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Nos anos 1970 diversos artistas brasileiros passaram pela Suíça para apresentar o seu trabalho, dentre eles, o violonista Baden Powell. O jornalista Luíz Amaral encontrou-o em dezembro de 1975 durante um concerto em Genebra. O programa foi transmitido quatro dias depois pela Rádio Suíça Internacional. 

Uma descrição do programa escrito na época.

Baden Powell realizou dois concertos na Suíça durante uma tournée europeia em 1975: no Victoria Hal, de Genebra, e na Aula Magna da Universidade de Friburgo.

O músico brasileiro que chegou com muito atraso a Genebra, depois de percorrer de carro quase 800 quilômetros, em função da grande bagagem que transporta, lembra que sua mulher Sílvia organiza toda a turnê: ele só sabe “o dia que ela começa, o dia que acaba, para onde se vai e hora que começa o show. Do roteiro e todo o resto ocupa-se sua mulher.

Sílvia diz que a 1a. turnê termina dia 24 de dezembro de 1975 em Marselha. A segunda continua na França. De abril a maio de 1976, Baden Powell realiza turnê na Alemanha.

Em Genebra, secundado por Guy Pedersen, baixista, e Coati de Oliveira, percussionista, Baden Powell ocupa-se do controle de som, ensaiando trechos de músicas e sobram-lhe apenas alguns minutos de descanso no camarim antes do espetáculo. Segue-se um trecho musical do início do espetáculo cuja primeira parte dura 40 minutos.

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Em entrevista, Jean-Pierre Brun diz ser fácil e um prazer trabalhar com um grande artista que, por outro lado, tem exigências de um grande artista. Como profissional Baden sabe respeitar o público, algo importante, diz Brun, que considera o violonista, “um dos grandes embaixadores da música brasileira, da bossa nova”, como o foram João Gilberto, Vinícius de Morais e Gilberto Gil.

Destaca que Baden é mais famoso na Alemanha e é muito conhecido no Japão, sendo, porém, completamente desconhecido nos Estados Unidos. Segue-se um trecho musical engraçado – um diálogo entre Baden e Pedersen – tocado no fim e muito aplaudido.

O entrevistado seguinte é o baiano José Barrense Dias, respeitado violonista na Suíça, que assistiu ao show. Barrense lembra-se de ter conhecido Baden quando o artista tinha 17 anos.

Diz que Baden “é um ótimo representante do folclore urbano brasileiro”, observando que ele próprio se consagra mais ao folclore e quando toca diz que seu recital é comentado em francês. Acha importante mostrar aos europeus as crenças, superstições e religião do Brasil. Afirma ter introduzido também em seus shows a poesia popular de um Manuel Bandeira, Drummond de Andrade, Ribeiro Couto, Mário de Andrade…

Daí sua preferência por pequenas salas para comunicar-se melhor. Comentando, com relutância, a evolução de Baden Powell, Barrense Dias acha que todos os artistas que se tornam vedetes param tecnicamente e deixam de criar por não terem mais tempo de estudar, acabando por tocar sempre as mesmas peças. Por isso prefere ser artesão.

Por fim, em entrevista no camarim de Baden, Sílvia nota que seu marido está abatido em consequência do cansaço de uma turnê precedente, no verão, e porque ele esteve doente. Só no Bobino de Paris ele fez 70 shows, lembra.

Indagada sobre como descobriu Baden, a carioca Sílvia diz ser “uma história muito comprida”, mas revela que o conheceu em Paris, onde moram atualmente. Não acha o marido difícil porque ama o artista e o homem. Revela também que Baden vai compor uma suíte amazonense, uma peça clássica. Baden entra na conversa para dizer que está fazendo “música para guitarra”, mas há fases em que “faz músicas para a letra”. Diz por fim que o público suíço “parece frio, mas é quente”. O show acaba com um trecho musical, solado por Baden Powell.

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Este conteúdo foi publicado em O músico baiano já morava e trabalhava na Suíça desde 1968. Como Montreux praticamente nunca programava artistas brasileiros residentes na Europa, José Barrense-Dias estava na sala do Casino para ver dois de seus ídolos, João Gilberto e Tom Jobim. Mas o fundador e diretor do Montreux Jazz FestivalLink externo, Claude Nobs, ignorava que os dois…

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