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Suíça vs Argentina: vencida no 118° minuto

Schweiz Argentinien
Jogadores da Argentina comemoram o gol que lhes garantiu a vaga nas quartas de final. AFP

Com um gol do atacante Di Maria aos 12 minutos da prorrogação, a Argentina venceu a Suíça por 1 a 0 na partida disputada na Arena Corinthians, em São Paulo. A imprensa suíça se divide entre a decepção amarga e o sentimento de orgulho pela boa atuação da equipe nacional.

A Suíça se despede da Copa do Mundo e a imprensa nacional chora. Essa partida épica para o futebol helvético é retratada nas colunas do Basler Zeitung com bastante dramatismo: “Na Arena Corinthians, em São Paulo, os torcedores da Suíça gritavam sem parar. Ottmar Hitzfeld cobria o rosto com as mãos. Blerim Dzemaili (jogador) teria preferido se afundar no campo. E longe disso, entre Genebra e St. Gallen, é um imenso choro coletivo de decepção que percorre todo o país.”

Por seu lado, o Neue Zürcher Zeitung (NZZ) estima que a imprevisibilidade foi o principal marco da seleção suíça nessa Copa do Mundo. “Ela foi capaz de perder de 5 a 2 contra a França antes de ter a chance de se qualificar para as quartas de final. Como uma Fênix que renasce das cinzas, ela ainda consegue na trave depois de ter levado um gol tardio da Argentina”. O comentarista também considera que a equipe deu o que havia prometido de si mesmo: “Depois dos três jogos da classificação, ela queria continuar na disputa e mostrar que amadureceu em uma verdadeira unidade, capaz também de mostrar um grande futebol e ter chances concretas de chegar as quartas de final. Ela conseguiu fazê-lo, com um ótimo primeiro tempo.”

O jornal Tagesanzeiger dá o clima de luto da equipe suíça ao descrever como ela abandonou o campo da Arena Corinthians. “Gökhan Inler passou rápido, com os olhos cheios de lágrimas. Fabian Schär passou também. Blerim Dzemaili também teria partido sem falar uma palavra. Todavia ele para frente aos jornalistas no pé do estádio e diz: “Impressionante! Mas que azar!”, e depois continua a andar até a garagem subterrânea, onde está esperando o ônibus da equipe.

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A seleção suíça mais cara da história

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Críticas ao treinador

O técnico Ottmar Hitzfeld, que não deixou de se concentrar no seu trabalho até o último minuto mesmo depois de receber a notícia do falecimento do irmão algumas horas antes do início da partida, foi criticado pela imprensa. “Ele não conseguiu obter com a equipe nacional o sucesso que estávamos esperando. Sob sua liderança, a Suíça não fez mais do que alcançar os objetivos mínimos. Ela raramente apresentou um jogo emocionante. Sua última partida da Copa não entrará para o registro pela qualidade do futebol, mas muito mais pelo fato de ter sido uma batalha feroz, com um desfecho tardio”, escreve o Der Bund.

Ao anunciar sua aposentadoria, Hitzfeld deixa um sentimento difuso para alguns editorialistas. “Seguramente ele conseguiu fazer da Suíça uma equipe capaz de disputar um jogo com qualquer adversário. Mas será que ele explorou completamente seu potencial?”, escreve o L’Express de Neuchâtel.

“Heroico, cruel, desesperador”, diz o Le Matin, que acompanhou a seleção suíça por todos os estados de espírito dessa terça-feira fatídica. “Dois minutos ou dois centímetros, foi o que faltou ontem à equipe suíça para manter seu sonho de glória até o fim dos pênaltis”, diz o diário de língua francesa.

“Maravilhosamente solidária, a Suíça fracassa na trave”, diz a primeira página do 24 Heures. O adjetivo “heroico” também aparece no título do Tribune de Genève. O jornal de Genebra fala de uma “novela de maior sucesso” para descrever a epopeia 2014 da seleção vermelha e branca. “Um romance efêmero, talvez, mas provavelmente uma aventura indispensável para o futuro”, diz.

O editor do Tribune de Genève questiona o balanço final do técnico Ottmar Hitzfeld na sua edição de hoje. “Se olharmos mais de perto, em um mundo feroz que sempre coloca o resultado na frente, o técnico mais caro da história suíça não fez melhor do que Roy Hodgson (1994) e Kuhn (2006)”.

Já para o gratuito 20 Minutes, “A Suíça deixa o Mundial pela porta da frente com as malas cheias de arrependimentos”. O jornal de maior tiragem da Suíça lamenta o “rio de lágrimas no final do suspense”, para definir a emoção que imobilizou milhões de suíços na noite de ontem, e conclui dizendo que a seleção suíça “encarou a Argentina de Messi olho no olho”.

Mas para o jornal La Liberté, a partida consagrou mais uma vez o grande artilheiro dessa Copa: “O ‘selfie’ já é o maior artilheiro do Mundial”, diz o jornal do cantão de Friburgo que estampa um torcedor argentino tirando sua foto com a língua de fora enquanto a Albiceleste perde o fôlego, e muitas chances de gol, no campo.

A torcida de 63.255 pessoas foi uma atração e estava dividida na Arena Corinthians. Havia muitos argentinos, mas seus gritos tradicionais eram logo abafados por vaias de brasileiros, que eram maioria no estádio.

Os brasileiros ainda provocavam gritando “pentacampeão” e “olé” quando os suíços pegavam na bola. Com Pelé na tribuna, os argentinos rebatiam cantando que “Maradona é melhor do que Pelé”.

O jogo começou com a Argentina assumindo o controle do jogo, mas quem finalizou primeiro foi a Suíça, aos 9 minutos, quando Gokhan Inler chutou por cima do travessão de fora da área. A primeira boa chance argentina veio só aos 25 minutos, em um cabeceio de Higuaín para fora depois de cobrança de falta de Messi.

Mas a melhor oportunidade do primeiro tempo aconteceu três minutos depois, quando Shaqiri fez ótima jogada pela direita e passou para Drmic chutar da marca do pênalti. O goleiro argentino Romero salvou com uma defesa com os pés. A Argentina respondeu em seguida com um chute de Lavezzi de dentro da área pela direita, que parou no goleiro Benaglio, e com um cruzamento perigoso que ninguém apareceu para cabecear. Aos 39 minutos, a Suíça teve outra chance em um lançamento longo para Drmic, que tentou encobrir o goleiro suíço, mas tocou muito fraco e Romero ficou com a bola.

No segundo tempo, Drmic voltou a ter chance clara logo aos 5 minutos ao receber passe de Shaqiri, o mais habilidoso da Suíça, mas chutou para fora. Os argentinos responderam com um chute de Rojo pela esquerda, bem defendido pelo goleiro suíço, que desviou também um bom cabeceio de Higuaín para escanteio aos 17 minutos. Messi foi quem assustou o goleiro aos 22, com um chute da entrada da área que passou rente ao travessão.

Dez minutos depois, o camisa 10 da Argentina driblou pela esquerda e, já dentro da área, chutou, mas Benaglio fez mais uma defesa. A equipe sul-americana pressionou pelo gol até o final, mas não conseguiu marcar, e a partida foi para a prorrogação, que começou com os gritos de apoio da torcida argentina ao seu time. Mas, à medida que o tempo passava, a Argentina não conseguia criar e a Suíça tentava o contra-ataque, e eram os brasileiros que se divertiam, com o “olé”.

No segundo tempo da prorrogação, Di María acertou um bom chute no ângulo, mas o goleiro suíço espalmou. Pouco depois, ele mesmo empurrou a bola para as redes após jogada de Messi, fazendo torcida argentina rir no final, mas sem antes sofrer com uma bola na trave acertada por Dzemaili. (Fonte: Reuters).

Ficha técnica

Argentina 1 x 0 Suíça. Público: 63.255

Data/hora: 1/7/2014, às 13h. Estádio: Arena Corinthians, São Paulo (SP)

Árbitro: Jonas Eriksson (SWE). Auxiliares: Mathias Klasenius (SUE) e Daniel Warnmark (SUE)

Cartões amarelos: Xhaka e Fernandes (SUI); Rojo, Di María e Garay (ARG). Gol: Di María, aos 12’/2°T da prorrogação

Seleção da Argentina: Romero, Zabaleta, Garay, Fede Fernández e Rojo (Basanta, aos 15’/1°T da prorrogação); Mascherano, Gago (Biglia, intervalo da prorrogação) e Di María; Lavezzi (Palacio, 28’/2°T), Messi e Higuaín. Técnico: Alejandro Sabella.

Seleção da Suíça: Benaglio, Lichtsteiner, Djourou, Schär e Ricardo Rodriguez; Behrami, Inler, Xhaka (Fernandes, aos 20’/2°T), Mehmedi (Dzemaili, aos 7’/2°T da prorrogação) e Shaqiri; Drmic (Seferovic, aos 36’/2°T). Técnico: Ottmar Hitzfeld.


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