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Ferro-velho em oferta

Pelo menos 1000 tanques modelo M113 irão para o ferro-velho swissinfo.ch

Exército suíço tem mais de 1,4 milhão de artigos guardados em centenas de cavernas e depósitos. Um terço desse material não é mais utilizado. As reservas foram feitas no tempo da Guerra Fria.

Dentre as curiosidades encontradas nos depósitos destacam-se os 566 mil rolos de arame farpado, que dariam para cercar três vezes a Suíça inteira, e 26 mil bicicletas que nunca foram usadas.

Nas forças armadas da Suíça existia um lema no tempo da Guerra-Fria: “bom conselho é depósito de emergência”. Dentro da crença que o país poderia ser invadido por potências estrangeiras, centenas de toneladas de armamentos e material bélico foram armazenados em locais secretos e depósitos militares.

O Muro de Berlim caiu e, com ele, também o risco que a Suíça fosse invadida. Por isso o Exército decidiu catalogar todo esse material armazenado.

Samuel Schmid, ministro da Defesa, recebeu há poucas semanas a lista completa, com mais de 10 mil páginas, publicada resumidamente no último domingo nos grandes jornais suíços.

“Milhões de alfinetes para os soldados”

Dos 1,4 milhões de artigos registrados, mais de 400 mil nunca foram tirados das prateleiras. Na lista de materiais encontram-se os produtos mais diversos, como 2,2 milhões de alfinetes-de-segurança, distribuídos aos soldados junto com o material de costura individual.

Como a necessidade anual do exército não passa de mil peças por ano, a quantidade armazenada poderia abastecer os soldados por até 220 anos.

Incluída na lista de material não utilizado estão ainda 26 mil bicicletas, 130 mil fuzis modelo 57, 223 mil cintos modelo 90 GR e até 738 mil botões modelo D10, que há mais de dois anos não eram utilizados, e até 748 mil sacos de juta para sapatos, que também já não eram distribuidos há anos.

“Estratégia de defesa autônoma”

“Em grande parte dos casos, trata-se de um exagero sem sentido. Porém é preciso entender que essas grandes reservas nasceram da teoria da estratégia de defesa autônoma, ou seja, a defesa sem depender de outras nações, que utilizávamos no período da Guerra Fria”, explica Oswald Sigg, porta-voz do Ministério da Defesa da Suíça.

De acordo com os cálculos do Ministério da Defesa, os gastos anuais do governo com os depósitos, incluindo também a manutenção, peças de reposição e pessoal, passam de um bilhão de francos (676 milhões de dólares).

Para modernizar as forcas armadas e, ao mesmo tempo, solucionar problemas como o de estoques bélicos excessivos, o governo federal suíço elaborou o “Plano de Forças Armadas 21”, atualmente em discussão no Parlamento. Se aprovado, deverá entrar em vigor em janeiro de 2004.

O projeto pretende reformular o sistema de defesa do país e prevê, dentre outros pontos, a criação de um sistema de logística único para controlar os estoques militares e também a venda de cavernas, bunkers, material bélico e também o corte de até 2000 empregos.

“Lojas para venda de equipamentos militares na Suíça”

Na Suíça as sobras militares são vendidas numa rede de oito lojas chamada “Liq-Shop”. Elas estão espalhadas por toda a Suíça e pertencem ao Ministério da Defesa.

Não só material de uso militar como uniformes, tendas ou sacos de dormir são vendidos, mas também baionetas, fuzis e veículos militares.

Alexander Thoele/swissinfo

– Exército suíço tem mais de 1,4 milhões de artigos guardados em centenas de cavernas e depósitos.
– Um terço desse material não é mais utilizado.
– As reservas foram feitas no tempo da Guerra Fria.
– Os gastos anuais do governo com os depósitos, incluindo também a manutenção, peças de reposição e pessoal, passam de um bilhão de francos.

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