Circo oferece reboque para hospedagem de famílias

O reboque do circo Monti pode ser alugado por uma semana.

Muitos turistas desistem de vir à Suíça por temer os preços elevados. Poucos sabem que existem também alternativas baratas e aventureiras.

Uma delas é a hospedagem em um verdadeiro reboque de circo, incluindo montagem e desmontagem da lona. Outra é o pernoite em tonel de vinho. Reportagem swissinfo.ch

Quem quiser conhecer a Suíça não precisa necessariamente se hospedar em um hotel cinco estrelas. Uma alternativa interessante são os abrigos “exóticos” surgidos nos últimos anos. Apesar de não oferecer luxo, eles garantem uma experiência inesquecível para os turistas.

Um deles é o Circo Monti. Criado em 1985 pelo suíço Guido Muntwyler, mais conhecido pelo codinome “Palhaço Monti”, hoje ele é dirigido pelo seu filho, Johannes Muntwyler. Durante oito meses por ano o circo percorre toda a Suíça para exibir seu espetáculo, a cada ano um tema diferente.

Em 2009 o tema é “Grand Hotel Monti”. Para isso, os palhaços se transformaram em recepcionistas e mordomos, dentre outros. Juntos, os artistas contam a história de um hotel que perdeu quatro das cinco estrelas e faz tudo para recuperá-las. No total, sessenta pessoas trabalham no circo. A permanência média nas cidades e vilarejos é de três dias. “Depois todos ajudam a desmontar a lona e levar tudo para o outro lugar. É um grande trabalho de logística transportar todos os reboques e o resto do material”, explica Stefan Gfeller, responsável pela mídia.

E como um circo não pode viver só de espetáculos, o Monti criou uma oferta única para famílias: “Férias no circo”. O programa compreende uma semana de hospedagem em um dos reboques do circo, um trailer clássico comprado em 1996, com 11,5 metros de comprimento e 2,5 metros de largura. Sua capacidade é de abrigar até seis pessoas nos dois quartos de dormir, sala, cozinha e banheiros sobre rodas.

Um sucesso

A idéia se tornou um sucesso. “Até as férias escolares de 2010 está tudo reservado”, revela Gfeller. Isso apesar do preço relativamente salgado: a hospedagem, sempre uma semana completa, custa 2.500 francos (US$ 2.340). Em troca os turistas recebem eletricidade, água, gás, transporte do reboque e também entrada gratuita em todos os espetáculos.

Porém a principal atração é a própria vida no circo. “Não é obrigatório, mas nossos hóspedes podem participar também dos trabalhos de armar e desarmar o circo. Às vezes são até três operações de mudança por semana. Além disso, eles estão sempre nos bastidores dos espetáculos e muitas vezes fazem até amizade com os artistas”, acrescenta o assessor de imprensa.

Stefan conta que algumas famílias se transformaram em verdadeiras “apaixonadas” pela vida de um circo. “Temos um piloto suíço – hoje ele trabalha no Qatar – que já veio duas vezes com a sua família se hospedar conosco”. Enquanto explica, o jovem bernês mostra uma das principais atrações do Circo Monti para as crianças: os animais. “São bodes, gansos, porquinhos-da-índia, coelhos, galinhas e até dois burros, que estão conosco desde o começo do circo”, acrescenta, lembrando que alguns dos bichos podem também ser adestrados.

Outros hotéis “exóticos”

Além do Circo Monti, outras formas diferentes de se hospedar na Suíça foram listadas pelo caderno de turismo do jornal Sonntagszeitung. Os links estão na coluna da direita.

Dormir em um barril de vinho: criado por um produtor de vinho de Trasadingen, um vilarejo do cantão de Schaffhausen (leste da Suíça) para abrigar os clientes que já haviam provado o quinto ou sexto copo, o hotel foi construído dentro de quatro barricas de vinho com capacidade para 16 mil litros. As instalações sanitárias ficam em uma área externa.

Dormir em uma prensa de vinho: o hotel Arkanum em Salgesch, vilarejo do cantão do Valais (sudoeste da Suíça), oferece pernoites em uma antiga prensa de vinho. Onde antes eram esmagadas as uvas, agora fica a cama. O forro é a placa da prensa.

Dormir em um vagão de trem: o Hotel Le Grand Toit em Eschert, no cantão de Berna (centro da Suíça) reformou um vagão dos anos 1930 para transformá-lo em um confortável quarto, incluindo banheira de luxo.

Dormir na plantação: o hotel tem o curioso nome de “Água e Pão” e oferece pernoites em cima da plantação de trigo ou cevada. O gerente garante o melhor sistema de ar condicionado do mundo na construção de madeira, da qual a metade não está coberta.

Dormir em um antigo depósito de minério de ferro: em Herznach, vilarejo do cantão da Argóvia, turistas podem dormir em um antigo silo. Quatro quartos são oferecidos a preços módicos no alto. Um passeio nos vagões da antiga mina também está incluído no programa.

Dormir à luz de velas: a maior parte dos abrigos de montanha já dispõe de conforto como água corrente e eletricidade. Porém o Hotel Obersteinberg procura um caminho diferente: lá os hóspedes ganham apenas velas e lâmpadas de petróleo para se orientar na noite.

Dormir em uma barraca mongol: em Rochers-de-Naye, vilarejo de onde avista o lago de Genebra, existe um acampamento com sete barracas mongóis, também conhecidas pelo nome de “ger”. Essas grandes estruturas de madeira, com parede raramente ultrapassando a altura de um homem e teto ligeiramente abobadado, possuem apenas um cômodo, sendo coberta por feltro ou lã. Instaladas a 2.045 metros de altitude, os clientes não precisam ter medo: elas têm aquecimento.

Alexander Thoele, swissinfo.ch

Detalhes

O reboque-hotel do Circo Monti pode ser alugado durante a tournée, de março a outubro.
A permanência é de uma semana completa, indo de sábado a sábado.
Por 2.500 francos estão incluídos também a eletricidade, água, gás, transporte do reboque e entrada gratuita para todos os programas do circo.
O vagão contém:

– sala de estar com cadeiras
– dois quartos de dormir com seis camas
– cozinha com fogão à gás, micro-ondas, geladeira e pia
– banheiro com ducha e latrina

Os contatos podem ser feitos por e-mail: [e-mail]
ou telefone: 0041 – 79 – 663 74 32