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Arte suíça ganha reconhecimento internacional

As pinturas de Ferdinand Hodler devem chegar às alturas sob o martelo do leiloeiro. Keystone

Exposições que se multiplicam e três leilões realizados em apenas uma semana na Sotheby’s, Christie’s e Koller, em Zurique, com 500 obras a serem arrematadas.

A pintura suíça está ganhando terreno no mercado internacional. No entanto, ainda existem pechinchas, dizem os especialistas.

Os leilões de quadros suíços acontecem desde do anos 1970, mas só recentemente eles começaram a exceder os limites de um mercado local e conservador.

As pinturas neo-impressionistas de Cuno Amiet e Giovanni Giacometti (o pai de Albert) e do simbolista Ferdinand Hodler alcançam agora preços que ninguém ousaria prever há cinco anos. Assim, um pequeno Amiet de 60 por 55 centímetros foi estimado pela Christie’s entre 800.000 e 1,2 milhão de francos.

“Mesmo nessa gama de preço, esses quadros ainda estão longe da cotação de obras de qualidade comparável assinadas por artistas modernos da corrente dominante. Existem ainda algumas peças requintadas a preços razoáveis”, diz Hans-Peter Keller, responsável de vendas dos quadros suíços na Christie’s.

Assim, as três casas especializadas de Zurique estão propondo esta semana obras que iniciarão os pregões por menos de 2.000 francos suíços.

Ninguém é profeta em seu país

O Kunstmuseum de Berna apresentou recentemente em Munique, na Alemanha, uma exposição dedicada à pintura suíça. Segundo o diretor Matthias Frehner, o sucesso foi retumbante. Ele atribuiu esse interesse súbito internacional pela arte suíça a dois fatores.

Primeiro, uma nova geração de historiadores da arte inspirou a redescoberta da história da pintura local, e segundo, o sucesso espetacular de artistas contemporâneos como a suíça Pipilotti Rist ou Fischli e Weiss transbordou sobre a cena artística inteira.

Matthias Frehner observou que uma das maiores coleções de arte contemporânea suíça (desde o início do século XX) pertence a Nona e Richard Barrett, um casal americano de Dallas, Texas.

“Temos tendência a esquecer que os artistas suíços quase não ficaram no país e foram muitas vezes ativos nas principais correntes de seu tempo”, diz o diretor do Kunstmuseum, citando exemplos de Amiet e Giacometti com os expressionistas alemães, de Hodler com os simbolistas e de Meret Oppenheim, que deu uma contribuição significativa para o surrealismo.

Matthias Frehner também presta homenagem a várias famílias de colecionadores suíços que reconheceram o valor dos artistas daqui e está convencido de que feiras como a “Art Basel” também ajudam a passar a mensagem, especialmente para além das fronteiras da Suíça.

“Em Munique, descobrimos que o público apreciou a descoberta e as novas perspectivas oferecidas pela arte suíça”, explica.

Maior visibilidade

É um bom momento para os artistas suíços entrarem no mercado, aconselha Hans-Peter Keller, pois, até agora, houve pouco movimento, a maior parte das obras permanecendo nas coleções. Mas o contexto está mudando rapidamente, a arte suíça se torna mais visível e está sendo mais exposta.

O fato de que, originalmente, a maioria das obras eram compradas diretamente dos artistas em seus ateliês – outra característica do cenário suíço – ajuda a determinar a proveniência, como explicou Stephanie Schleining Deschanel, chefe adjunta do departamento de arte suíça da Sotheby’s.

“Quando se compra em uma casa de leilão como a nossa, a autenticidade do trabalho tem que ser garantida”, diz. Para isso, a preparação de cada venda requer uma quantidade enorme de pesquisa.

Os catálogos online dos pregões são um bom ponto de partida para os novatos que não conhecem nada da arte suíça. Hans-Peter Keller descobriu que as apresentações temáticas atraem mais os vendedores, que ficam assim mais propensos a abrir mão de suas coleções.

A internet também ajuda a difundir a notícia para o mundo todo, transformando a pintura suíça em objeto de desejo, o que deixa Matthias Frehner bem contente. E Stephanie Schleining Deschanel nota que esses catálogos na internet tornaram o papel das casas de leilões mais transparente.

Hans-Peter Keller observou que a venda de inverno da Christie’s é inédita, já que muitos itens não têm preço de reserva, o que significa que quem fizer o lance mais alto prevalecerá mesmo se o preço for uma fração do valor estimado.

“É uma grande oportunidade para começar uma coleção”, aconselha o responsável de vendas da Christie’s.

“A alegria da minha vida”, exposição dedicada a Cuno Amiet, realizada no Kunstmuseum Bern até 15 de janeiro de 2012.

O Kunstmuseum Solothurn acolhe, até 2 de janeiro de 2012, uma exposição que traça paralelos entre Hodler e Amiet.

Ernest Bieler (1863-1948), é tema de uma grande retrospectiva apresentada na Fondation Pierre Gianadda de Matigny até 26 de fevereiro de 2012.

“Eyeball Massage” instalação de vídeo, de Pipilotti Rist, em exposição na Hayward Gallery, em Londres, até 8 de janeiro de 2012.

O trabalho de Peter Fischli e David Weiss em exposição na Tate Liverpool, no Minneapolis Walker Art Center do Centro Pompidou, em Paris, e no Hamburger Bahnhof-Museum, em Berlim.

Félix Vallotton, vai fazer parte de uma grande retrospectiva no Musée d’Orsay em Paris, em 2013.

Adaptação: Fernando Hirschy

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