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A história por trás da solidariedade suíça

Réfugiée syrienne avec son bébé
Refuguadas sírias perto da fronteira com o Líbano Keystone

Lançada na quinta-feira, a organização humanitária Swiss Solidarity dedicou a sua 250ª campanha de angariação de fundos para as mulheres, que são frequentemente vítimas duas vezes em caso de guerra ou catástrofe. Foi assim que a organização começou.

Em seus 73 anos de existência, o braço humanitário da Sociedade Suíça de Radiodifusão e Televisão (que inclui a swissinfo.ch) angariou CHF 1,8 bilhão para os necessitados. Tudo começou em 1946 na cidade de Lausanne, na então chamada Radio Sottens, a estação de rádio pública da Suíça francesa (hoje RTS). O radialista Roger Nordmann e o cantor Jack Rollan lançavam o “Chaîne du Bonheur” (Cadeia da Felicidade), um programa destinado a recolher doações para causas humanitárias.

Mulheres em crises esquecidas: 250ª campanha de angariação de fundosLink externo 

As pessoas que vivem num campo de refugiados na Somália, num bairro controlado por bandos em El Salvador ou sob bombardeios no Iémen são frequentemente esquecidas pelas pessoas que vivem no mundo ocidental.  E viver nesses lugares como mulher significa ser esquecida uma segunda vez, porque a maioria dos sistemas e culturas estão focados nas necessidades dos homens. Para a sua 250ª campanha de angariação de fundos, que transcorre de 12 a 19 de setembro, a Swiss Solidarity decidiu ajudar essas mulheres em dificuldades, tanto nas crises esquecidas como na Suíça, onde um terço dos donativos angariados serão distribuídos. 

Na época, grande parte da Europa estava em ruínas após a Segunda Guerra Mundial. O estabelecimento de uma “cultura de doação” suíça deveu-se em parte a um sentimento de privilégio por ter escapado à pior carnificina da História. Já em 1944, a Suíça abria os braços aos refugiados, depois de os ter rejeitado no início da guerra. É o que o historiador François Vallotton chama de “recuperação humanitária” da Suíça. 

As primeiras doações foram feitas em mercadorias. O estúdio sediado em Lausanne recebeu caixas de salsichas, colchões, sapatos, brinquedos e até charutos. A Cruz Vermelha Suíça foi escolhida como o primeiro parceiro para distribuir as doações. A ideia se espalhou para outras regiões linguísticas. A “Glückskette” começou em Basileia em 1947 e “La buona azione”, que mais tarde se tornou “Catena della Solidarietà”, nasceu em Lugano em 1948. 

Os apelos regulares via rádio pararam nos anos 50, mas a Swiss Solidarity sobreviveu e cresceu. Em 1983, passou a ser uma fundação separada, mantendo-se, ao mesmo tempo, estreitamente ligada ao serviço público suíço de radiodifusão. Hoje, os apelos de arrecadação de fundos da Swiss Solidarity são sistematicamente transmitidos pelos canais públicos, mas também por emissoras privadas.

Assim como nos seus primórdios, a Swiss Solidarity distribui as doações que recebe para ONGs humanitárias e de desenvolvimento. Atualmente são 26 e a lista das organizações colaboradoras é revista regularmente. Os projetos apoiados geralmente se concentram em ações de longo prazo, como a reconstrução pós-catástrofe, na Suíça e em todo o mundo.  

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Como a distribuição dos fundos é repartida em vários anos, a fundação investe o dinheiro em investimentos de muito baixo risco. O rendimento desses investimentos quase sempre cobre as despesas operacionais. Ao longo de seus 36 anos de existência como fundação, a Swiss Solidarity obteve um lucro acumulado de quase CHF 4 milhões. 

Em 73 anos, a Swiss Solidarity levantou CHF 1,8 bilhão, tornando-a a maior doadora de ajuda humanitária da Suíça. Agora, ela também colabora com organizações semelhantes no exterior no âmbito da Emergency Appeals AllianceLink externo, que é usada principalmente para compartilhar experiências e melhores práticas.

Adaptação: Fernando Hirschy

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SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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