu. Nada mau para uma jogadora que, segundo ela, começou "tarde": com 16 anos.

A paixão de Kerley pelo vôlei despertou apenas aos 14/15 anos, depois de ter experimentado a ginástica olímpica – “disseram que eu era muito grande e não tinha a menor chance!” e a natação – “ficar com a cabeça na água não é para mim”. Descoberta pela treinadora Helga Sasso, aos 16 anos Kerley começou a jogar pela Sogipa, um clube de Porto Alegre. “Eu não sabia nada e fui aprendendo com as outras. Sempre fui boa no bloqueio e depois de dois anos estava com um bom nível”, conta a jogadora de 1.86 cm. Aos 18 anos participou da seleção gaúcha juvenil, mas deixou o esporte de lado para fazer vestibular e entrou na Universidade. “Meu sonho não era ser atleta profissional!”

Muitas de suas amigas foram jogar vôlei e fazer o College nos Estados Unidos e a convidaram para ir também. Kerley foi e ficou cinco meses, participando da conquista do Campeonato Junior do College. Na volta ao Brasil, recomeçou a universidade, mas por pouco tempo. “O vôlei voltou à cabeça e comecei a buscar informações sobre o vôlei profissional na Europa”, lembra. Tentou na Alemanha e não deu certo. Através do contato com amigas que jogavam na Suíça entrou no Franches-Montagne, uma equipe do cantão do Jura, cujo treinador era brasileiro. Foi uma temporada ruim e ela acabou retornando ao Brasil. Apenas um ano e meio depois tentou a sorte na Suíça novamente, desta vez na parte alemã. “Deu certo no Sm’Aesch/Pfeffingen. O treinador era brasileiro e já vim com visto, contrato assinado e passagem”, relata. Mesmo depois da mudança de treinador, Kerley continuou no time.

Há dois anos o presidente da equipe, Werner Schmidt, decidiu investir e contratou o treinador Timo Lippuner, da Seleção Suíça e algumas jogadoras que também estão na seleção. A mudança deu frutos. A equipe ficou em quarto lugar no Campeonato Suíço e na última temporada chegou à segunda posição. Outro momento histórico foi a participação nas quartas de final da European Challenge Cup de Voleibol. Em 2017 a linha de trabalho deve ser a mesma e a equipe já renovou o contrato com duas das quatro brasileiras que jogaram na última temporada. Kerley permanece no time. Aliás, as jogadoras brasileiras fazem sucesso na Suíça. A Volero Zurique, campeã da última temporada, contratou duas jogadoras da Seleção Brasileira.

Conjugar o ritmo intensivo de treinamento e o estudo – a jogadora recomeçou aqui a faculdade de administração, exige disciplina, doação e sacrifício, especialmente na temporada de jogos. São treinos diários de uma hora a uma hora e meia pela manhã e à noite. “É cruel, o corpo sente muito, são muitas dores. Nem todo mundo consegue aguentar. É muito intenso, vive-se intensamente e por isso é preciso paixão!”, revela.

Hoje Kerley avalia que chegou a um nível que permitiria voltar ao Brasil e jogar numa equipe profissional. Para isso, porém, precisaria de um procurador profissional. O vôlei no Brasil tem outro peso e qualidade em relação à Europa. Chegar à seleção brasileira ou às Olimpíadas é um sonho que ela não tem, exatamente por ter começado tarde a jogar.

Aos 29 anos, a jogadora acredita que ainda não chegou a hora de parar, “mas é difícil dizer com certeza”. Antes disso talvez consiga realizar um sonho: jogar na Super Liga. No meio dessa vida agitada, ainda tem espaço para um namorado? “Tem que ser alguém que entenda e aceite a falta de tempo para estar junto, quem sabe alguém da área esportiva.” Para quem se interessa em tornar-se profissional, Kerley dá as dicas: tem que começar cedo (lá pelos 12, 13 anos) e não ter preguiça de treinar até quatro vezes por semana.

* O artigo foi inicialmente publicado na revista Linha DiretaLink externo, do Conselho Brasileiro na Suíça (CBS) e cedida para publicação na swissinfo.ch

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