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Caritas suíça continua ajudando Região Serrana do RJ

Parlamentares estaduais avaliam os estragos em Nova Friburgo em 14 de março de 2011. swissinfo.ch

Dois meses após a tragédia que provocou a morte de pelo menos 900 pessoas em Nova Friburgo e outros seis municípios da Região Serrana do Rio de Janeiro em consequência das chuvas torrenciais do início do ano, o trabalho de atendimento aos desabrigados continua.

Uma das principais articuladoras dessa ajuda, a Caritas brasileira se desdobra para levar alimentos, roupas e remédios aos 73 abrigos ainda em funcionamento na região, mas já se prepara para a segunda fase do trabalho junto aos habitantes, que será de estímulo à retomada da vida normal em bases seguras e ambientalmente sustentáveis.

Na segunda fase do atendimento aos sobreviventes da tragédia, assim como ocorreu na primeira, a Caritas suíça deverá atuar como parceira fundamental de sua similar brasileira. Com essa expectativa, o assessor para Emergências da Caritas no Brasil, José Magalhães de Sousa, enviará no início de abril à Suíça um informe especial no qual estarão apontadas sugestões para novas parcerias.

“Nossa parceria com a Caritas suíça é antiga e motivo de grande alegria. Na tragédia da Região Serrana, a ajuda suíça foi de grande importância nesse primeiro momento emergencial, quando foi necessário dar atendimento imediato às vítimas das localidades mais atingidas. Logo partiremos para uma nova etapa desse atendimento, vamos nos concentrar no desenvolvimento solidário, no desenvolvimento de práticas sustentáveis. Contamos com a ajuda das irmãs e irmãos suíços também nesse segundo momento”, diz Magalhães.

As diretrizes da segunda etapa de trabalho na Região Serrana serão discutidas durante um seminário que reunirá as dioceses do Rio de Janeiro, de Nova Friburgo e de Petrópolis no dia 4 de abril. A elaboração do informe que será enviado à Suíça acontecerá logo após o seminário: “Vamos discutir formas de auxiliar as pessoas no sentido do desenvolvimento sustentável e da ocupação segura do solo. Queremos também monitorar as políticas públicas que serão aplicadas”, explica Magalhães.

O assessor para Emergências da Caritas brasileira afirma que a experiência suíça no atendimento social pode ser útil, sobretudo, em Nova Friburgo, cidade fundada por migrantes suíços no século XIX: “Ao contrário dos outros municípios, onde os desgastes aconteceram mais em área rural, em Nova Friburgo os desgastes foram mais urbanos. A vida urbana é mais agitada e é difícil ficar no abrigo. Daí, é preciso encontrar soluções mais rápidas”, diz.

Aluguel social

Por enquanto, para cerca de 6,5 mil famílias vitimadas pelas chuvas de janeiro _ setecentas delas ainda alojadas em abrigos _ a solução até agora, paliativa, se dá na forma do aluguel social pago pelo Governo do Rio de Janeiro. Segundo a Secretaria Estadual de Assistência Social, começa em 18 de março o pagamento da segunda parcela do benefício, no valor de R$ 500,00.

“O valor do aluguel social é insuficiente. A maioria das pessoas que o recebe não consegue moradia e acabo tendo de ficar em casa de parentes. Aqueles que não têm essa possibilidade continuam até agora nos abrigos”, lamenta Magalhães.

A impressão é confirmada pela dona de casa Ivete Bem vindo, ainda alojada em um abrigo de Nova Friburgo: “Esse aluguel social não dá para nada. Além disso, infelizmente algumas pessoas querem se aproveitar da desgraça dos outros. Desde que começou essa história de aluguel social, o valor dos aluguéis aumentou”, denunciou, em reportagem veiculada pela TV Bandeirantes.

Resgate econômico

Autoridades e empresários ligados à Região Serrana do Rio de Janeiro já discutem um plano de recuperação econômica e resgate da atividade turística local. Um calendário de eventos também está sendo elaborado e foi decidido, por exemplo, que na semana do aniversário de Nova Friburgo, comemorado no dia 16 de maio, será realizada uma série de comemorações para marcar o “renascimento” da cidade.

O plano de resgate passa também por um calendário de reuniões entre autoridades públicas e empresários que têm como objetivo traçar as linhas gerais para uma nova política de ocupação do solo nas sete cidades atingidas pelas enxurradas de janeiro (Petrópolis, Teresópolis, Sumidouro, Areal, Bom Jardim e São José do Vale do Rio Preto, além de Nova Friburgo).

Apesar de ainda não ter sido confirmada oficialmente pelo governo estadual, a primeira reunião como essa a se realizar em Nova Friburgo acontecerá até o meio do ano. A presença suíça é certa: “Estaremos lá, sem dúvida, para discutir a melhor forma de ajudar a cidade nesse momento tão importante”, afirma o cônsul-geral da Suíça no Rio, Hans-Ulrich Tanner. Também é provável a presença de dirigentes de empresas que compõem a Swisscam (Câmara de Comércio Brasil-Suíça) na reunião em Nova Friburgo.

Esquecimento

Enquanto se discute o futuro da região, a Caritas brasileira continua seu trabalho diário de atendimento social às vítimas da tragédia. O momento é de administrar as doações de acordo com as necessidades mais imediatas de quem precisa: “Conseguimos 300 toneladas de alimentos, agora o mais importante é material de limpeza e material de higiene pessoal”, avalia José Magalhães.

A missão da Caritas, diz Magalhães, é permanecer ao lado dos necessitados: “O tempo vai passando, a mídia vai deixando de dar tanta atenção ao fato e outras tragédias, como essa do Japão, acontecem. Isso faz com que as doações e a ajuda voluntária comecem a cair, que as vítimas comecem a cair no esquecimento. É nessa hora que a Caritas tem que entrar em cena”.

Em parceria com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Cáritas brasileira está promovendo a campanha SOS Sudeste, que tem o objetivo de arrecadar recursos para as vítimas das chuvas, inundações e deslizamentos de terra que atingem essa região do Brasil. Até o fim de fevereiro, a campanha já havia conseguido arrecadar, por meio de depósitos recebidos no Banco do Brasil e na Caixa Econômica Federal, cerca de R$ 700 mil.

Logo após a tragédia que se abateu sobre a Região Serrana do Rio de Janeiro, a Cáritas suíça fez uma doação de cinqüenta mil francos suíços à Cáritas brasileira. Os recursos foram utilizados na compra de alimentos e outros gêneros de primeira necessidade. Outras seções européias da Cáritas a enviarem dinheiro ao Brasil foram a alemã (cinqüenta mil euros), a portuguesa (idem), a espanhola (cem mil euros) e a italiana (valor não divulgado).

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