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Deputada denuncia tráfico de órgãos

O crime organizado ganha muito dinheiro com o comércio de órgãos. Keystone

Uma deputada suíça no Conselho da Europa apresentou um relatório denunciando o tráfico de órgãos em países pobres da Europa. Pessoas vendem um rim por 3 mil dólares e ele é revendido por 200 mil.

Na Suíça, uma nova lei em discussão visa impedir esse comércio ilegal.

“É dramático que as pessoas vivam em tais condições de pobreza que acabam vendendo partes do próprio corpo.” A constatação é da deputada suíça no Conselho da Europa, Ruth-Gaby Vermot.

Lucros exorbitantes

Quarta-feira (25.6) ela apresentou um relatório ao CE depois de uma viagem à Moldávia, onde constatou vários casos de jovens vítimas do crime organizado.

Promete-se trabalho aos jovens na Turquia mas ao chegarem ao país o emprego prometido não aparece. Dias depois, sem dinheiro, surge a proposta de vender um rim por 3 mil dólares.

A extração dos órgãos é feita por médicos em clínicas de bom nível mas, posteriormente, não há acompanhamento médico e as pessoas são obrigadas a voltar ao país de origem em alguns dias, explica a deputada.

Um rim é vendido, depois, entre 150 e 250 mil dólares e os compradores provém de Israel, de países árabes e da Europa ocidental, segundo o relatório.

“Sabemos que europeus desaparecem das listas de espera para transplante de órgãos e não são declarados mortos. Daí conluímos que compraram-no no mercado ilegal”, afirma Ruth-Gaby.

Na Suíça, no ano passado, 1178 pessoas estavam na lista de espera da Swiss Transplant, organização que coordena os transplantes no país. Dessa lista, 54 pessoas morreram por falta de doadores.

Carência de doadores

“Quanto mais eficaz é a medicina, mais ela salva vidas e, assim reduz-se o número de doadores potenciais”, afirma Theodor Weber, da Secretaria Federal de Saúde, em Berna.

Essa é a principal razão da falta de doadores nos países ricos.

Há tempos que as organizações criminosas descobriram que podiam ganhar dinheiro nessa área, incitando, em países pobres, as pessoas a venderem partes do corpo.

O “doador” arrisca a própria vida, o receptor pode salvar a sua e os traficantes enchem os bolsos.

Para lutar contra esse comércio ilegal, o Conselho da Europa preconiza reduzir a pobreza em países como Moldávia, Ucrânia, Bulgária, Rússia e outros; combater o crime organizado, vendedores e compradores de órgãos e incitar os países a promoverem a revisão de suas leis sobre os transplantes.

Nova lei

Na Suíça, o projeto de lei em discussão pretende proibir o uso abusivo de órgãos, tecidos e células como o intuito de proteger a dignidade humana, a personalidade e a saúde.

Quanto ao tráfico, a nova lei estipula que é proibido pagar ou receber dinheiro pela doação de um ógão, tecido ou célula.

swissinfo, Gaby Ochsenbein
(tradução: Claudinê Gonçalves)

– Em países pobres da Europa, um rim é comprado por 3 mil dólares

– Posteriormente, é vendido, em média, por 200 mil dólares

– Receptores estão principalmente na Europa Ocidental, Israel e países árabes

– Na Suíça, no ano passado, 1.178 pessoas aguardavam doações

– 54 pessoas morreram em 2002, por falta de doadores.

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