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Breve histórico da Declaração de Berna

Florence Gerber é uma das ativistas da ONG suíçã. swissinfo.ch

Tudo começa em 1968, em Berna, quando um grupo personalidades progressistas pede aumento da ajuda suíça ao desenvolvimento e relações mais justas do país com o Sul.

Nascia, então, a Declaração de Berna. Algumas de suas iniciativas.

Nos anos 1969-1970, graças a ampla campanha de informação são coletadas 10 mil assinaturas de pessoas que se comprometem a doar de 1 a 3% de suas rendas para a ajuda ao desenvolvimento. As bases políticas do movimento são lançadas, então, numa espécie de manifesto – chamado de “texto fundador” – que traça um diagnóstico do Planeta, propondo remédios aplicáveis à Suíça.

Entre os vários itens do documento, critica-se por exemplo, “a ambigüidade das trocas”, realçando que as mercadorias procedentes dos paises em desenvolvimento “deveriam ser pagas por preço justo, e o trabalho que ali se realiza ser melhor retribuído”.

Entre as sugestões – por vezes um tanto utópicas – a de um “instituto nacional para os problemas do Terceiro Mundo” (expressão em desuso). A entidade serviria para estudar tais problemas e coordenar esforços e informar o público na busca de soluções.

Na seqüência nascia em Berna a “Associação Suíça para um Desenvolvimento Solidário”, com secretariados em Berna, Zurique e Lausanne.

Iniciativas de 1971 a 1980

Logo DB coloca na berlinda a política colonial de Portugal. Na época uma política já quase agonizante.

Merecem destaque também as primeiras iniciativas destinadas à criação dos
“Armazéns do Mundo”, para venda de produtos dos países em desenvolvimento, e, particularmente, a publicação do documento Nestlé Mata Bêbês (condenando o abuso na comercialização do leite em pó em prejuízo do leite materno). Essa denúncia resulta em clamoroso processo na Suíça.

Ruidosa também é a campanha contra a concessão de credencial de diplomata na Suíça a Nathaniel Davis, ex-embaixador dos Estados Unidos no Chile quando ocorreu o golpe de Estado contra Salvador Allende. Para não falar de uma outra mobilização que também repercutiu no país: a de respaldo a Campanhas de apoio a referendo contra crédito de 200 milhões de francos a IDA – International Development Agency.

Não passam também despercebidos a publicação de “Segredos do Sigilo Bancário” e início da campanha intitulada “A Fome é um Escândalo”.

DB denuncia igualmente a Fundação Ludwig, em Zurique, eixo do projeto agroindustrial JARI no Brasil.

Iniciativas de 1981 a 1990

A marca da luta de Declaração de Berna pelos interesses do Terceiro Mundo aparece também com a publicação de Pesticidas sem Fronteiras, campanha contra o Galecron, pesticida cancerígeno da Ciba-Geigy que a empresa acaba retirando do mercado.

No mesmo período lança a petição “Para que a fome não seja o preço do endividamento” e uma outra destinada a promover um comércio eqüitativo com o Terceiro Mundo.

A associação participa da campanha “O Desendividamento uma Questão de Subsistência” e publica um dossiê sobre as Filipinas e a fortuna de Ferdinand Marcos bloqueada na Suíça.

De 1991 a 2000

Nova campanha, desta vez “Por uma Suíça sem Capitais em Fuga”. E realização de uma exposição sobre meio ambiente : O Planeta não está à venda.

No mesmo período é elaborada e apresentada em Madri uma “plataforma” européia por ocasião do cinqüentenário do FMI e do Banco Mundial, com a publicação de um dossiê especial de SOLIDARIEDADE sobre o assunto.

Segue-se um empenho da DB pela cancelamento das dívidas de certos países em desenvolvimento com o FMI e o Banco Mundial.

Vale assinalar ainda: a criação do “Fórum normas sociais e comércio internacional”, a campanha sobre “A barragem Três Gargantas, a barragem do exagero” e o engajamento em Seattle contra o novo ciclo de negociações na Organização Mundial do Comércio.

De 2001 a 2005

A DB, com os sindicatos e ATTAC suíço, lança a campanha “Não à liquidação dos serviços públicos”. Mobiliza-se também contra o pesticida Paraquat de Syngenta.

E entre várias outras iniciativas merece ser ressaltada a campanha intitulada
“Evasão fiscal, o fim do silêncio”, para não falar daquela que denunciou o tráfico ilícito de bens culturais, conseguindo reforço da lei que pelo menos diminui a circulação ilegal de objetos que fazem parte do patrimônio e identidade dos países do Sul.

Mas a luta da Declaração de Berna continua. Sempre na perspectiva de agir na Suíça por um mundo mais justo.

(Veja histórico mais detalhado no site ao lado).

swissinfo, J.Gabriel Barbosa

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