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Aumentam as fraudes online em meio à crise da Covid-19

Email fake da OMS
Campanhas beneficentes falsas são apenas uma forma dos golpistas pandêmicos tentarem roubar dinheiro e informações pessoais. Este e-mail na foto não foi enviado pela Organização Mundial de Saúde. Pa Wire/pa Images

Criminosos muito criativos estão lucrando com a pandemia de Covid-19, extorquindo o dinheiro de ingênuos cidadãos online. Um site suíço dedicado a rastrear casos de fraude do coronavírus desde o seu lançamento, há um mês, registrou mais de 200 casos, a maioria deles de fraudes online relacionadas a produtos com preços exagerados ou falsos.

“A maioria dos crimes que identificamos são realizados na internet, ou seja, e-mails, sites, lojas falsas ou propagandas de máscaras, e-mails falsos oferecendo máscaras”, diz o criminologista Olivier Beaudet-Labrecque. “Na verdade, você encomenda a máscara e nunca a recebe”. O que mais vemos são coisas que têm um link para a internet e dizem respeito a produtos de higiene, como máscaras, géis, luvas, etc.”.

O site coronafraud.chLink externo foi lançado em 26 de março pelo Instituto de Combate ao Crime Econômico (ILCE)Link externo da Universidade de Ciências Aplicadas e Artes da Suíça Ocidental (HES-SO), em Neuchâtel. Os dados coletados destinam-se à pesquisa e não são repassados às autoridades.  O ponto de contato oficial para questões de segurança cibernética é o Centro de Registros e Análise para Garantia da Informação (MELANI)Link externo.

luvas e máscara
Criminosos se aproveitam do choque das pessoas com o estado extraordinário que vivemos por causa da pandemia, mirando em consumidores online. Keystone / Christian Beutler

Materiais médicos falsificados

Em 23 de abril, cerca de 163 de um total de 245 denúncias feitas no coronafraud.ch diziam respeito a produtos de higiene que não estavam em conformidade (máscara expirada, por exemplo) ou eram vendidos pelo que a vítima considerava ser um preço “abusivo”. Cerca de 21 denúncias eram relacionadas a empresas e lojas que não cumpriam as diretrizes das autoridades. O restante eram relatórios irrelevantes ou relacionados a tentativas de phishing ou sites duvidosos oferecendo soluções milagrosas e testes online para coronavírus.

Alguns dos atos mais chocantes de fraude incluem a venda de máscaras por até CHF 300 (US$ 308) por unidade e pessoas que se voluntariavam para fazer as compras para os idosos, levavam seu dinheiro sem jamais entregar a mercadoria. Os idosos, no entanto, não são necessariamente as vítimas mais prováveis deste tipo de crimes, em parte porque não são grandes usuários de internet em relação a outras faixas etárias. A maioria das vítimas tinha entre 31 e 50 anos de idade. 

“Não há um perfil específico de vítima”, observa Beaudet-Labrecque. “As artimanhas afetam todas as idades e ambos os sexos… quanto mais vulneráveis nos sentimos, mais rapidamente confiamos nas pessoas que oferecem ajuda”. 

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A grande maioria das denúncias de fraude é originária da Suíça francófona, que respondeu por 148 denúncias, contra 66 dos cantões de língua italiana e 31 das regiões de língua alemã. Beaudet-Labrecque adverte que essas tendências podem ser uma função da visibilidade do projeto em diferentes partes do país, em vez de uma maior probabilidade de ocorrência de fraudes em uma região linguística em relação à outras. 

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Cyber-camuflagem 

Alguns oportunistas estão se fazendo passar por organizações bem conhecidas na linha de frente da pandemia. Um caso notório foi um e-mail de phishing solicitando uma doação de bitcoin para a Organização Mundial da Saúde, para que ela pudesse ajudar a garantir que os trabalhadores da saúde recebessem suprimentos essenciais e que os países com “sistemas de saúde mais fracos” fossem capazes de lidar com o Covid-19. 

“Devido à incerteza geral em torno da pandemia do coronavirus, há um aumento de criminosos procurando tirar proveito da situação”, observa uma análise do banco Credit Suisse em seu site, incentivando seus clientes a permanecerem vigilantes contra golpes de gente se fazendo passar por membros do governo, esquemas de investimento relacionados aos suprimentos contra a Covid-19, doações fraudulentas e fraudadores que criam empresas de clonagem. 

A Polícia de Zurique alertou contra aplicativos falsos de mapeamento de coronavírus e fraudes na arrecadação de doações. 

A autoridade policial européia fez uma advertência semelhante, focada em medicina falsa, no final de março. Como noticiou o site de notícias Deutsche Welle na época, a polícia identificou 2.000 sites que ofereciam falsos tratamentos de coronavírus durante uma operação global de investigação com o codinome “Pandea”. Cerca de quatro milhões de pacotes de medicamentos falsificados foram apreendidos em 90 países. 

Nos Estados Unidos, o FBI emitiu um alerta para os americanos em 22 de março. “Os golpistas estão aproveitando a pandemia da COVID-19 para roubar seu dinheiro, suas informações pessoais, ou ambos”. O órgão alertou o público para ficar atento a e-mails falsos dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). 

Os fraudadores, observou o alerta, podem usar links enviados por e-mail para descarregar malware e roubar dados pessoais ou bloquear um computador e exigir pagamento de seu usuário. 

Explorando o desastre

Beaudet-Labrecque vê alguns paralelos entre a experiência suíça e o tipo de fraude cometida após um desastre natural, como um tornado que atingiu os EUA recentemente. Em ambos os casos, surgem pessoas oferecendo “ajuda”, aproveitando-se do estado vulnerável da vítima que foi atingida por uma catástrofe. 

“Estar em total estado de choque, estresse e medo cria condições muito propícias ao crime econômico”, diz o criminologista, que leciona no ILCE. 

swissinfo.ch/ets

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