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Museu suíço deve restituir obras espoliadas por nazistas

O "Kunstmuseum Bern" está na mira dos herdeiros dos judeus espoliados pelo nazismo. Keystone

O Museu de Belas Artes de Berna anunciou, em Berlim, sua decisão de aceitar o legado da controversa coleção Gurlitt, estimada em vários milhões de francos. Uma questão delicada, com ramificações internacionais.

O secretário de justiça da Baviera, Wilfried Bausback, em declaração ao jornal “Münchner Merkur” dessa segunda-feira, 24 de novembro, chama de “bem-sucedido” o acordo alcançado sobre a controversa coleção Gurlitt.

De acordo com o jornal alemão, o Museu de Belas Artes de Berna (Kunstmuseum Bern) concordou em assumir a herança deixada por Cornelius Gurlitt, filho de um dos principais marchands alemães do período da Segunda Guerra, avaliada em vários milhões.

“Estou muito aliviado em ver que este caso está definitivamente no caminho certo; o interesse internacional foi incrível”, acrescentou Bausback. O museu suíço anunciou a decisão oficialmente em Berlim nesta segunda-feira.

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A coleção foi formada por Hildebrand Gurlitt, negociante de arte durante o regime nazista. Cornelius Gurlitt, seu filho, estava no centro de um debate sobre as obras de arte roubadas pelos nazistas. Ele morreu no dia 6 de maio, em Munique, e designou o Museu de Belas Artes de Berna como único legatário.

A coleção inclui cerca de 1.600 pinturas, desenhos e gravuras. É provável que contenha obras de arte roubadas e saqueadas, vendidas muito abaixo do seu valor real por seus proprietários em dificuldades durante a Segunda Guerra Mundial.

Aviso do Congresso Judaico Mundial

Aceitando a herança, o museu da capital suíça deve cumprir os princípios da Declaração de Washington, como anunciado pelo diretor da instituição, Matthias Frehner. Esta prevê a identificação e a restituição das obras roubadas aos possíveis herdeiros.

O presidente do Congresso Mundial Judaico (WJC, siglas em inglês) alertou há algumas semanas o museu de Berna que “uma avalanche de processos” iria cair sobre a instituição se a herança fosse aceita.

Por sua vez, Herbert Winter, presidente da comunidade judaica suíça, afirmou que seria mais sensato que Berna aceitasse a coleção.

O caso pode ainda vir a mudar depois que o advogado da prima do colecionador alemão anunciou na sexta-feira ter reivindicado o direito à herança perante o tribunal competente na matéria.

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