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Cern começa a reproduzir “Big Bang” em miniatura

O LHC é um túnel de 27 km de comprimento na fronteira entre a Suíça e a França. Keystone

O maior acelerador de partículas do mundo entrou em serviço nesta quarta-feira em Genebra, destinado a revelar os segredos da matéria e a formação do universo.

Exatamente às 7:30 GMT, os primeiros prótons foram injetados no Grande Colisor de Hádrons (LHC), a gigantesca máquina enterrada na fronteira entre a Suíça e a França.

O maior acelerador de partículas já construído foi concluído dia 10 de setembro no Centro Europeu para Pesquisa Nuclear (CERN), trinta anos depois de sua concepção e dez anos de construção, a um custo total de 10 bilhões de dólares.

“Terminamos uma maratona com um sprint, afirmou o chefe do projeto Lyn Evans. “O caminho foi longo, mas agora podemos lançar um grande programa de pesquisa”.

O novo colisor situado entre Genebra e a França vizinha provocará rapidamente mudanças no conhecimento do universo. O objetivo é reproduzir o chamado Big Bang, teoria da orígem da expansão do universo ocorrida cerca de 13,7 bilhões de anos atrás e que continua a se expandir.

Os cientistas esperam que o experimento ajude a esclarecer questões fundamentais como a orígem da massa nas partículas. Querem conhecer também os misteriosos buracos negros – cuja massa invisível formaria 96% do universo – e pesquisar porque existe mais matéria do que antimatéria.

Prótons de hidrogênio

O LHC fará colidir dois grupos de partículas em velocidade próxima da luz, num tubo de 27 km de extensão costruído a 100 m de profundidade.

Prótons de hidrogênio serão lançados em direções opostas e submetidos a ímãs supecondutores. Eles atingirão temperaturas superiores ao do centro do sol.

“Lançar uma máquina dessas não é como um simples laboratório”, afirma o CERN num comunicado. Antes do início das experiências, houve uma longa fase de testes, por exemplo, dos 1.6000 supercondutores magnéticos.

Os dados coletados serão analisados por supercomputadores e as esperiências serão progressivas. O Cern espera aumentar a pôtência da máquina até o final do ano e trabalhar a plena capacidade, provavelmente até 2010.

No entanto, é improvável fazer imediatamente novas descobertas. “Vamos acumular dados por dois anos e depois levar um certo tempo para interpretá-los”, afirma o diretor-geral do CERN, Robert Aymar.

“Nenhum risco”

O físico Ulrich Straumann, representante da Suíça no comitê executivo do CERN, também estava ancioso para o lançamento do novo acelerador.

“Faz parte da condição humana colocar questões como de onde viemos”, afirmou a agência suíça de notícias ATS, acrescentando que altos custos do LHC eram amplamente justificáveis.

Straumann disse ainda que as experiências não representam qualquer risco, respondendo aos rumores lançados pelo bioquímico alemão Otto Rössler. Segundo o cientista alemão, a colisão de partículas poderia provocar buracos negros que “engoliriam” a Terra.

“Não há qualquer risco”, disse Straummann, acrescentando que o CERN encarava com seriedade mesmo as questões infantis.

Os recursos para construir o acelerador vieram dos 20 países-membros do CERN e de países observadores como os Estados Unidos que contribuiram com 531 milhões de dólares.

Muitos interessados no projeto tentaram obstruir a construção, como foi o caso do Congresso norte-americano em 1993, que propôs construir o supercondutor no Texas.

Mais de 9 mil cientistas trabalharão com o LHC; o maior grupo é de 1.260, dos Estados Unidos.

swissinfo com agências

O CERN – Centro Europeu de Pesquisa Nuclear – foi fundado em 1954 por 12 países, inclusive a Suíça. Atuamente, 20 países são membros do CERN.
O LHC é um túnel de 27 km de comoprimento situado na fronteira entre a Suíça e a França, a 100 m de profundidade.
Os cabos utilizados no LHC totalizam uma distância equivalente a 10 vezes a distância da Terra ao Sol.
No LHC, os prótons giram a mais de 99% da velocidade da luz. Esses prótons são extraídos do hidrogênio. Mesmo com essas velocidades, a máquina levaria um milhão de anos para « queimar » um grama de hidrogênio.
A colisão gera temperaturas que pode chegar a bilhões de graus. Em uma fração de segundo, um ponto minúsculo pode ser mais quente que uma galáxia.
Inversamente, o coração do LHC será o maior congelador do mundo; 700 mil litros de hélio líquido manterão os ímãs a –271,25 graus centígrados, temperatura mais baixa do que no espaço sideral.
Os detectores do CERN produzirão 700 mil gibabytes de dados por segundo e serão conservados para análise no que equivale a 100 mil DVD duplos por ano.

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