Perspectivas suíças em 10 idiomas

Internatos suíços formam alunos em ambiente internacional

Alunos do Museu Alpino de Zuoz, em setembro de 2004. Keystone

Os internatos suíços recebem a cada ano estudantes prontos para desfrutar do melhor. Educação de qualidade para jovens que almejam diplomas de renomadas universidades, atendimento cinco estrelas e ambientes cinematográficos como as paisagens alpinas ou o lago Léman em dia ensolarado.

Nos internatos normalmente impera a diversidade cultural e a disciplina exigida garante o respeito entre os alunos e o desenvolvimento do senso de responsabilidade.

Na Suíça é possível realizar os estudos em inglês, francês, alemão ou italiano e as escolas oferecem diversos certificados, dependendo de onde serão feitos os estudos posteriores. Dessa maneira é possível escolher entre obter um “Matura” suíço, o “Abitur” alemão, o “High School” americano, o “Baccaleauréat” francês ou internacional (IB). Todos eles permitem o acesso dos estudantes às universidades.

Os internatos oferecem também períodos de estudos durante o verão, ou inverno, nos quais se pode fazer o aperfeiçoamento de algum idioma e praticar esportes.

Vantagens

Colégio interno já foi sinônimo de castigo para muitas gerações de alunos indisciplinados, mas hoje o tratamento recebido pelos alunos que estudam nesse sistema é bem diferente.

No Le Rosey, localizado em Rolle, no cantão de Vaud, são aceitos alunos entre oito e 18 anos. A escola tem 60 nacionalidades representadas entre os estudantes. Lá, grupos de até quatro alunos são acompanhados pessoalmente por um professor.

“Não podemos substituir os pais, mas há sempre um professor que acompanha os alunos em cada refeição, por exemplo”, diz Soraya Lemboumba, responsável pelas admissões de alunos na escola. “Os professores praticamente vivem com os alunos”, conta.

Ela lembra que muitos estudantes vêm de famílias de alto poder aquisitivo, acostumados a certos confortos. “Na escola eles têm que aprender a cuidar do quarto, da roupa e às vezes servir os colegas durante as refeições”, diz.

As escolas internacionais prometem preparar alunos para a universidade em um ambiente essencialmente multicultural, de modo que não se perca o contato com países e culturas de origem. Para isso o Le Rosey mantém um quadro de professores de vinte línguas estrangeiras, responsáveis por inserir os alunos no contexto atual de seus países. “Temos cursos de literatura e gramática em português”, explica Lemboumba.

Ela mesma, original da República do Mali é ex-aluna do Le Rosey e depois de obter o Baccaleauréat, continuou os estudos na École Hôtelière Lausanne e fez especialização em marketing.

Tradição

Esse é um ponto fundamental para muitos pais que matriculam seus filhos em internatos suíços. Em alguns casos a fundação data ainda do século dezenove, como a Brillantmont International School, em Lausanne, em funcionamento desde 1882. “As famílias querem que seus filhos obtenham formação internacionalmente reconhecida”, explica Sarah Frei, diretora de comunicação da instituição.

Diversidade cultural também existe na Brillantmont.. Lá estudam suíços e estrangeiros de outras 37 nacionalidades. “Os pais que matriculam os filhos aqui querem atenção individual para o aluno, qualidade de ensino e programas reconhecidos”, diz Frei.

Além de ensinar o francês, que é a língua local, a escola oferece o currículo britânico que prepara para “Cambridge International Examinations”ou seja, IGCSE, AS e A Level, ou o currículo americano, que prepara para o PSAT, SAT, TOEFL e AP, exames do U.S. College Board. Esses exames são exigidos para o ingresso em universidades no Reino Unido e nos Estados Unidos, principalmente.

Segundo a diretora, a vantagem de estudar em um internato é aprender a ser independente. “Ter liberdade e ao mesmo tempo ser responsável”, diz a diretora. “O importante é o diálogo com os alunos”, completa. Ela afirma que os problemas de disciplina mais freqüentes são acordar fora do horário, ou retornar ao colégio mais tarde que o estipulado.

Mesmo com regras estritas, a cada ano a escola é obrigada a recusar alunos. “Avaliamos a história acadêmica do candidato, conhecimentos de idiomas e a nacionalidade”, explica. A Brillantmont e outras escolas do gênero costumam ter cotas de estudantes divididas por nacionalidades. Em geral, o número de alunos originários de cada país não passa de 10%.

Orientação vocacional

A passagem por um internato significa que os estudantes conhecem vários países, aprendem idiomas, desenvolvem habilidades pessoais tanto nos esportes como nas artes e até participam de atividades humanitárias. Depois de passar por tantas experiências, e justamente durante a adolescência, é preciso decidir que profissão seguir.

Nos internatos é comum a presença de profissionais responsáveis pela orientação dos alunos nos estudos universitários. O aconselhamento inclui informações sobre onde estudar e que exames suplementares são necessários para ingressar na universidade escolhida, de acordo com o país.

Curta duração

No Instituto Monte Rosa, em Montreux, além da orientação sobre os estudos universitários e cursos de idiomas é possível também fazer cursos na área de negócios e economia, no sistema de internato. O investimento é alto, mas vale a pena segundo quem passou pela experiência.

A psicóloga brasileira Marília Prado passou dois meses no Monte Rosa, em Montreux, cantão de Vaud. Há alguns anos, ela deixou o sol do verão brasileiro para fazer um aperfeiçoamento do idioma inglês na Suíça e assim, aprendeu também a praticar esportes de inverno.

“De manhã eu assistia às aulas e à tarde esquiava” conta. “Mas às dez da noite tinha que apagar a luz do quarto como todo mundo”, completa. Quando a regra não é obedecida um funcionário da escola bate na porta do quarto para pedir explicações, segundo Prado.

Para ela mais importante que aprender inglês foi desenvolver o senso de responsabilidade. Aprender a usar o sistema de transporte em uma cidade estranha, ser pontual como exige a tradição suíça e arrumar a própria cama foram experiências valiosas para ela. “Aprendi a me virar sozinha”, resume. Além da prática de esqui, snowboarding e patinação, algumas escolas oferecem acesso a campos de golfe, áreas de equitação e até esportes náuticos.

“Mens sana in corpore sano”

A organização dos horários de um estudante interno é rígida. Fora os horários para acordar e dormir, e fazer as refeições é preciso seguir à risca os períodos de estudo individuais e usar uniforme, em alguns casos. Drogas não são toleradas e algumas escolas exigem dos pais autorização do aluno para fumar.

Essa rotina pode parecer pesada, mas em compensação alunos como os da escola Le Rosey passam o inverno em um campus em Gstaad, aproveitando ao máximo das temporadas suíças de esqui.

No Collège Alpin International Beau Soleil, em Villars-sur-Ollon, no cantão de Vaud, os alunos vivem a 1300 metros de altitude com vista para o Mont Blanc, ambiente que segundo a filosofia da escola, favorece o equilíbrio intelectual e físico dos alunos. A prática de esportes é amplamente incentivada nos internatos.

Quanto custa


Um ano em um internato suíço custa cerca de 55 mil francos suíços, em média. Mas há exceções como o Beau Soleil, em Villars-sur-Ollon, que chega a cobrar 81 mil francos suíços pelo ano escolar. Esses valores incluem as taxas escolares, alimentação e acomodação. E não é tudo.

Gastos extras com excursões, uniformes, livros e algumas vezes, seguros não estão incluídos. As viagens nem sempre estão restritas ao continente europeu. Comemorações especiais e alguns projetos escolares demandam deslocamentos intercontinentais, o que aumenta ainda mais os custos.

Os cursos de curta duração, que oferecem aulas de idiomas e prática de esportes saem por cerca dois mil francos suíços por semana. Este preço costuma incluir alojamento e alimentação e as taxas relativas aos cursos.

Condições

Para estudar em um internato na Suíça normalmente são exigidos testes de matemática e idiomas para verificar se os alunos podem acompanhar os estudos nos idiomas de ensino.

Os idiomas oferecidos variam um pouco de escola para escola, mas a oferta inclui os idiomas nacionais e o inglês. Algumas escolas aceitam alunos internos a partir de oito anos de idade, mas é preciso verificar o regulamento de cada uma.

swissinfo, Heloísa Broggiato

As escolas internacionais prometem preparar alunos para a universidade em um ambiente essencialmente multicultural, de modo que não se perca o contato com países e culturas de origem.

Alguns desses internatos têm mais de um século de tradição. Esse é um ponto fundamental para muitos pais que matriculam seus filhos em internatos suíços.

Nos internatos é comum a presença de profissionais responsáveis pela orientação dos alunos na escolha dos estudos universitários.

A organização dos horários de um estudante interno é rígida. Fora os horários para acordar e dormir, e fazer as refeições é preciso seguir à risca os períodos de estudo individuais e usar uniforme, em alguns casos. Drogas não são toleradas e algumas escolas exigem dos pais autorização do aluno para fumar.

Um ano em um internato suíço custa cerca de 55 mil francos suíços, em média. Gastos extras com excursões, uniformes, livros e algumas vezes, seguros não estão incluídos.

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