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“O homem caminhando” de Giacometti bate recorde mundial

Obra do escultor suíços atingiu preço recorde em leilão. Reuters

A escultura em bronze L''homme qui marche I (O homem caminhando I), do artista suíço Alberto Giacometti, bateu o recorde mundial de preço pago até hoje por uma obra de arte.

A peça, que pertencia a um banco alemão, foi arrematada por 110 milhões de francos (US$ 104,3 milhões), em leilão realizado na quarta-feira (4/2) pela casa Sotheby’s, em Londres.

O preço quebrou o recorde anterior do quadro Garçon a La Pipe (Menino com Cachimbo), do pintor espanhol Pablo Picasso (1881-1973), arrematado por 104,2 milhões de dólares, em leilão realizado em 2004, em Nova York.

O homem caminhando I foi arrematado em apenas oito minutos por telefone, por um comprador que prefere ficar anônimo. Trata-se do maior preço já pago por uma obra de arte em leilão”, informou a Sotheby’s. O lance mínimo era de 12 milhões de libras esterlinas (US$ 19,05 milhões).

A escultura em bronze em tamanho natural (1,83 m) é considerada a principal obra de Giacometti e está estampada também na nota de 100 francos suíços. Existem seis originais da peça

Filho do pintor impressionista Giovanni Giacometti (1868–1933), Alberto Giacometti (1901-1966), filho do es esculpiu a obra em 1961.

O homem caminhando I faz parte de uma série de esculturas de bronze esbeltas feitas pelo artista suíço entre 1947 e sua morte e que representam homens e mulheres solitários (leia mais sobre o escultor e sua obra na coluna à direita e nos links acima).

Banco não queria mais a escultura

O homem caminhando I era uma das 3 mil obras da coleção de arte do Dresdner Bank e estava exposta no hall de entrada do banco em Frankfurt.

Com a fusão de maio de 2008, ela passou para o Commerzbank, que, segundo o portal Tagesanzeiger.ch, se desfez da obra “porque a figura do homem emagrecido poderia ser interpretada como símbolo da crise bancária”.

O dinheiro arrecado no leilão, porém, não será destinado ao pagamento de bônus de executivos e sim a fundações do Commerzbank (segundo maior banco alemão depois do Deutsche Bank) e a museus para projetos de restauração.

No mesmo leilão da Sotheby’s foi vendido o quadro Kirche em Cassone – Paisagem com ciprestes, do pintor austríaco Gustav Klimt (1862-1918), por US$ 43 milhões, o dobro do preço estipulado.

A pintura havia desaparecido em Viena durante a ocupação nazista da Áustria e só reapareceu décadas mais tarde. Klimt pintou o quadro em 1913, durante uma viagem com sua musa Emilie Flöge ao Lago de Garda, maior lago da Itália.

Geraldo Hoffmann, swissinfo.ch (com agências)

Alberto Giacometti nasce em Borgonovo, região de língua italiana no cantão dos Grisões, em 1901. O irmão Diego é um ano mais novo. O pai, Giovanni, pintor impressionista de renome, participou da Bienal de Veneza em 1920.

Encorajado pelo pai, Alberto prossegue seus estudos de arte em Paris, a partir de 1922. Em 1926, ele se instala no ateliê da rua Hippolyte-Maindron. Em 1929 ele entra em contato com o movimento surrealista, do qual é expulso em 1935.

Sua primeira exposição monográfica acontece em 1932. De 1935 a 1941 é a fase solitária, em que ele explora o tema ‘cabeças’, e frequenta intelectuais como Balthus, Gruber, Simone de Beauvoir e Sartre.

Ele passa o período da guerra na Suiça, onde conhece sua futura mulher, Annette. Alberto volta a Paris em setembro de 1945 – o ateliê foi conservado intacto por seu irmão Diego.

Em 1947, Annette se muda para Paris e eles se casam dois anos depois. As décadas seguintes são de várias exposições e retrospectivas internacionais. Em 1962, ele é convidado da Bienal de Veneza e ganha o Grande Prêmio de escultura.
Alberto Giacometti morre em 1966, de câncer, em um hospital em Coire. Ele é enterrado no cemitério da família em Borgonovo. A viúva Annette morre em 1993, em Paris.

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