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Especialistas discutem envelhecimento populacional

Ministro suíço abre Congresso em St.Gallen (foto: Augustin Saleen) Augustin Saleen

O Congresso que reúne especialistas de 40 países na Universidade de St.Gallen foi aberto pelo ministro suíço do Interior Pascal Couchepin.

Com o tema “Mudanças Demográficas, desafios e oportunidades de negócios, políticas e Sociedade”, os participantes das várias áreas têm muito a dizer.

O envelhecimento populacional atinge os países desenvolvidos em geral, com raras exceções, mas tende a ser um problema global. E, apesar das projeções feitas há muito tempo, nenhum país tem ainda uma verdadeira política que responda ao envelhimento da população.

Custos progressivos dos sistemas de saúde, déficite da previdência social, falta de mão-de-obra nacional etc. Alguns especialistas chegam a imaginar transformações étnicas de nações inteiras.

Maior participação no trabalho

Mas o Congresso de St.Gallen não discute apenas problemas. Tem muita gente animada com as oportunidades de trabalho e de negócios para e com a população que não está mais ativa no mercado de trabalho mas muita ativa na vida, já que as pessoas vivem mais e melhor. No congresso, fala-sem portanto, dos problemas -que são muitos – e de soluções – que ainda só existem de maneira isolada.

John P. Martin, diretor do departamento de emprego, trabalho e assuntos sociais da OCDE (organização que reúne os países mais industrializados) disse que o envelhecimento da população “é o maior desafio dos países da OCDE”.

Ele defende uma maior participação de faixas étárias mais avançadas no mercado de trabalho. Citou dados da faixa 50-64 anos em que campeã é a Islândia. A Suíça está em quinto lugar (74%) e Turquia está em último.

Reformas necessárias

Martin adverte que se essa participação não aumentar, as despesas sociais “serão insustentáveis”, mas reconhece que as empresas têm dificuldades em manter seus funcionários mais idosos os sindicatos não ajudam.

Ou seja, precisa de mudança de mentalidade em governos, empresas, sindicatos e das próprias pessoas, para que o sistema de aposentadoria seja mais flexível e voluntário. Algumas reformas estão em curso na Itália, Suécia, Alemanha, Finlândia, e Áustria, segundo ele.

Interessados votam contra

Francesco Billari, da Universidade Bocconi, em Milão, estuda a relação entre as tradições e a taxa de natalidade e tem dados surpreendentes. A taxa de natalidade média na Europa é de 1,3%, quando deveria ser de pelo menos 2% para manter a população estável. Suas pesquisas indicam, no entanto, que a natalidade das mulheres que trabalham fora de casa não diminui. Com o divórcio também não.

O que provoca a baixa da natalidade é o nível de educação, a melhor qualidade de vida e o sonho de consumo, de acordo com o professor italiano. O que dificulta as reformas é que, como o eleitorado é mais velho e o sistema atual foi concebido para ele, anos atrás, vota contra.

Para David Coleman, da Universidade britânica de Oxford, a solução para o problema do população é a imigração. “O problema da população de idosos não pode ser resolvido, apenas melhorado, afirma o professor, que estuda o papel da imigração no crescimento populacional.

Solução é imigração

“O envelhecimento da população é inevitável devido o amadurecimento da sociedade”, explica Coleman. “Antigamente a taxa de natalidade era alta mas a de mortalidade também”, acrescenta. Ele cita o caso da França, que integrou melhor imigrantes das ex-colônias como único país da Europa ocidental em que a população está crescendo.

Ele mostrou projeções da evolução populacional e calcula que, em um século a contar de agora, a Grã-Bretanha vai precisar de mais 6 milhões de imigrantes para manter a população estável.

Se persistirem a baixa fertilidade atual e a forte imigração, o crescimento econômico pode continuar, explica David Coleman. Mas ele adverte, bem-humorado, que o risco maior é substituir a população nacional pela imigrante, “uma transformação étnica”.

Grandes negócios em vista

Joseph F. Coughin, diretor do Laboratório da Idade no MIT (Instituto de Tecnologia de Massachussets, EUA) vê no envelhecimento da população grandes oportunidades de negócios. Sua palestra “Inovação e novos negócios para os idosos” foi das mais apludidas em St.Gallen.

“Cada vez mais as pessoas dizem que gozam de boa saúde e querem ser ativas e a tecnologia proporciona novas maneiras de propor serviços”, contata Coughin. Ele justifica seu entusiasmo pela constatação de que 20% da população idosa detém 40% da riqueza nos países industrializados. Boa parte dessa população tem alto nível de formação e saber tecnológico.

Vários setores (automóveis, material esportivo, entre muitos outros) realizam boa parte do faturamento com a faixa étária mais velha da população apesar de continuarem dirigindo a publicidade para os mais jovens.

Entre as muitas oportunidades de negócios citadas por Coughin estão a adaptação de casas e apartamentos, os serviços a domicílio, serviços financeiros especializados, cursos e universidades, etc).

Existe tecnologia para tudo isso, só falta criar e ou desenvolver os serviços baseados na tecnologia, concluiu o professor do MIT.

O Congresso de St. Gallen termina sábado (1° de outubro)

swissinfo, Claudinê Gonçalves, St.Gallen

No final de 2004, havia 7.418.400 habitantes na Suíça, 0,7% a maios do que no ano anterior.
As últimas projeções demográficas indicam que, dentro de 50 anos, a Suíça poderá ter 2 milhões de habitantes a menos.
Em 1948, quando entrou em vigor o sistema atual de previdência social, a proporção de ativos e aposentados era de 9 para 1.
Atualmente, ela é de 4 para 1.

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