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Escolas suíças no Brasil aguardam resultados da nova lei

Professora e alunos na Escola Suíça de São Paulo, 6 de fevereiro de 2007. Keystone

Os resultados práticos da revisão, pelo governo federal da Suíça, da lei que estabelece as regras de apoio às escolas suíças no exterior são aguardados com grande expectativa no Brasil.

Duas unidades oficialmente reconhecidas pelo governo suíço – a Escola Suíço-Brasileira de São Paulo e o Colégio Suíço-Brasileiro de Curitiba – e outra unidade que perdeu sua credencial há oito anos – a Escola Suíço-Brasileira do Rio de Janeiro – poderão se beneficiar com as novas regras que, entre outras coisas, acabam com a obrigatoriedade de um mínimo de 20% de alunos suíços matriculados para se obter ajuda financeira federal.

O projeto de lei aprovado na Suíça determina que o cálculo das contribuições federais às escolas suíças no exterior passará a levar em conta o efetivo total de alunos matriculados nas respectivas instituições: “No caso de a lei entrar em vigor, as perspectivas das escolas em São Paulo e Curitiba mudariam. A versão proposta para a nova lei sugere reduzir o numero mínimo dos alunos suíços para o credenciamento de uma escola suíça com reconhecimento federal. Ao mesmo tempo, aumenta a importância do numero absoluto de uma escola. Assim, o potencial de crescimento aumenta junto com o apoio da Suíça”, diz José Oberson, diretor-geral da Associação das Escolas Suíço-Brasileiras (que engloba as duas unidades).

A Escola Suíço-Brasileira de São Paulo foi fundada em 1966 e conta atualmente com cerca de 700 alunos. Já o Colégio Suíço-Brasileiro de Curitiba foi fundado em 1979 e tem cerca de 500 alunos matriculados. O processo de redução do número de alunos suíços e de corte gradual nas subvenções federais iniciado nos anos 90 levou as duas unidades a se fusionarem em 2000, dando origem à Associação. Os alunos formados obtêm o diploma da Organização do Bacharelado Internacional (IB), que facilita o acesso a universidades em diversos países.

Um plano de reestruturação das escolas de São Paulo e Curitiba foi concluído no ano passado. Agora, se a nova lei for definitivamente aprovada, a expectativa é por um crescimento ainda mais acentuado nos próximos anos: “A perspectiva das escolas atuais muda porque o potencial de crescimento é maior. A nova lei forneceria a base para introduzir programas e ofertas pedagógicas na área de formação profissional como, por exemplo, formação técnica para os alunos através dos estabelecimentos com reconhecimento federal, com apoio da Suíça. Até agora e com a base na lei atual, não existe essa possibilidade”, diz Oberson.

Diretor da Escola Suíço-Brasileira de São Paulo, que desde 2009 tem em seu currículo a cadeira de Empreendedorismo, Marcel Brunner também aponta a possibilidade de aumento do apoio do governo suíço à qualificação profissional dos alunos como provável fator de crescimento para as escolas suíças no exterior: “A questão da formação profissionalizante na Suíça é muito forte. Acredito que esse seja um aspecto que no futuro vai ser explorado aqui no Brasil, e isso vai acontecer através de instituições como as escolas suíças, sem dúvida”.

Essa formação, diz Brunner, poderá ocorrer na Suíça ou na própria escola: “É difícil neste momento dizer exatamente como isso vai ser, mas provavelmente poderá conter os dois aspectos. Tanto o intercâmbio quanto a formação na própria escola. Ou, talvez, não exatamente dentro da escola, mas em alguma instituição ligada à escola”, diz.

Uma das novidades na revisão da lei sobre as escolas suíças no exterior, a previsão de adoção de um planejamento quadrienal de despesas foi muito bem recebida pelos diretores das escolas suíças no Brasil: “O plano quadrienal permite um planejamento dos recursos com antecipação, uma situação que melhora a segurança de planejamento em médio prazo, em comparação com o planejamento anual que ocorre no momento”, diz José Oberson, diretor-geral da Associação das Escolas Suíço-Brasileiras.

O mesmo é dito por Marcel Brunner, diretor da Escola Suíço-Brasileira de São Paulo: “Acredito que plano quadrienal melhorará em termos de planejamento”, diz.

Presença suíça

José Oberson prefere não utilizar a expressão “fim da obrigatoriedade” quando se refere ao número de alunos suíços matriculados nas escolas suíças no Brasil: “No momento, não dá para falar no fim da obrigatoriedade de um numero mínimo de alunos suíços. Mas, o novo fundamento legal permitiria mais flexibilidade, por exemplo, em função de um número de alunos suíços menos rigoroso na sua aplicação. O perfil não muda muito em curto e médio prazo, mas em longo prazo pode mudar pelo aumento da importância da educação suíça e a redução do fator formal do número de alunos suíços”, diz.

Na prática, explica Oberson, “o objetivo maior será aumentar a presença da educação suíça no estrangeiro, em comparação com a lei atual, que prioriza a oferta das escolas suíças em função da necessidade de uma comunidade suíça que está diminuindo constantemente”. O diretor-geral diz que, com a relativização ou a supressão da importância do número de alunos suíços matriculados, “seria possível desenvolver e estabelecer escolas suíças em qualquer lugar, mesmo sem a presença considerável de uma comunidade suíça local”.

Marcel Brunner concorda: “A nova lei nos dá mais flexibilidade, com certeza. Mesmo com um número inferior de alunos suíços, nós teremos o reconhecimento do governo suíço. Na verdade, o objetivo é que uma escola suíça possa passar para o maior número possível de alunos e de famílias os aspectos da cultura suíça”, diz. Ele ressalta outro fator que contribuiu para esta mudança: “É verdade que está diminuindo o número de filhos de trabalhadores suíços que vêm trabalhar no Brasil”.

Rio de Janeiro

Apesar da grande importância que a revisão da lei sobre as escolas suíças no exterior pelo Conselho Federal poderá ter para o futuro de sua instituição, o diretor da Escola Suíço-Brasileira do Rio de Janeiro, Andrea Furgler, não se posicionou oficialmente sobre o assunto. Procurado pela reportagem da swissinfo.ch, ele informou, por intermédio de sua assessoria, que prefere não se manifestar sobre os possíveis desdobramentos da nova lei.

Fundada em 1962, a Escola Suíço-Brasileira do Rio de Janeiro foi durante muitos anos a principal escola suíça do Brasil, tendo funcionado nos bairros de Botafogo, Santa Teresa e Barra da Tijuca, onde se encontra atualmente. No entanto, após sucessivas advertências do governo suíço, seu credenciamento e a quase totalidade de suas subvenções foram retirados em 2005. No ano anterior, a escola tinha 41 alunos suíços matriculados em meio a cerca de 400 alunos. Com a aprovação das novas regras na Suíça, a Escola Suíço-Brasileira do Rio de Janeiro poderá, em tese, recuperar seu status anterior.

Atualmente existem 18 escolas suíças no exterior. Elas são frequentadas por aproximadamente 6.700 alunos.
 
Elas permitem às crianças suíças manter os laços com sua pátria de origem e, ao mesmo tempo conviver em um espaço multicultural. O ensino bilíngue é garantido nelas. Algumas também oferecem o inglês como idioma de ensino.
 
Os alunos têm a possibilidade de ter sua formação baseada no sistema de ensino suíço. Ao concluir a formação, elas podem receber diplomas como o “Matur” suíço, que permite o estudo em universidades na própria Suíça, ou diplomas internacionais como o International Baccalaureate (IB).

Ásia: Cingapura e Bangkok (Tailândia)

África: Accra (Gana)

Europa: Catania, Bergamo, Roma, Milão, Cadorago (Itália); Barcelona, Madrid (Espanha)

América Latina: México, Querétaro, Cuernavaca (México); Bogotá (Colômbia); Lima (Peru); Santiago (Chile); São Paulo e Curitiba (Brasil)

As 18 escolas são reconhecidas pelo governo federal da Suíça e são entidades privadas mantidas por sociedades locais de suíços do estrangeiro.

Elas recebem apoios de três partes: Secretaria Federal de Cultura, cantões (patronos) e do Comitê de Escolas Suíças do Exterior.

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