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Documentos do Panamá revelam fundos de Putin em Zurique

A sede da Mossack Fonseca na cidade do Panamá. Keystone

O vazamento de milhões de documentos correspondendo a mais de 2,6 terabytes de dados de um escritório de advocacia no Panamá revela uma quantidade impressionante de atividades bancárias suspeitas ao redor do mundo, incluindo também a Suíça.

Das dez maiores instituições que abriram a maior parte das companhias offshore para clientes estrangeiros, quatro são suíças.

O vazamento ocorreu na Mossack Fonseca, um escritório de advocacia, que nasceu no Panamá e se expandiu a mais de 40 países. Os 11,5 milhões de dados, a maioria e-mails e PDFs de contratos, revela construções offshore de 140 políticos e autoridades públicas ao redor do mundo, incluindo os primeiros-ministros da Islândia e Paquistão, o presidente da Ucrânia e o rei da Arábia Saudita. Aproximadamente 215 mil empresas offshore estão relacionadas.

De acordo com o ICIJ, a Suíça está entre os principais países envolvidos, tanto em termos do número e do nível de atividades dos intermediários.

Amigo de Putin

Uma das pessoas envolvidas é Sergei Roldugin, um amigo próximo do presidente russo, Vladimir Putin. Segundo a reportagem do jornal suíço Tages-Anzeiger, Roldugin teria escondido milhões na filial de Zurique do banco russo Gazprombank – fundos que ele dificilmente teria recebido como violoncelista profissional e maestro.

“Os documentos mostram que Roldugin atua atrás dos bastidores em uma rede clandestina operada por pessoas ligadas a Putin. Eles teriam movimentado pelo menos dois bilhões de dólares em diversas contas bancárias e companhias offshore”, de acordo com ICIJ através do jornal alemão Süddeutsche Zeitung e outros parceiros na mídia.

Jornalismo investigativo

O vazamento feito no domingo à noite ocorreu através de um trabalho conjunto de investigação coordenado pelo Consórcio Internacional de Jornalistas InvestigativosLink externo (ICIJ, na sigla em inglês). Ele envolveu centenas de jornalistas em 80 países na pesquisa de transações financeiras através de empresas de fachada no Panamá e outros paraísos fiscais. O relatório aponta o dedo para personalidades do mundo político, esportivo e empresarial.

Roldugin está listado como proprietário de empresas offshore que obtiveram pagamentos de outras companhias no valor de dezenas de milhões de dólares.

“Uma companhia ligada ao violoncelista também fez transações com o maior fabricante russo de tratores, responsável por uma grande fatia do bolo publicitário nas televisões russas. É possível que Roldugin, que afirma publicamente não ter atividades empresariais, não seja o verdadeiro beneficiário dos fundos. Em vez disso, as evidências demonstradas nos arquivos mostram que Roldugin está agindo como testa-de-ferro para uma rede de pessoas ligadas a Putin.”

Futebol suspeito

Um membro do Comitê Independente de Ética da Fifa também está sob suspeita. Arquivos confidenciais que vazaram da firma de advocacia panamenha Mossack Fonseca revelam acordos entre os 3 homens e Juan Pedro Damiani, integrante do Comitê Independente de Ética da Fifa, que tem tomado decisões a respeito de uma série de expulsões de altos executivos da organização, segundo o Panama Papers.

Damiani e seu escritório de advocacia trabalharam para pelo menos 7 companhias offshores ligadas a Eugenio Figueredo, ex-vice-presidente da Fifa, que está na mira das autoridades norte-americanas.

Damiani declarou à agência de notícias Reuters em Montevideo, no domingo, que rompeu as ligações com Figueredo quando este foi acusado posteriormente de corrupção.

O escândalo da Fifa veio à tona em 2015, quando o Departamento de Justiça dos Estados Unidos apontou que empresários de TV e de marketing pagavam propinas para obter os direitos de transmissão para jogos. Dentre os nomes nos arquivos aparece ainda Jérôme Valcke, secretário-geral da Fifa de 2007 até setembro de 2015, quando foi banido por acusações de corrupção.

O escândalo da Fifa veio à tona em 2015, quando o Departamento de Justiça dos Estados Unidos apontou que empresários de TV e de marketing pagavam propinas para obter os direitos de transmissão para jogos. Desde então seu comitê de ética investigou e baniu um número de importantes dirigentes, dentre eles o ex-presidente da Fifa, Sepp Blatter, e o ex-presidente Uefa, Michel Platini.

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