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Julgado, condenado, liberado e depois preso

Rudolf Elmer assediado pela imprensa na saída do tribunal, em Zurique. Keystone

O ex-executivo do banco Julius Bär, o suíço Rudolf Elmer, foi detido quarta-feira à noite (19) pela polícia de Zurique devido a nova acusação de ter violado o sigilo bancário suíço ao entregar novos dados ao site wikileaks.

Anteriormente, ainda na quarta-feira, Elmer fora condenado pelo Tribunal Distrital de Zurique a uma multa de 7.200 francos, com sursis de dois anos.









O suíço Rudolf Elmer –  que dirigiu durante oito anos a sucursal do banco privado Julius Bär nas Ilhas Caimãs –  teve uma quarta-feira (19) muito movimentada em Zurique. Era citado a comparecer ao Tribunal Distrital de Zurique que o condenou a uma pena pecuniária de 7.200 francos suíços, com sursis, por violação reiterada do sigilo bancário do país ao enviar dados de clientes ao wikileaks, em 2008, e ameaças ao seu empregador.

Através da promotoria, o banco queria uma pena de oito meses de prisão e 2 mil francos de multa. “Essa pena é muito clemente”, afirmou o advogado do Julius Bär. “Vamos esperar a publicação do veredicto”, acrescentou.

Elmer também falou à imprensa ao final da audiência. “Cometi erros, mas quanto ao fundamental,  que diz respeito às praças financeiras off shore como as Ilhas Caimãs, eu nada lamento.”

Detido

Mas a liberdade de Rudolf Elmer durou pouco. No início da noite, ele foi detido pela policia de Zurique, porque um novo processo penal contra ele foi aberto contra ele. “A Procuradoria Geral do estado de Zurique verifica se Rudolf Elmer violou a lei bancária suíça ao entregar CDs ao wikileaks”, disseram a procuradoria e a polícia através de um comunicado conjunto.

Segunda-feira (17) em Londres, Rudolf Elmer, diante da imprensa, entregou dois cds ao fundador de wilileaks, Juilian Assange. Segundo o doador, os discos conteriam detalhes de 200 contas bancárias de empresas multinacionais e personalidades célebres do mundo dos negócios, artistas e políticos.

Aos jornalistas presentes em Londres, Elmer disse que seu objetivo continuava sendo “educar” as pessoas sobre o papel ambíguo das atividades bancárias “offshore” (gestão de contas para clientes não residentes), na evasão fiscal e na lavagem de dinheiro.

Na Suíça, as opiniões a respeito de Elmer são divididas entre os que o consideram um herói e os que o tratam de abominável. A mídia suíça não publicou os dados que ele tinha, duvidando de suas motivações e da autenticidade do material.
 
 Alarme ou extorsão?
 
O que motiva realmente Rudolf Elmer? Recentemente, os governos alemão e francês pagaram para obter dados bancários roubados por outras pessoas, úteis para investigações contra seus cidadãos que teriam fraudado o fisco. Alguns desses dados foram vendidos por um ex-funcionário do HSBC em Genebra. Há quem desconfie que a motivação principal de Elmer era simplesmente ganhar dinheiro.
 
É compreensível que ele tente se apresentar como alguém que aciona o alarme, mas está claro desde o início que ele pedia dinheiro” declarou à televisão suíça de língua alemã SF, o especialista em crimes econômicos Christof Müller.
 
 Confiança na justiça
 
Por sua vez, Rudolf Elmer reiterou dias atrás à swissinfo.ch sua confiança na imparcialidade do sistema judiciário suíço. “Não tenho qualquer razão para acreditar que o processo não será equitativo. Creio na justiça suíça. Depois veremos.”  
  
Segundo o site internet de Elmer, o banco Julius Bär pode pedir na justiça une indenização por danos que ele teria provocado às atividades do banco. Isso poder chegar 1,2 milhão de dólares.

Rudolf Elmer, 55 anos, trabalhou quase 20 anos para o banco Julius Bär. O mais importante banco privado suíço demitiu-o em 2002, depois de constar o desaparecimento de documentos de clientes.

1994. Elmer é transferido para a sucursal do banco nas Ilhas Caïman, promovido a diretor operacional. Ele afirma que durante esse período, tentou dar a seus patrões provas de abusos nas contas offshore e que eles ignoraram.

2005. Três anos depois de demitido, Rudolf Elmer contata agências de imprensa, mas nada será publicado. No mesmo ano, ele apresenta queixa contra o sigilo bancário suíço na Corte Europeia de Direitos Humanos.

Dezembro de 2007. Elmer transmite dados ao site wikileaks, que começa a publicá-los no mês seguinte.

2008. Julius Bär obtém o fechamento do site nos Estados Unidos, mas a decisão é cassada em recurso. Em março, o banco abandona as queixas contra wikileaks.

17 de janeiro de 2011. Elmer entrega, em Londres, dois CDs com dados bancários ao fundador de wikileaks, Julian Assange. Este promete publicá-los, depois de controlar as informações.

19 de janeiro de 2011. Rudolf Elmer comparece ao Tribunal Distrital de Zurique, acusado de violação do sigilo bancário, espionagem industrial e coerção de bancários.

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