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Valorização do franco afeta empresas suíças no Brasil

O franco está forte em relação à maioria das moedas Keystone

Desdobramento da grave crise financeira global iniciada há dois anos e meio, o mau momento vivido em 2011 pela economia dos Estados Unidos e de alguns países da União Europeia vem causando uma série de pressões sobre a cotação das principais moedas mundiais.

Uma das consequências imediatas é a alta do franco suíço.Outra afeta o real, valorizado frente ao dólar, e já provoca mudanças na balança comercial do país.

No olho desse furacão estão as empresas de origem suíça que atuam no Brasil. Algumas delas estão essencialmente ligadas às questões de importação e exportação de commodities, equipamentos e insumos, caso dos setores de transporte marítimo e aéreo, logística, produtos químicos de aplicação industrial e suporte tecnológico, entre outros.

Entre os dirigentes dessas empresas ouvidos pela swissinfo.ch, as impressões sobre o atual momento do câmbio variam, mas todos admitem que a crise financeira e as novas realidades do franco suíço, do real e do dólar provocaram algumas mudanças de estratégia comercial.

“A alta do franco suíço nos afeta, pois torna mais caras as importações de produtos trazidos da nossa matriz. A consequência disso é a busca de fontes alternativas de fornecimento em outros países, diminuindo a balança comercial entre Brasil e Suíça”, lamenta Daniel Monteiro, diretor-geral da Sika Brasil, empresa presente há 77 anos no Brasil, onde atua em projetos de engenharia civil, como pontes, hidrelétricas e instalações esportivas.

Empresa que faz parte da história suíça (foi ela a responsável pela impermeabilização do túnel de São Gotardo em 1906), a Sika é sólida, mas torce pelo rápido fim do ciclo de incerteza cambial: “Se considerarmos que somos uma empresa química que depende de fornecimento internacional, isto impacta a competitividade do negócio. Por outro lado, os nossos produtos são consumidos principalmente pelo mercado da construção civil que é bastante independente de oscilações cambiais”, diz Monteiro.

CFO na América do Sul da Bühler, empresa com sede no cantão de St.Gallen e especializada em suporte e soluções tecnológicas, Roger Fischer é outro a lamentar a excessiva valorização da moeda suíça : “O franco suíço (além da libra inglesa, do euro e do dólar americano) é uma das nossas moedas principais. Por isso, a valorização extrema das últimas semanas é uma tendência negativa. Por outro lado o Grupo Bühler tem um ‘set up’ muito internacional e é capaz de se adaptar rapidamente às novas circunstâncias. Assim, a dependência da Bühler Brasil diante do franco suíço está limitada”.

Desde 1953 no Brasil, onde tem sede em Joinville, e presente em outros quatro países da América do Sul, a Bühler está atenta ao cenário internacional: “As turbulências no câmbio das moedas durante as últimas semanas geraram insegurança nos mercados e isto é negativo para todas as empresas. A Bühler sofre com essas turbulências, como os outros setores também. O importante nestes momentos é não perder o foco do negócio e concentrar esforços nas áreas que podem ser influenciadas diretamente e que criam um valor agregado para nossos clientes. Os mercados do cambio acharão o equilibro novamente, e esperamos que seja em breve”, diz Fischer.

Transportes

Sempre sensível à oscilação da cotação das moedas, o setor de logística e transportes é outro termômetro do atual cenário do câmbio. É o caso da Via Mat, empresa com sede na Basiléia e representada no Brasil pela O.Lisboa Despachos Internacionais.

Atuando no país com logística de transporte, fretes e despachos há 30 anos, a empresa de origem suíça presta serviços especiais para as indústrias farmacêutica e petrolífera, entre outros setores de ponta da economia brasileira.

“A maior dificuldade para uma filial de uma empresa suíça é o aumento dos custos, pois a gente tem que pagar o management finn em franco suíço. Outra coisa é que quando você manda dividendos para a Suíça, os suíços vão receber menos dinheiro. Isso é o mais complicado. Em termos de venda é até bom, mas o Brasil não vende muito para a Suíça. Vende commodities, mas, em comparação com outros países, é peixe pequeno”, analisa Dominik Keller, diretor da empresa no Brasil, para quem “seria mais interessante se a cotação do franco em relação ao real fosse de 1,50”.

Diretor financeiro da MSC Brazil, empresa de transporte marítimo com sede na Basileia e presente em quase todas as cidades portuárias brasileiras, onde trabalha com logística de transporte e aluguel de contêineres, Alexandre Foschine minimiza a valorização do franco suíço: “Todo transporte marítimo tem suas taxas basicamente realizadas em dólar. Nós não trabalhamos indexados ao franco suíço, portanto sua valorização não nos afeta”.

O anúncio feito pelo Banco Central da Suíça de que está avaliando a adoção de medidas que tornem o franco suíço paritário e atrelado ao euro repercutiu nos principais veículos de informação econômica do Brasil.

Segundo o jornal O Globo, por exemplo, a moeda suíça “seria uma resposta à turbulência nos mercados globais”.

Outros analistas chegaram a afirmar que, a continuar nesse ritmo, a valorização do franco suíço pode causar “grandes estragos” nas economias da Europa Central.

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