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Suíços se preparam para votar pela internet

5,1 milhões de eleitores poderão participar das eleições de outubro, alguns até pela internet. Keystone

O governo suíço espera que a participação nas eleições legislativas federais em outubro ultrapasse 50%. Para isso, alguns cantões suíços vão testar o “e-voting”, o voto pela internet.

Mas exercer seus direitos democráticos na Suíça pode ser um quebra-cabeça que desanima qualquer eleitor. O governo pretende resolver o problema com um “guia gastronômico”.

São dezenas de listas eleitorais, centenas de candidatos e, além disso, os eleitores podem modificar as listas, adaptando-as ao seu paladar, riscando um candidato, acrescentando outro, realizando um coquetel democrático de sabor, por vezes, estranho. Decididamente, eleger os representantes pode ser um exercício difícil de digerir para os cidadãos.

Entretanto, para estimular o apetite dos eleitores, a Chancelaria Federal (governo) decidiu este ano apresentar sua tradicional brochura de informação como um guia gastronômico, ilustrando as receitas políticas dos partidos para a Suíça do futuro.

Um cardápio temperado

Os primeiros 150 mil exemplares do folheto intitulado “Um cardápio temperado para o outono” serão distribuídos nas próximas semanas nas escolas secundárias, escolas profissionais e universidades. A Chancelaria Federal lança, com isso, uma ampla campanha destinada a sensibilizar 5,1 milhões de cidadãos para esse importante evento político.

O governo prevê um custo de 15 a 20 milhões de francos. Esse dinheiro será usado para a informação on-line dos sites do parlamento, do governo, dos partidos, dos cantões e para o material de voto, bem como para a contagem dos votos. Cerca de 75 mil voluntários também serão convocados para o dia 23 de outubro, para os mais de 3200 locais de voto.

O objetivo declarado pela Chanceler Federal Corina Casanova é alcançar novamente uma participação acima de 50%, como em quase todos os países europeus. “Desde 1975 que menos da metade dos eleitores participam das eleições. Seria melhor para uma democracia direta como a nossa, que pelo menos um em cada dois suíços participassem nessas eleições”, declarou a chanceler. O voto é facultativo na Suíça.

 

Uma inversão de tendência

Mas a democracia direta, justamente, faz parte dos principais motivos citados para explicar a má vontade cívica. “Os suíços são convidados às urnas a cada três meses, em média, para plebiscitos federais, estaduais ou municipais. A possibilidade de se exprimir dessa forma sobre questões bem concretas contribui a reduzir o interesse pelas eleições que, em outros países, são o único instrumento político à disposição dos cidadãos”, explica Barbara Perriard, responsável pela seção de direitos políticos da Chancelaria Federal.

Uma taxa de participação maior do que o limiar simbólico dos 50% parece alcançável. Após um longo período de inércia política que caracterizou a segunda metade do século XX – a taxa de participação passou de 70% em 1947 para 42,5% em 1995 – as agitações eleitorais dos últimos anos têm despertado, de fato, o interesse dos cidadãos. Dessa forma, percebe-se uma inversão de tendência há um pouco mais de uma década, com uma participação que chegou a 48,9% na última eleição federal de 2007.

Voto pela internet em quatro cantões

Entre as medidas que deverão ajudar a aumentar a participação, está a introdução do voto pela internet, uma medida muito aguardada pela Quinta Suíça (os suíços que moram no exterior). Depois de vários testes realizados nos últimos anos por uma dúzia de cantões, no contexto das votações federais, o “e-voting” deve ser experimentado pela primeira vez este ano nas eleições nacionais.

Se o governo federal aprovar, quatro cantões – Argóvia, Basileia-Campo, St-Gallen e Grisões – vão oferecer a cerca de 21 mil suíços do estrangeiro a oportunidade de escolher seus candidatos on-line. O voto pela internet deve então se tornar uma realidade para todos os cidadãos e em todos os cantões, mas somente a partir das eleições federais de 2015.

“A Chancelaria Federal é muitas vezes acusada por avançar a passos de tartaruga no projeto e-voting, lançado em 2000. Mas chamo a atenção para o fato de que muitos outros países, que haviam se lançado mais rapidamente, decidiram entretanto abandonar este projeto. Hoje, apenas a Suíça, a Noruega e a Estônia estão experimentando seriamente o voto pela internet”, observa Corina Casanova.

Principais vantagens

“Estamos convencidos de que o voto pela internet será uma história de sucesso, como foi o caso do voto por correspondência dos últimos 20 anos. Hoje, em muitos cantões, como na Argóvia, mais de 90% dos votos são enviados pelo correio, enquanto que nos outros países, a mesma percentagem de cidadãos deve ainda ir até as urnas”, comenta o chanceler da Argóvia Pedro Grünenfelder.

Segundo o chanceler da Argóvia, o e-voting tem duas vantagens principais em seu estado. Por um lado, permite que todos os suíços do estrangeiro participem das eleições federais ou dos referendos. Pois hoje, dependendo do país onde vivem, os votos dos eleitores suíços acabam chegando tarde demais pelo correio. Por outro lado, o voto pela internet deve reduzir o número de votos nulos, uma vez que o programa eletrônico elimina os erros de preenchimento da cédula.

“Estou convencido de que o voto pela internet será aprovado pelos eleitores ainda mais rápido do que o voto por correspondência. No primeiro teste que realizamos na Argóvia na votação de 13 de fevereiro, mais de 50% dos cidadãos que moram no exterior utilizaram este instrumento”, afirmou.

Mais de 5,1 milhões de cidadãos suíços residentes no país ou no exterior podem participar das eleições federais de 23 de outubro.

Durante as eleições federais de 2007, a taxa de participação subiu para 48,9%. Este ano, a Chancelaria Federal quer passar o limite de 50%.

Havia 3098 candidatos na última eleição federal. Esse número deve ser maior este ano.

75 mil voluntários vão participar das operações de controle e contagem dos votos em cerca de 3200 assembleias de voto, no dia 23 de outubro.

A Chancelaria Federal prevê um orçamento de 15 a 20 milhões de francos para a eleições de outubro.

Os suíços do estrangeiro podem participar das eleições federais e referendos desde 1977.

Desde 1992, a Suíça concede aos seus cidadãos residentes no estrangeiro o direito de voto por correspondência no nível federal.

Para participar, os cidadãos no exterior devem se registrar em uma representação suíça no país de residência e no registro eleitoral de uma cidade suíça.

Desde 1992, a participação política da Quinta Suíça está aumentando constantemente. No final de 2010, 135877 suíços do estrangeiro estavam inscritos nos registros eleitorais.

Durante as últimas eleições federais, em 2007, 44 suíços do estrangeiro se candidataram, mas nenhum conseguiu se eleger.

Adaptação: Fernando Hirschy

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