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Festival de Fribourg entra na favela

Fábulas da favela (12 filmes do Brasil)

A nova edição do Festival Internacional de Filmes de Friburgo - FIFF - mais uma vez – representará excelente vitrina para os amantes da filmografia brasileira.

Previsto entre 14 e 21 de março, o evento – que já se sobressai pela promoção da diversidade cinematográfica – apresentará 12 filmes brasileiros sobre o tema favela. O objetivo é “questionar a evolução da representação cinematográfica” do ‘morro’ carioca.

Recentemente, a direção do FIFF apresentou, em Solothurn, o projeto do festival deste ano, em que competirão, como de costume, uma centena de filmes, todos “em estréia nacional, internacional ou mundial.”

Nas programações paralelas, desperta particular interesse o panorama “Fábulas da Favela” (em português, no release) por mostrar como, com o passar do tempo, o cinema representa “esse grande fenômeno social”.

Favela não é só miséria, violência, droga… Através de documentários, comédias, musicais e filmes policiais, José Carlos Avellar, abalizado crítico de cinema, vai procurar fazer com que o espectador entre nesse mundo surpreendente e amplie sua visão do “fenômeno”.

Como as obras escolhidas ainda estão sob embargo, até dia 3 de março, o diretor artístico do FIFF, Edouard Waintrop, limitou-se a destacar alguns clássicos sobre o assunto: filmes de ficção, comédias e documentários de valor… Não disse, porém, que alguns desses já registram uma bela carreira internacional.

Festival de descobertas

O FIFF, que se atém, geralmente, a filmografias originárias da África, Ásia e América Latina, já conquistou espaço e certo prestígio, não escondendo ter conseguido “uma reputação de festival de descobertas”.

Se ele tem muito pouco a ver com os grandes festivais (Cannes, Berlim, Veneza e mesmo Locarno), sua preocupação principal é “mergulhar intensamente em cinematografias de determinadas regiões do mundo, selecionando os filmes mais representativos”, como contou José Carlos Avellar. Obras geralmente excluídas dos circuitos de distribuição.

Se isto vale para filmes recentes, o FIFF se dedica também a curtas metragens, panoramas, homenagens a grandes cineastas, retrospectivas ou projeções temáticas, como neste ano, relacionadas com a favela.

Francisco Lombardi em destaque

A propósito, em colaboração com a Cinemateca de Lima, o Festival deste ano presta homenagem ao peruano, Francisco Lombardi, considerado “um dos mais interessantes cineastas contemporâneos”. Sua fama limita-se, porém, quase que unicamente, ao mundo de língua espanhola.

O público friburguense terá oportunidade de descobrir uma seleção de dez obras desse produtivo diretor que adaptou vários romances de seu compatriota Mario Vargas Llosa e do russo Dostoievski.

No ítem descobertas, outras surpresas virão da África e da Ásia.

Bollywood e Nollywood

Em quantidade de filmes produzidos, por incrível que pareça, não é Índia nem os EUA que disputam o primeiro lugar, mas o país africano de maior densidade demográfica, a Nigéria.

Com 2 mil filmes por ano lançados no mercado africano, na maioria em videoteipe – vt – a Nigéria supera a Índia como nação cinematográfica. O FIFF quer levar os habitués do Festival a entender um pouco esse fenômeno que será confrontado às dificuldades da indústria cinematográfica no mundo da Africa de língua oficial francesa.

A produção indiana é também gigantesca. No panorama Out of Bollywood treze obras “refletem as tendências atuais”, segundo Edouard Waintrop: temas mundanos, comédias, policiais, etc.

A desforra das mulheres

Dois outros panoramas completam a programação da 23a. edição do Festival Internacional de Friburgo. Seis filmes sobre “o Padrinho na Ásia” enfocando o tema da máfia, na linha da famosa trilogia de The Godfather, de Coppola.

A última surpresa será o programa Revanches das mulheres que gira em torno de “rape and revenge movies”, produzidos nos EUA nos anos 70. São oito filmes “de inspiração feminista em que as mulheres se vingam dos homens que lhes inflingiram violências sexuais.”

O objetivo é “mostrar como esse gênero fez a volta ao mundo e provar debates.”

Pouco antes do Festival, marcado para meados de março, saberemos mais detalhes…

swissinfo, J.Gabriel Barbosa

Iniciado modestamente em 1980, em ritmo bienal, o Festival Internacional de Filmes de Friburgo realiza sua 23a. edição em março.

Evento anual desde 1992, o FIFF destina-se a divulgar os melhores filmes da África, Ásia e América Latina, no intuito de promover a diversidade cinematográfica e cultural, favorecendo a compreensão “das diferentes realidades culturais e sociais do mundo.”

O FIFF parece ter conseguido seu espaço, pois já é considerado uma referência na Suíça e tem certa projeção internacional, mantendo ao mesmo tempo um caráter de seriedade e informalidade.

Se 23 anos atrás foram projetados 7 filmes de três continentes, hoje oscilam em torno de cem os longas, médias e curtas metragens apresentados na competição oficial e panoramas paralelos.

O Grande Prix do FIFF – “O Olhar de Ouro” – é uma recompensa de 30 mil francos: 26 mil dólares, aproximadamente.

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