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Empresas suíças ganham com a Copa do Mundo

A construção da Arena Fonte Nova, em Salvador, foi uma das quatro asseguradas pela Zürich Seguros. A Suíça vai jogar ali contra a França, dia 20 de junho. Ascom/Secom

Como as companhias helvéticas estão abocanhando as oportunidades que o Brasil oferece neste momento de alta visibilidade e de necessidade dramática de mais infraestrutura.

Com a Copa do Mundo e a necessidade gritante de investimentos, principalmente, em infraestrutura, o Brasil continua, mais do que nunca, no radar das empresas suíças. Várias delas estão aproveitando o momento de exposição mundial do país para fechar novos negócios.

As oportunidades estão lá. E, em muitos casos, as empresas suíças têm justamente aquilo que falta às empresas brasileiras. São equipamentos, know-how, tecnologia de ponta e qualidade garantida.

Atualmente, cerca de 300 organizações de origem suíça estão presentes em terras brasileiras. Algumas construíram uma longa história ali, como Nestlé e ABB. Outras tem investido nesse mercado apenas nos últimos anos, até mesmo em função da maior estabilidade econômica e politica do país.

No entanto, a maioria dessas empresas faz questão de ressaltar que não está ali de passagem –– apenas para aproveitar as oportunidades geradas por eventos esportivos, como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos (2016). Mas está de olho nas oportunidades de longo prazo. Portanto, os novos contratos, novas vendas e investimentos gerados com a Copa do Mundo, segundo elas, são apenas resultados dessa relação de longa duração.

Essas organizações atuam em setores bem diversificados, como construção, engenharia, segurança, finanças, alimentação e artigos de luxo. Mas têm algo em comum, além da origem suíça: têm conseguido avançar suas operações num país cuja economia, política e sistema fiscal podem representar grandes desafios. A seguir, alguns exemplos:

Seguro para a construção dos estádios

A Zurich Seguros atua no Brasil desde 1982, tornou-se o quarto maior grupo segurador do país, e é a responsável pelo seguro da construção de quatro estádios: Itaquerão, São Paulo (Estádio do Corinthians), Maracanã (Rio de Janeiro), Brasília Arena (Brasília), e Fonte Nova Arena na Bahia. Além disso, a seguradora suíça está envolvida em vários outros projetos de infraestrutura relacionados à Copa, que, de acordo com Werner Stettler, vice presidente corporativo e comercial, não podem ser detalhados em função de contratos que envolvem confidencialidade.

Segundo Stettler, a Zurich atua também em diversos projetos ligados aos Jogos Olímpicos (direta ou indiretamente), como a construção de metrôs, transporte público e saneamento básico. 

A empresa possui hoje mais de 1.300 funcionários e mais de 60 filiais e centros de atendimento (Zurich Atendimento ao Corretor ZACs) espalhados por todo o território.  Com o intuito de expandir sua presença, a empresa adquiriu em 2008 a Companhia de Seguros Minas Brasil e a Minas Brasil Vida e Previdência. Em 2011, comprou 51%  (o controle da gestão) das operações seguros de vida, previdência privada e seguros gerais do Santander no Brasil,  Argentina, México, Chile e Uruguai. “A Zurich acredita nas oportunidades que o país está oferecendo e continua a investir a fim de expandir sua presença, gerando novos empregos e contribuindo para o desenvolvimento do potencial enorme que o mercado de seguros tem no país”, afirma Stettler.

Cerca de 350 companhias de origem suíça mantém operações no Brasil. Entre elas estão ABB, Barry Callebaut, Bobst, Bühler, Clariant, Elevadores Atlas Schindler, Holcim, MSC, Nestlé, Novartis, Roche, Sika, Sulzer, Swatch, Swiss International Air Lines, Swiss Re, Syngenta, Victorinox e Zurich Seguros.

Vale lembrar que muitas usam o país como plataforma de exportação para os demais países da América Latina. Juntas, essas empresas geram cerca de 106 mil empregos diretos e faturam mais de US$ 10 bilhões anuais.

Equipamentos e segurança

Na área de construção, a Geobrugg AG, uma empresa do Grupo Brugg, é fornecedora de cabos e fundidos para os estruturas de teto do Estádio do Maracanã, além de fornecer sistemas de proteção para diversos projetos de infraestrutura ligados à Copa. O Grupo Brugg está presente no Brasil há 20 anos e a primeira instalação dos sistemas Geobrugg foi feita em 2004/2005.

De acordo com Maria Teresa Soares, gerente para o Brasil da Geobrugg, o desenvolvimento da empresa no Brasil nos últimos 10 anos tem sido consistente e gradual. “Há no país uma grande demanda por trabalhos de infraestrutura e, por causa disso, o Brasil tem sido prioridade em nossas atividades e investimentos”, afirma Soares.

Em 1999, o Grupo Kaba, com sede em Rümlang, abriu sua filial no Brasil. E desde então vem atuando no mercado de reposição de chaves, fechaduras eletrônicas para hotéis, fechaduras e sistemas online para controle de acesso em indústrias, escritórios e residências, fechaduras para cofres e ATMs, dentre outros.

A empresa não está diretamente envolvida nos grandes projetos ligados à Copa do Mundo, mas ganhou um contrato, através de sua subsidiaria Shenzhen Probuck Technologies (empresa originariamente chinesa, comprada por Kaba em 2013), para fornecer componentes do controle de acesso biométrico para as acomodações dos atletas na Vila Olímpica no Rio de Janeiro.

“Apesar de nossas vendas serem relativamente pequenas no Brasil, estamos concentrando nossos esforços neste mercado”, esclarece o departamento de comunicação da empresa. Um passo recente nesta direção foi a aquisição da companhia brasileira Task Sistemas de Comunicação  S/A, realizada em fevereiro deste ano. Segundo a equipe da Kaba, a Task tem uma base substancial de clientes  e uma rede de distribuição que será utilizada como plataforma de vendas para os produtos da Kaba no futuro.

Victorinox.ch

Mais infraestrutura

Entre os clientes da Kaba estão cerca de 1.000 hotéis que possuem seus sistemas de controle de acesso e também o Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, que passa por uma grande reforma. Alias, o Aeroporto de Guarulhos também escolheu outra empresa suíça para fornecer sistemas de bombeamento, a Sulzer.

Em dezembro de 2013, a empresa recebeu uma ordem de 75 bombas (submersíveis e horizontais) para o projeto. O aeroporto, um dos mais movimentados da América Latina, vai ter sua capacidade dobrada com a reforma atingindo uma capacidade de cerca de 60 milhões de passageiros por ano.

“Para as divisões da Sulzer Chemtech, nós temos uma expectativa de que o consumo de energia (do petróleo e gás) deverá crescer, o que levará a um aumento de investimentos nas refinarias no Brasil. Eles já estão operando com alta capacidade a fim de atender as demandas do mercado interno”, afirma Verena Gölkel, líder de comunicação do Grupo.

A Victorinox, com sede em Ibach (Cantão Schwyz), também tem novos planos e estratégia para atender melhor o mercado brasileiro. A empresa de materiais de cutelaria em inox, célebre por fabricar os canivetes suíços, possui há 20 anos uma subsidiária no Brasil.  

 

“É  a primeira vez que a Victorinox está investindo no Brasil para divulgação da marca”, informa a empresa. Para os próximos anos, a companhia está desenvolvendo produtos especiais, como uma edição limitada do reconhecido canivete suíço com imagens e design dos pontos turísticos mais famosos do país.

Além disso, a Victorinox confirma que está quase fechando uma parceria para abrir uma loja temporária (pop up store) num ponto turístico famoso do Rio de Janeiro.

Chocolate em peso

Há mais de 90 anos no Brasil, a Nestlé é um dos patrocinadores da Copa do Mundo com a marca de chocolate Garoto. Segundo a empresa, trata-se do maior investimento em marketing já realizado pela marca. O projeto inclui a Copa do Mundo 2014 e a Copa das Confederações da FIFA, realizada em 2013.

No total, são investimentos de 200 milhões de reais em ações de mídia, redes sociais e desenvolvimento de novos produtos, além do próprio patrocínio às competições. Vale lembrar que A Chocolates Garoto, localizada em Vila Velha (Espírito Santo), é a maior fábrica de chocolates da América Latina e conta com uma linha de mais de cem produtos, comercializados em todo o Brasil.

A fabricante de relógios suíça Parmigiani Fleurier é uma das patrocinadoras da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Com contrato assinado em 2011, com validade de 5 anos, a empresa já lançou neste período uma coleção exclusiva inspirada no futebol brasileiro, a CBF Collection.

Para a Copa do Mundo, a Parmigiani Fleurier preparou um programa de hospitalidade para aproximadamente 500 pessoas. São convidados da marca, provenientes da Europa, Ásia, Oriente Médio e continente americano para assistir aos jogos e se divertir. O programa cobre 7 cidades e 32 partidas e oferece aos convidados estadia de 5 a 7 dias incluindo duas partidas em duas cidades diferentes.

A empresa inaugurou escritório e boutique em São Paulo no segundo semestre de 2013. “Somos torcedores fervorosos do crescimento do Brasil no futuro e, portanto, temos implementado uma estratégia completa para entrar nesse mercado”, informa a companhia.

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