Perspectivas suíças em 10 idiomas

Consulado científico suíço é aberto em Xangai

Flavia Schlegel, diretora; Mauro Dell'Ambrogio, secretário de Estado, e Lan Zuo Gillet, vice-diretora.

A China está a caminho de se tornar uma potência na ciência e pesquisa. Por isso, cada vez mais universidades helvéticas procuram colocar um pé no "Império do Meio". Swissnex as apóia diretamente no "consulado" científico recém-aberto em Xangai.

Com suas dimensões continentais, a China ainda é vista pela maioria das pessoas como país de mão-de-obra barata, que se transformou na “fábrica do mundo”. Porém, o que poucos sabem, é que ela está dando passos cada vez mais avançados para se tornar uma nação do saber.

A cada ano, milhões de acadêmicos altamente especializados saem das suas universidades para o mercado de trabalho. Esse “pool” de talentos está na mira não apenas das empresas e instituições nacionais, mas também estrangeiras, entre elas, as multinacionais e universidades suíças. Para apoiá-las foi criado a Swissnex, uma espécie de “consulado” para funcionar como elo de ligação entre as instituições de ensino helvéticas e de países estratégicos onde se instala.

Nesta quinta-feira (07/08), foi inaugurada oficialmente em Xangai sua mais nova filial. Presente à cerimônia estava Mauro Dell’Ambrogio, diretor do Departamento Federal de Educação e Pesquisa da Suíça. “Nosso objetivo é viabilizar o intercâmbio acadêmico entre a Suíça e a China”, afirmou o alto funcionário aos convidados presentes, a maioria formada por empresários e membros do governo. Entre suas funções está a troca de professores, doutorandos e estudantes, além da promoção da Suíça como país de inovações. “Swissnex também fará a ligação entre as autoridades chinesas, o governo e as empresas helvéticas na China”.

Dell’Ambrogio nega que o “consulado” fará concorrência aos attachés econômicos da embaixada suíça em Pequim. Pelo contrário, ele reforça que a principal vantagem de uma agência independente é sua flexibilidade e rapidez de resposta às necessidades das universidades e empresas.

A China gasta anualmente em pesquisa e desenvolvimento pouco mais de 136 bilhões de francos (números de 2006), o que ultrapassa o orçamento de nações tecnológicas como o Japão (2006: 130 bilhões de francos). “Estou convencido de que a China ultrapassará rapidamente os Estados Unidos, onde são investidos por ano cerca de 330 bilhões de francos em pesquisa e desenvolvimento”, avalia Dell’Ambrogio. Até 2010, a China quer investir 2% do seu PIB no setor. Como comparação: na Suíça são 3%.

Parcerias

Um parceiro de primeira hora da Swissnex, não apenas na China, é a Escola Politécnica de Zurique (ETH, na sigla em alemão). Ela também está interessada em uma cooperação estreita com instituições chinesas. “Hoje em dia, as melhores universidades da China estão também entre as melhores do mundo”, afirma Gerhard Schmitt. “Já hoje, cerca de 5% dos nossos estudantes vêm desse país e também os estágios de pesquisa na China são cada vez mais procurados pelo nosso pessoal. A tendência é que isso aumente cada vez mais”. O diretor da ETH acredita que, em longo prazo, existam cada vez mais estudantes circulando entre os dois países e que também aumente o número de empresas criadas.

Jianwen Mao, chefe de pesquisa e desenvolvimento na multinacional química suíça Ciba, vê a Swissnex também como uma embaixadora e líder de opinião no contato com o governo chinês e as universidades do país. “Estamos felizes com a idéia de disponibilizar em breve orçamentos para projetos de pesquisa”, diz. No momento, as cooperações existem apenas em forma de redes de contato. Projetos concretos ainda não existem.

O quinto consulado

O consulado já opera há meio ano. A equipe de sete pessoas atuante no escritório em Xangai é chefiada pela médica suíça Flavia Schlegel. O apoio financeiro garantido pelo governo helvético para o período de 2008-2011 é de nove milhões de francos. À soma acrescentam-se também receitas originárias de parcerias concretas formadas com a indústria ou o mundo acadêmico.

Depois de Boston, São Francisco (EUA) e Singapura, Xangai é a quarta filial da Swissnex no mundo. No ano que vem, a rede será acrescida de mais um “consulado” em Bangalore, na Índia. Na discussão de outros possíveis lugares para instalação, Moscou (Rússia) e Cidade do Cabo (África do Sul) são fortes candidatos. “Por enquanto ainda não decidimos nada”, reforça Dell’Ambrogio.

O presidente da Confederação Helvética e ministro do Interior, Pascal Couchepin, atualmente em viagem oficial por vários países asiáticos, declinou sua participação na cerimônia de abertura da Swissnex devido ao mau tempo enfrentado no Vietnã durante a sua partida. Couchepin voou depois para Pequim, onde participou da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos. Depois ele irá às Filipinas.

swissinfo, Fabian Gull

O “consulado” científico aberto pela Swissnex em Xangai é o quarto do gênero em países considerados “inovadores”.

Os outros encontram-se em São Francisco, Boston (EUA) e Singapura.

Com a abertura programada para 2009 de um novo centro em Bangalore (Índia), a Swissnex passa a ter cinco.

Outros centros estão em planejamento.

Com seus 1,3 bilhões de habitantes, a China enfrenta grandes desafios, sobretudo nas áreas ambientais e de transporte (poluição atmosférica, dos rios e lagos, do lençol freático ou colapso do trânsito nas metrópoles).

O crescimento econômico dos últimos vinte anos também fez aumentar as desigualdades sociais. Enquanto milionários surgem graças ao “boom” dos investimentos, milhares de camponeses são levados à miséria como mão-de-obra barata nas regiões de produção.

Orçamento voltado para a pesquisa e o desenvolvimento na China: pouco mais de 136 bilhões de francos (1,2% do PIB nacional). Apenas os Estados Unidos têm mais dinheiro à disposição.

Objetivo até 2010: aumentar o orçamento de ciência e pesquisas para 2% do PIB e tornar o país, dessa forma, em uma potência mundial.

As universidades chinesas formam a cada ano mais de um milhão de jovens pesquisadores. Muitos saem do país e vão atuar nas instituições mais renomadas do exterior.

Desse grupo, mais de 20 mil retornaram à China em 2007. O governo espera que eles contribuam ao desenvolvimento do país.

Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch

Mostrar mais: Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch

Veja aqui uma visão geral dos debates em curso com os nossos jornalistas. Junte-se a nós!

Se quiser iniciar uma conversa sobre um tema abordado neste artigo ou se quiser comunicar erros factuais, envie-nos um e-mail para portuguese@swissinfo.ch.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR