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Schneider-Amman anuncia progresso em negociação com o Mercosul

Ministro Schneider-Amman visita fazenda argentina
O ministro da Economia suíço compartilhou pelo twitter diversas imagens de sua visita a uma fazenda argentina de criação de gado. Depois de diversos encontros na região, ele diz que as negociações do Mercosul com a EFTA podem já começar. Johann Schneider-Amman

Johann Schneider-Ammann completou sábado na Argentina uma jornada de seis dias que o levou a quatro países do Mercosul. O ministro da Economia visitou uma fazenda especializada na seleção de gado, realçando um dos pontos de negociação mais delicados entre as duas partes, a saber: a liberação de tarifas agro-pecuárias, principal preocupação dos produtores rurais suíços.


Fechando a viagem, o conselheiro federal viajou 180 quilômetros de Buenos Aires para a Estância, La Emma, uma fazenda que busca criar uma raça bovina adaptada às condições do aquecimento global.

A comitiva suíça, composta de representantes da política, economia, ciência e educação, bem como, pela primeira vez, da agricultura, teve uma visão geral da criação de gado e as restrições específicas a esta atividade importante para a economia da Argentina.

Na sexta-feira, Johann Schneider-Ammann encontrou-se com o ministro das Relações Exteriores da Argentina, Jorge Faurie. O estado das negociações entre o Mercosul e a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA) foi o tema central das conversações, disse domingo o Departamento de Economia. O Mercosul representa um mercado de mais de 260 milhões de consumidores.

Schneider-Amman ressaltou que a Suíça precisa de um acordo que seja equivalente ou próximo ao que o Mercosul está negociando em paralelo com a União Europeia. Isso é essencial para garantir que os produtores suíços, em particular os fornecedores do setor automotivo brasileiro, não fiquem em desvantagem em comparação com seus concorrentes europeus.

Abatedouro argentino visitado pelo ministro suíço da Economia, Johann Schneider-Amman
Gado exposto em mercado de leilões: carne de animais criados livres no pasto têm alta demanda interna e externa – mas quando falta carne para o consumo doméstico, os argentinos freiam as exportações. SRF/Ulrich Achermann

A questão da carne

Os estados sul-americanos produzem carne para o mundo inteiro, e isso preocupa os agricultores suíços, se um acordo de livre comércio for concluído.

Os cortes mais nobres estão em alta demanda no exterior. No mercado de carne de Buenos Aires, os preços por quilo de animais vivos oscilam em torno de 40 pesos, ou cerca de dois francos suíços. O valor aumentou. As razões: grande parte das pastagens estão inundadas, enquanto que no Pampa, uma seca perturba o sono dos criadores.

A melhor carne vem da província de Buenos Aires. E a província é tão grande quanto toda a França. A turbulência climática tem afetado a pecuária, conta o leiloeiro Alfonso Monasterio. Normalmente, animais com menos de 300 quilos não deveriam ser vendidos, mas agora isso é permitido – por três meses, explica Monasterio.

A carne dos animais jovens, criados livres no pasto e nunca em estábulos, é bastante procurada. Primeiramente na Argentina, onde quase 90% da produção acaba na grelha. Quando falta carne para o consumo doméstico, a prática é sacrificar a exportação.

A manipulação do mercado ordenada pelo governo anterior da presidenta Cristina Kirchner não deixou saudades para os criadores. A regulamentação de preços para o consumo interno, as taxas de exportação aliadas às cotas e proibições restritivas de mercados no exterior custaram bastante à indústria.

O volume do gado caiu de 60 milhões para menos de 50 milhões de animais. A carne argentina está em demanda em todo o mundo – mas nem sempre está disponível.


Suíça e Mercosul

Segundo o correspondente da televisão pública suíça SRF, Ulrich Achermann, o Brasil não tinha interesse em fechar qualquer acordo com a pequena EFTA – grupo composto pela Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein – enquanto surfava nos preços recordes das commodities,

Por outro lado, a EFTA é interessante para todo o Mercosul, porque talvez seja mais fácil fechar um acordo de livre comércio com estes quatro países do que com a União Europeia: depois de quase duas décadas de negociações com a UE, até hoje não se tem qualquer acordo entre as duas partes.

Dentro de um ou dois anos, deve ficar claro se um acordo de livre comércio entre o Mercosul e os países da EFTA é realista, diz o conselheiro federal Schneider Ammann. Tanto na UE como na EFTA, os sul-americanos encontram um mercado agrícola extremamente restrito.

No tocante às carnes bovina e avícola, os latinos são imbatíveis, e seu desejo é poder oferecer seus produtos no espaço EFTA com barreiras alfandegárias muito menores – ou sem barreira alguma, se possível.

Assim como a UE, os países da EFTA vêem uma abertura de seus mercados de carne com muita cautela. Discute-se a hipótese de uma cota de cerca de 2.000 toneladas de carne do Mercosul para a área EFTA a taxas preferenciais. Nessas dimensões, acredita o conselheiro federal, os pecuaristas suíços não seriam afetados,

Após as sondagens de Johann Schneider-Ammann na América do Sul, as negociações estão prestes a começar. A última palavra na Suíça é do parlamento ou, em última instância, dos eleitores por meio de um plebiscito.

swissinfo.ch/ets

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