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Franco suíço deve continuar em alta em 2011

A demanda pelo franco suíço é muito superior à do euro Ex-press

Indústrias de exportação e turismo da Suíça prevêem um 2011 “sofrido”, se o franco continuar sua alta em relação às principais moedas.

Mas os economistas acham que aumentando a contribuição do país nos fundos de resgate do FMI para a zona euro a Suíça deve segurar a alta do franco, que bateu recentemente seu recorde em relação à moeda europeia, alcançando 1,2457 franco por euro.





















O franco suíço tem servido como moeda refúgio durante a crise financeira, a recessão mundial e os problemas com as dívidas soberanas europeias.

Um ano atrás, o euro custava 1,50 francos, enquanto que o dólar estava mais valorizado do que a moeda nacional suíça. Mas nas últimas semanas, o franco tem se negociado a 1,30 ou menos em relação ao euro e tem valido mais do que o dólar desde o início de setembro.

O resultado desta volatilidade cambial tem sido dramático para as empresas suíças que vendem seus produtos no exterior – principalmente para a Europa – e o setor turístico, a Suíça se tornando um destino mais caro para se visitar.

O país ficou 15% mais caro para os visitantes da zona euro, em relação à 2009. Swiss Tourism, responsável pela promoção turística do país, conta com uma queda 4 a 5% nas estadias de visitantes europeus em 2011, principalmente dos alemães.

Medo com relação as dívidas soberanas

Os economistas prevêem um status quo relativo das taxas de câmbio em relação ao franco em 2011.

O Banco Sarasin é o mais pessimista dos especialistas consultados pela swissinfo.ch, prevendo o câmbio do franco a 1,25 por euro no primeiro semestre do ano, antes de chegar a 1,30. A previsão para o dólar é mais positiva, a moeda americana devendo chegar no fim de 2011 a 1,08 francos contra 0.96, em comparação ao fim do ano passado.

Economista do Sarasin, Ursina Kubli acredita que os temores em relação às dívidas de alguns países europeus, principalmente Portugal, deve continuar afetando a confiança na moeda europeia, como aconteceu com a Grécia e a Irlanda em 2010.

“Esperamos uma baixa do euro no primeiro semestre de 2011, porque as preocupações com as dívidas soberanas não vão se acalmar”, disse à swissinfo.ch.

Thomas Flury, do banco UBS, é um pouquinho mais otimista nas perspectivas em relação ao euro. O UBS prevê 1.33 francos por euro até o final de 2011, mas os mesmos 0.96 do fim de 2010 para o dólar.

Pressão no dólar?

Muitos exportadores suíços estão cobrindo os prejuízos da zona do euro, diversificando na Ásia, Oriente Médio e América Latina. Mas Flury apontou que algumas dessas moedas também perderam terreno em relação ao franco nas últimas semanas.

Já o banco Julius Bär está mais preocupado com a situação do dólar este ano. Segundo o representante da instituição, David Kohl, o pessimismo em relação ao euro deve mudar para o dólar.

“A especulação em cima do dólar deve recomeçar em torno de três meses, quando a Reserva Federal americana recorrerá a um novo ciclo de flexibilização quantitativa [injetar mais dinheiro na economia]”, declarou à swissinfo.ch. “Isso pode aliviar a pressão sobre o euro e enfraquecer o dólar”.

Julius Bär prevê uma taxa de câmbio a 1.30 face ao euro e 0.97-0,98 em relação ao dólar até o final de 2011.

Uma medida que pode ajudar as moedas fracas, especialmente o euro, é um plano para aumentar maciçamente o fundo de resgate do FMI, passando de 50 bilhões a 540 bilhões de dólares.

O governo suíço quer aumentar a participação do banco central nesse fundo de 2.5 bilhões para 16.5 bilhões de francos. A proposta, aprovada pelo Senado em dezembro de 2010, ainda deve ser votada pela Câmara dos Deputados.

Fundos do FMI

Economistas acreditam que o aumento só pode ajudar a sustentar o euro, mas nem todos estão convencidos de que teria um grande impacto, principalmente se as agências de avaliação degradarem os países europeus como esperado.

“Não importa quanto o FMI dispõe, o capital do fundo não vai ajudar o euro face as más notícias contínuas, particularmente no lado da classificação”, disse Kohl à swissinfo.ch, ressaltando que os governos europeus agiram, pelo menos, na direção correta para resolver a crise da dívida, embora lentamente.

Thomas Flury também acredita que as reservas dos Direitos Especiais de Saque do FMI, que permitem empréstimos aos países em crise, têm seus limites.

“Isso só iria diminuir o problema a curto prazo, já que os países teriam de pagar esses empréstimos”, disse à swissinfo.ch. “A única solução a longo prazo é desenvolver melhores estratégias de gestão de risco em toda a Europa, fazendo com que os bancos parem de contrair tanta dívida”.

O fundo DIREITOS ESPECIAIS DE SAQUE (SDR, na sigla em inglês) do FMI foi criado em 1969 para complementar as reservas dos países membros.

O fundo só existe no papel, pois representa uma promessa por parte dos Estados membros de fornecer o dinheiro quando é necessário.

O valor do SDR foi inicialmente alinhado com o sistema padrão ouro para taxa cambial de Bretton Woods.

Desde o colapso de Bretton Woods, o SDR tem sido avaliado de acordo com os valores de uma cesta de moedas – no momento, euro, dólar, iene e libra esterlina.

Está atualmente em SDR34 bilhões (cerca de 50 bilhões de dólares). O FMI quer reforçar o fundo dez vezes mais, a SDR367 bilhões ou 540 bilhões de dólares.

O fundo pode ser distribuído para as economias em dificuldades, quer por uma troca voluntária de SDRs de um Estado-Membro para outro, ou através de uma transferência comandada pelo FMI de uma economia forte para uma mais fraca.

Como estado membro do FMI, a Suíça contribui atualmente com SDR1.54 bilhões (2.5 bilhões de francos). O plano é aumentar esta contribuição para SDR10.9 bilhões (16.5 bilhões de francos).

Adaptação: Fernando Hirschy

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