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Uma viagem no tempo na Fête des Vignerons

É assim que a "Fête des Vignerons" (Festa dos Vinicultores), realizada na pequena cidade de Vevey, à beira do lago de Genebra, foi vista no passado. A próxima edição acontece neste verão.

O colorido festival Link externoao ar livre, patrimônio imaterial da UNESCO, celebra as tradições vitícolas das regiões de Lavaux e Chablais, na Suíça de língua francesa.

As origens do festival remontam aos séculos XVII-XVIII, quando a corporação local de viticultores, a Confrérie des VigneronsLink externo, passou a organizar desfiles em Vevey após cada encontro anual para celebrar a cultura do vinho e o trabalho dos melhores viticultores.

Na altura, o cantão de Vaud estava sob domínio bernês – um período de 1536 a 1798, caracterizado pela austeridade protestante – e os festivais populares eram raros. A procissão inédita de participantes locais atraiu assim uma atenção crescente da região e de outros lugares.

Por volta de 1770, a confraria, influenciada pelas ideias do Iluminismo, decidiu recompensar os viticultores locais mais merecedores. Em 1797, foi tomada a decisão de transformar a procissão em um evento maior – a Fête des Vignerons – com um palco na praça da feira livre de Vevey para 2.000 espectadores, que pagavam para assistir à procissão recriando as quatro estações e uma cerimônia de coroação.

Desde então, o concurso tem sido realizado aproximadamente a cada 20 anos e tem crescido em importância. Também evoluiu, introduzindo novos elementos que glorificam a nação e a tradição, bem como divindades pagãs como Baco, o deus romano do vinho. Músicos e dançarinos se esbarram aos cuidadores de vacas, que simbolizam a ligação entre a cidade vinícola à beira do lago e as regiões montanhosas circundantes. A famosa Ranz des Vaches – a canção para chamar as vacas no pasto – é um grande destaque em cada edição.

Em 1889, o festival popular se expandiu com um palco para 12.000 pessoas. Este ano, uma moderna arena de 20.000 lugares foi construída para o show de duas horas realizado por Daniele Finzi Pasca, diretor das cerimônias olímpicas de Sochi e Turim. Apesar da enorme capacidade logística e profissional necessária para organizar o evento privado de 100 milhões de francos suíços, que deverá atrair um milhão de visitantes, quase todos os participantes são voluntários locais e muitos dos temas são idênticos aos que foram celebrados pela primeira vez há mais de 200 anos.

Entretanto, o trabalho da confraria continua. Três vezes por ano, viticultores especialistas nomeados pela corporação visitam cerca de 100 vinhedos selecionados para avaliar a qualidade do seu trabalho. Os resultados são apresentados a cada três anos e os melhores viticultores são homenageados em um banquete para todos os produtores. 

Adaptação: Fernando Hirschy

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