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O Livro de Maurice Pianzola sobre o barroco brasileiro

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A redação de língua portuguesa da Rádio Suíça Internacional (SRI) transmitiu em novembro de 1971 uma reportagem de autoria de Luiz Amaral sobre o livro "Brasil barroco" (publicado em 1983 no Brasil pela editora Record) do jornalista suíço Maurice Pianzola.

A obra “transcende o comum” além de ter boa apresentação gráfica. O conservador do Museu de Artes e História de Genebra estima que o barroco transplantado ao Brasil se transformou “em outra coisa”. Se o desenvolvimento da Colônia fez com que fossem transportadas igrejas inteiras nos porões dos navios (ex. Conceição da Praia, em Salvador), com maior expansão da Colônia, foram construídas igrejas por arquitetos, mestres e contramestres portugueses.

A classe média, composta por artistas, artesãos, escultores, talhadores e pintores mulatos não era constituída por portugueses, “era outra coisa”. Eles criaram uma arte popular, diferente, geralmente com motivos originários da África, dos índios ou colônias chinesas. Segundo Pianzola, a mestiçagem, resultante de um grande caldeamento, se afirma em todas as manifestações da vida.

As influências do barroco brasileiro vêm principalmente dos motivos utilizados. Para cristianizar as populações locais, as igrejas popularizaram os santos com traços negros ou mulatos, introduziram motivos indígenas.

Para Pianzola, a influência direta dos mulatos, em Minas Gerais, é mais fácil de determinar, pois deixou uma “arte popular muito violenta, muito colorida”, E Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, “é o maior de todos”.

Esse arquiteto era profundamente católico e grande escultor. Ele realizou projetos de magníficas fachadas de igrejas, de um barroco recriado, mais próximo da Europa Central que de Portugal e Espanha. O santuário de Bom Jesus de Matozinhos, em Congonhas do Campo, é sua obra-prima, realça Pianzola. Obra-prima universal, mas desdenhada, como o barroco brasileiro, no século XIX. Pensou-se até em retirar de Congonhas o que se consideraram “ídolos africanos”.

O historiador explica ainda por que a Igreja atacou Aleijadinho. A começar porque, com a descoberta do ouro, tudo andou muito rápido. Ouro Preto, com 60 mil habitantes por volta de 1760, era a maior cidade do continente, maior que Nova York. Com o fim do ciclo ouro, as cidades surgidas definham, as mentalidades mudam e as igrejas e as obras são desdenhadas. Mas não se pode questionar o valor do barroco brasileiro, enfatiza.

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