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Governo suíço é eleito por quatro anos

Seis ministros reeleitos e Alain Berset (à direita), o novo eleito. Keystone

Como ocorre de quatro em quatro anos, em dezembro, o Parlamento suíço (Câmara e Senado reunidos) elegeu quarta-feira (14) os sete ministros que compõem o Conselho Federal.

Seis deles foram reeleitos e a novidade é a eleição do socialista Alain Berset, de Friburgo, para substituir a chanceler e também socialista Micheline Calmy-Rey, que deixa o governo.

O parlamento suíço (Senado e Câmara reunidos) resistiu à ambição do Partido do Povo Suíço (SVP, na sigla em alemão) e optou pelo “status quo”. Quarta-feira (14/12) o Parlamento elegeu os sete membros do executivo federal. O SVP, direita nacionalista e maior partido do país, reivindicava um segundo ministério, mas a estratégia fracassou. Os seis ministros atuais foram reeleitos e o senador do Partido Socialista Alain Berset, favorito para suceder à chanceler Micheline Calmy-Rey, foi eleito.

 

“Tanto barulho por nada” como diz o ditado popular. Há dias políticos e comentaristas especulavam acerca das chances de reeleição da ministra das Finanças Eveline Widmer-Schumpf, cuja legitimidade era questionada pelo SVP.

Uma estratégia hábil

No entanto, a ministra do Partido Burguês Democrático (PBD, centro direita) foi facilmente reeleita. O resultado demonstra que a maioria dos partidos votou para ela, com exceção do SVP e do Partido Liberal Radial (PLR, direita). O resultado tem uma certa lógica porque Eveline Widmer-Schlumpf podia contar com um duplo apoio.

Por uma lado, ela soube capitalizar o bom resultado que o partidos de centro direita tiveram nas eleições legislativas de outubro último. Verdes Liberais PBD e democratas cristãos (PDC), juntos, tiveram quase 23% dos votos.  O resulta pode justificar a reeleição da ministra, apesar do fato de que seu partido (PBD), ter obtido apenas um pouco mais de 5%.

Por outro, a ministra das Finanças, situada bem à direita no espectro político, obteve o apoio da esquerda devido sua posição contra a energia nuclear e seu projeto de um imposto ecológico. Ela também é considerada competente em finanças.

Erros do SVP

Por sua vez, o SVP fez tudo para conquistar seu segundo ministério, perdido quatro anos atrás, apresentando candidatos suscetíveis de manter a política consensual no governo. Não deu certo e o partido paga alguns erros cometidos nos últimos anos.

O maior deles foi provavelmente de excluir do partido dois ministros – Eveline Widmer-Schlumpf e Samuel Schmid – depois da não reeleição de seu líder Christoph Blocher como ministro, em 2007. Dessa cisão do SVP foi criado o PBD e a reeleição da ministra por esse partido confirma o erro do SVP.

Enfim, depois de ter apresentado um candidato “ideal” ao governo, a candidatura teve de ser retirada dias depois com a revelação da imprensa de um caso de fraude na gestão de uma herança, outro erro grave do partido.

Problema matemático

Apesar de ter recuado nas eleições de outubro, o SVP continua sendo o maior partido do país (26,6% dos votos) e tem apenas um ministério, enquanto o Partido Liberal Radical (PLR, 15,1%) tem dois ministérios e o PBD (5,4%) tem um. A tradição política suíça, que  consiste, desde 1959, a dividir os ministérios em função da força dos partidos, continua sendo desrespeitada.

Frente a essa situação, o partido ameaça deixar o governo e deverá tomar uma decisão no final de janeiro. Mas o mais provável é que o SVP continue no governo e aguarde a demissão de um ministro para obter seu segundo ministério.

Eleição sem surpresa

A ideia segundo a qual é melhor agir por dentro do que de fora foi confirmada por Alain Berset. O senador socialista de Friburgo (ler em matéria relativa entrevista à swissinfo.ch)  ganhou facilmente do outro colega de partido Pierre-Yves Maillard. De fato, com raras exceções, o Parlamento prefere eleger parlamentares aos candidatos externos.

Além da notoriedade no Parlamento, Alain Berset é catalogado como “menos à esquerda” do que Pierre-Yves Maillard, o que também favoreceu o senador em um Parlamento com ampla maioria de direita. Ele sucede à ministra das Relações Exteriores, Micheline Calmy-Rey, que deixa o governo após nove anos no cargo.

Alain Berset nasceu em Friburgo, em 9 de abril de 1972.

Formou-se em Ciências Políticas (2005) pela Universidade de Neuchâtel, onde também fez doutorado em Economia (1996).

Foi professor assistente e pesquisador no Instituto de Economia Regional da Universidade de Neuchâtel (1996-2000).

Pesquisador convidado no Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de Hamburgo, Alemanha (2000-2001).

Conselheiro estratégico junto ao Departamento de Economia do Cantão de Neuchâtel (2002-2003).

Deputado estadual e líder do Partido Socialista na Constituinte do Cantão de Friburgo (2000-2004).

Senador pelo Cantão de Friburgo desde 2003.

Presidente do Senado
(2008-2009)

Eleito para o governo federal em 14/12/2011

Desde 1848, o executivo federal da Suíça é composto de sete membros e cada um ocupa um ministério.

Ele é eleito e reeleito pelo Parlamento a cada quatro anos, em dezembro, logo depois das eleições legislativas federais, em outubro.

Todo cidadão suíço tem direito de voto e de elegibilidade, mas o voto não é obrigatório.

 Os ministros (conselheiros federais) são eleitos um a cada vez, no mesmo dia, por ordem de antiguidade no governo.

 Os 246 membros do Parlamento (200 deputados e 46 senadores) votam em cédulas secretas em vários turnos.

Qualquer pessoa elegível pode receber votos nos dois primeiros turnos.

A partir do 3° turno, se nenhum candidato obtém a maioria absoluta, o menos votado é eliminado. O procedimento se repete até que o candidato obtém a maioria absoluta (123 votos, se todos os parlamentares votam).

Adapatação: Claudinê Gonçalves

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