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Governo suíço terá maioria de mulheres

Johann Schneider-Ammann e Simonetta Sommaruga fazem o tradicional juramento no Parlamento em Berna após terem sido eleitos. Keystone

Johann Schneider-Ammann e Simonetta Sommaruga são os dois novos membros do governo federal da Suíça. Ambos haviam sido escolhidos por seus partidos como candidatos.

Com as duas eleições, a Suíça terá, pela primeira vez na história, um governo de maioria feminina.

A Suíça viveu quarta-feira, 22/9, um momento importante de sua história política. Desde a criação do Estado Federal, em 1848, pela primeira vez o país terá um governo de maioria feminina.

Dos sete ministros que compõem o governo federal suíço, chamado aqui de Conselho Federal, quatro serão mulheres a partir de janeiro de 2011. Três já estavam no governo e, com a eleição da senadora Simonetta Sommaruga, do Partido Socialista (PS), o governo federal passará a ter quatro mulheres e três homens. Não é banal, considerando-se que as mulheres obtiveram o direito de voto no plano federal apenas em 1971.

Na mesma sessão, a Assembleia Federal (Câmara dos deputados e Senado) também elegeu o deputado federal Johann Schneider-Ammann, do Partido Liberal-Radical (PLR).

No lugar de demissionários

Sommaruga foi eleita para o lugar do também socialista Moritz Leuenberger, demissionário. que ocupou o Ministério do Meio Ambiente, Transportes, Comunicações e Energia durante 15 anos. Ammann substitui Hans-Rudolf Merz, ministro das Finanças desde 2004.

No entanto, não é certo que os dois novos eleitos ocupem os ministérios dos demissionários. Uma regra não escrita dá prioridade aos ministros mais antigos para mudarem de pasta, se quiserem. Uma definição é aguardada para os próximos dias.

Como havia outros candidatos, foi preciso quatro turnos para eleger Simonetta Sommaruga e cinco para Johann Schneider-Ammann. “Foi longo, mas o resultado era perfeitamente previsível”, disse à swissinfo.ch o deputado federal Jacques Neyrinck, decano do Parlamento e membro do Partido Democrata-Cristão (PDC).

Reações

Ricardo Lumengo, deputado federal do Partido Socialista (PS) diz que Simonetta Sommaruga é bem preparada para governar. “Ela domina os principais assuntos e vai contribuir para a eficiência do governo”, garante o deputado. Quanto a Johann Schneider-Ammann, Lumengo afirma que, “por ser um grande empresário, ele também tem um lado humano e está habituado a negociar com os sindicatos; é um homem que tem experiência parlamentar e que ganhou dinheiro com seu trabalho e não especulando no mercado financeiro”, diz o socialista. (Ouça as declarações de Ricargo Lumengo na coluna da direita).

“Faz parte do jogo político. O PLR ajudou a eleger nossa candidata socialista e nós ajudamos a eleger o deputado e empresário Johann Schneider-Ammann”, disse à swissinfo o deputado federal socialista Jean-François Steiert.

Outros candidatos

“Claro que eu não votei socialista. Eles são pró-europeus e o dia em que a Suíça aderir à União Europeia, não poderemos mais fazer política”, declarou o deputado federal Freysinger Oskar, da União Democrática do Centro (UDC), maior partido suíço atualmente. A UDC apresentou um candidato, Jean-François Rime, que chegou ao turno final das duas eleições, mas não tinha condições de ser eleito.

O Partido Verde (PV) também tinha uma candidata, Brigit Wiss, descartada no terceiro turno na disputa pela vaga do Partido Liberal-Radical (PLR).

Concordância e fórmula mágica

Em seus discursos de eleitos, Simonetta Sommaruga e Johann Scheider-Ammann, falaram da necessidade de manter o sistema de concordância.Trata-se de um sistema de governo colegiado em que as decisões tomadas são assumidas e defendidas posteriormente por cada um dos sete ministros. Esse sistema é baseado na chamada “formula mágica”, um acordo tácito desde 1959, segundo o qual os sete ministérios são ocupados pelos quatro maiores partidos.

Reformas

Esse sistema funcionou bem até 2003. Desde então tem havido entorses à concordância e uma vinculação maior dos ministros aos seus partidos, o que alguns especialistas têm chamado de polarização política. Por outro lado, os ministros vem sendo acusados de administrarem suas pastas, sem terem uma visão política capaz de antecipar crises futuras. Há propostas de reformas feitas por comissões parlamentares. Elas vão desde aumentar o número de ministros ou do número de secretarias dentro de cada ministério. A mais simples é provável alterar o mandato da presidência rotativa do país (entre os ministros), de um para dois anos.

A eleição dos dois ministros nesta quarta-feira (22) é uma tentativa de manter a fórmula mágica de 1959, embora, aritmeticamente, ela já não seja perfeita. Daí os dois ministros novos eleitos falarem em “concordância”.

Os membros do gabinete federal são nomeados pelos seus partidos. Eles são eleitos em uma sessão conjunta dos deputados-federais e senadores.

O voto é secreto

Os sete membros do gabinete federal devem ser confirmados em seus cargos a cada quatro anos após as eleições nacionais. As próximas devem ocorrer em outubro de 2011.

O governo federal é composto por um gabinete de sete membros (ministros).

Não existe primeiro-ministro.

A posição de presidente da Confederação Helvética é exercida por um ministro em sistema rotativo (muda a cada ano).

O gabinete federal deve refletir a diversidade política, cultural e linguística do país.

Durante 50 anos, os postos de ministros foram repartidos entre os quatro principais partidos (radicais, democratas-cristãos, social-democratas e a União Democrática do Centro) através de um acordo informal.

O sistema era conhecido como a “fórmula mágica” e foi alterado em 2003.

Um princípio fundamental do gabinete multipartidário é a necessidade de chegar a um consenso. As decisões são tomadas de forma coletiva.

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