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Heinz Holliger, o músico mais famoso da Suíça

Holliger dirigindo a Orquestra de Câmara da Europa, durante o Festival de Lucerna (2007). Keystone

O oboísta, compositor e maestro Heinz Holliger, que completa 70 anos nesta quinta-feira, é o músico suíço mais renomado internacionalmente na atualidade.

Conhecido do grande público principalmente como intérprete, ele dirige grandes orquestras com uma incrível capacidade de cruzar fronteiras do som e da língua.

Heinz Holliger não aparece tanto na mídia quanto o DJ BoBo, atualmente o mais popular rapper, compositor e produtor de música da Suíça. Mas para os entendidos, o oboísta e maestro de 70 anos é o que de melhor a Suíça tem a oferecer no cenário da música contemporânea.

Nascido em 21 de maio de1939 em Langetahl, no cantão de Berna, ele começou a estudar oboé e composição no conservatório de Berna quando ainda freqüentava o ginásio. Depois continuou sua formação musical em Paris e Basiléia.

Com Sava Savoff e a francesa Yvonne Lefébure, estudou piano em Berna e Paris. Na Academia de Música de Basiléia, Holliger formou-se professor de composição. Aos 20 anos, ingressou como oboísta solista na Orquestra Sinfônica de Basileia, onde permaneceu com muito sucesso até 1963.

Afinidade com a literatura

Holliger interessa-se especialmente pela música contemporânea. Vários compositores europeus, como o alemão Karlheinz Stockhausen ou o italiano Luciano Berio, um dos pioneiros da música eletrônica, dedicaram-lhe obras adaptadas à virtuosidade e às técnicas musicais desenvolvidas pelo suíço.

A partir de 1996, ele foi professor na Escola Superior de Música em Freiburg, na Alemanha. Hoje ainda leciona esporadicamente música de câmara, mas não mais oboé.

Há muito ele desfruta o reconhecimento internacional, comprovado por vários prêmios e convites para ser compositor residente. Suas obras são a prova da exploração e superação das fronteiras do som e da língua.

Muitas de suas composições resultam de intensos estudos de textos literários e de seus autores. Por exemplo, a ópera Schneewittchen, baseada num minidrama do escritor bernense Robert Walser (1878-1956), que estreou em Zurique em 1998.

“Tecno é tortura”

Holliger tenta também tornar o silêncio perceptível. Em 1971, escreveu Cadiophonie para oboé e três magnetofones, em que o pulso e a respiração do músico servem de base ao ritmo. “É o oposto do que faz a eletrônica. É como um salmo – verso bíblico – que eu escrevi para um coro sem voz”, explicou o compositor.

Ele parece não gostar muito da eletrônica, como mostra sua opinião sobre a música tecno, manifestada há dez anos numa entrevista à imprensa alemã.

“Penso que o corpo e a psique são destruídos por esses ritmos cronométricos produzidos sinteticamente. Falta-lhes o ritmo de uma planta, da maré alta e baixa. O ser humano é torturado impiedosamente por esse pulso exato”, disse.

Holliger disse ter a impressão de que o tecno se propaga especialmente na Alemanha e na Suíça “porque aqui existe essa primitiva rítmica da música popular e folclórica. Na Hungria, na África ou na Índia é mais difícil dissuadir as pessoas da grandiosa diversidade”.

No entanto, ele também fez experimentos inusitados ou até sarcásticos, por exemplo, quando compôs uma peça para tambores, piccolos e oito apitos, dedicada aos membros do governo de Basileia que defendiam cortes no orçamento da cultura.

Pouco tempo

Além do título de doutor honoris causa da Universidade de Zurique, Holliger coleciona diversos prêmios nacionais e internacionais. Ele também se dedica como maestro e parceiro às futuras gerações de músicos.

Perguntado como divide seu tempo entre as atividades de oboísta, maestro e compositor, ele responde: “Eu sou músico”. No entanto, ele deseja mais tempo para compor, visto que sua agenda está cheia de compromissos como maestro, solista e músico de câmara.

Holliger também não faz revelações sobre sua próxima obra. “Não se deve falar sobre crianças nascituras”, é sua resposta lacônica.

Hoje Heinz Holliger é um dos maestros mais requisitados mundialmente. Um de seus grandes méritos é também a redescoberta de obras esquecidas do século 18, entre outros, de Jan Dismas Zelenka e Ludwig August Lebrun.

Geraldo Hoffmann, swissinfo.ch (com agências)

Nasceu em 21 de maio de 1939, em Langenthal, cantão de Berna.

Em 1953, com 14 anos, fez as primeiras composições.

Estudou oboé, composição e piano em Berna, Paris e Basiléia.

Em 1959, início da carreira profissional como oboísta solista da Orquestra Sinfônica de Basiléia.

A partir de 1965, professor da Escola Superior de Música de Freiburg (Alemanha).

Desde 1975, maestro convidado fixo da Orquestra de Câmara de Basileia.

De 1998 a 2001, foi também maestro da Orquestra de Câmara de Lausanne.

Foi compositor residente da Orquestra da Suíça Romanda (1993/94).
Cofundador do Fórum de Música de Basileia em 1987.

De 1959 a 2008, ganhou uma dúzia de prêmios nacionais e internacionais, entre eles, Grammy Award na “Producer of the Year, Classical” em 2002.

Ele é casado com Ursula Holliger, tocadora de harpa.

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