La Traviata é encenada na estação ferroviária de Zurique

A apresentadora Sandra Studer (esq.), com o cantor Vittorio Grigolo e a soprano Eva Mei, na estação de Zurique. SF/Markus Bertschi

A Televisão Suíça (SF) encena "La Traviata", de Giuseppe Verdi, uma das óperas mais populares do mundo, entre os trilhos, cafés, quiosques da agitada estação ferroviária central de Zurique.

A intenção é fundir a realidade do cotidiano com a grande arte. O portal swissinfo transmite o espetáculo ao vivo (em live streaming) via internet.

A idéia surgiu num encontro entre a diretora da SF, Ingrid Deltenre, e o presidente da Companhia Ferroviária Suíça (CFF, na sigla em francês), Andreas Meyer, disse à swissinfo Willi Bühler, encarregado do marketing da estação de trens.

A estação como palco de ópera

“A estação transforma-se, ao mesmo tempo, em palco de ópera e estúdio de televisão – e naturalmente tem de continuar funcionando como estação ferroviária. Os telespectador encontram-se na primeira fileira”, explica o produtor Christian Eggenberger.

A idéia, porém, não é nova. Para Adrian Marthaler, diretor da La Traviata na estação de Zurique e ex-chefe do departamento de cultura da SF1, a BBC já realizou um espetáculo semelhante com a ópera de Verdi na estação de Paddington, em Londres.

A CFF pretende mostrar aos seus clientes que um evento desse porte é viável, sem interferência dos passantes, na maior estação ferroviária da Suíça, por onde diariamente circulam 300 mil pessoas.

A representação da ópera não prejudica o funcionamento da estação, diz Bühler. Mesmo assim, a pergunta é se esse é o cenário ideal para La Traviata. “Não há cenário melhor”, garante ele.

“É uma idéia fantástica”, diz uma passante à swissinfo. “Não sou fã de ópera, mas acho maravilhoso. Vou reservar um tempinho para escutar um pouco.”

Bem diferente é a opinião de um homem mais idoso. “Uma idéia besta, o dia-a-dia na estação já é suficientemente agitado, e agora ainda essa encenação da ópera.”

Uma senhora xinga. “Assim, a ópera vai para o brejo. A Traviata não cabe numa estação ferroviária, o lugar dela é numa sala de ópera.”

Ópera como evento

Com o megaevento, o chefe do departamento de cultura da SF1, Thomas Beck, quer entusiasmar muitos telespectadores pela ópera. “A estação transforma-se num local poético – cotidiano e arte se fundem”, diz.

Para ele, a estação central de Zurique não só é o centro da maior cidade do país, como também “o coração do sistema de transportes de toda a Suíça. A ópera cai como um meteorito nesse coração urbano da Suíça e deixa rastros”.

Beck acredita que a ópera atualmente é tão popular como nunca antes. “Com certeza, isso também tem algo a ver com essa fantástica vivência coletiva e com o fato de que a ópera sempre teve um toque de evento.”

swissinfo, Jean-Michel Berthoud, Zurique

“La Traviata”

La Traviata, composta por Giuseppe Verdi, em 1853, é uma das cinco óperas mais encenadas mundialmente. O livreto foi escrito por Francesco Maria Piave.

Ela conta a história de amor entre a cortesã Violetta Valery e o nobre Alfredo Germont, na França. Ao se conhecerem, os dois se apaixonam e passam a morar juntos. Porém, Violetta é pressionada pelo pai de Alfredo a terminar o relacionamento, sob o argumento de que a relação dos dois, mal vista pela sociedade, prejudicava a família. Violetta atende ao pedido e retorna à vida de cortesã. Tempos depois, o pai de Alfredo, arrependido, conta tudo ao filho e pede perdão a Violetta, que, já muito doente, acaba falecendo.

A interpretação em Zurique será da soprano italiana Eva Mei (no papel de Violetta Valery) e de seu conterrâneo Vittorio Grigolo (no papel) Alfredo Germont. O acompanhamento musical será do ensemble, do coro e da orquestra da Ópera de Zurique.