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Mercado de telecomunicações resiste à crise

O mercado de telecomunicações ainda vai bem, mas grandes empresas, como a Nokia, estão ausentes em Genebra. M. Zouhri/ITU

Expositores e especialistas de 90 países participam de 5 a 9 de outubro, em Genebra, da Telecom World 2009, maior feira mundial de telecomunicações.

O setor é acostumado a passar por altos e baixos, mas foi pouco atingido pela recente crise econômica e financeira, afirma o consultor Franco Monti, em entrevista à swissinfo.ch

Organizado pela União Internacional de Telecomunicações (UIT), o salão mundial de tecnologias da informação reúne cerca de 300 expositores e espera atrair 35 mil visitantes este ano, contra 50 mil visitantes e 900 expositores em 2003.

A relativa modéstia da edição 2009 contrasta com a situação do mercado de telecomunicações, que continua saudável, como explica Franco Monti, responsável pelo setor de telecomunicações, mídia e indústria de entretenimento da empresa de auditoria e consultoria PricewaterhouseCoopers.

swissinfo.ch: O atual salão Telecom World é menor do que nas edições anteriores. Isso reflete a situação do mercado?

Franco Monti: Apenas parcialmente. Com a internet e o fluxo de informações públicas em tempo real que ela permite gerar, questiona-se qual é o valor agregado por um salão como esse. A fórmula tradicional desse tipo de feira comercial perdeu seu apelo. Não é necessário visitá-la para avaliar o mercado e a concorrência.

Além disso, também é evidente que há uma tendência recessiva no setor de telecomunicações, dependendo do mercado. Nos Estados Unidos, por exemplo, as operadoras suspenderam investimentos em infra-estrutura (banda larga). E isso por causa de dificuldades na obtenção de empréstimos bancários.

Essa dificuldade de acesso ao capital também bloqueia numerosos projetos que são muito promissores nesse setor.

As operadores de telecomunicações continuam intocadas pela crise?

Sim e não. As operadoras de cabo, as emissoras de radiodifusão (conteúdo) foram menos afetadas pela crise do que outras indústrias. Sua situação financeira é mais ou menos estável.

No que diz respeito às operadores de telefonia móvel, os pacotes de pré-pagos não são renovados com a mesma frequência de antes da crise, apesar de tais contratos podem representar 60% des suas assinaturas.

Devido a dificuldades no acesso ao crédito, fornecedores de equipamentos para redes de telecomunicações sofrem mais do que as operadoras, mas menos do que outras indústrias.

O mercado de telecomunicações já não está muito saturado?

Não. Este mercado segue uma curva em que se alternam períodos de crescimento e estabilidade. Quanto à capacidade das redes, é claro que ela vai continuar aumentando porque as necessidades dos clientes estão em constante evolução.

Há alguns anos, tratava-se de conectar as pessoas à internet. Hoje o objetivo é conectá-las ao seu conteúdo em tempo real (jogos eletrônicos online, smartphones, etc …).

Em resumo, os usuários dos serviços de telecomunicações exigem redes sempre mais potentes e de baixo custo. Investimentos e perspectivas de crescimento estão ligados a essa exigência.

As chances de crescimento estão mais na área de serviços do que de infra-estrutura?

Tomemos o exemplo da Verizon (gigante das telecomunicações) que fez projeções para o futuro do sector. A empresa direciona-se claramente para a comunicação visual (vídeo-conferência, etc ….) e à convergência (telefone, internet, tv). Ela também está investindo no aumento de capacidade das redes sem fio (100 megabits por segundo a 1 gigabit por segundo). Isso abrirá a porta para uma série de novos serviços.

Estamos assistindo também a uma convergência entre as telecomunicações e a mídia. Na Suíça, editoras como a Ringier e a Edipresse e operadoras de telecomunicações buscam novos modelos de negócios que unam conteúdo com qualidade.

Nesta perspectiva, a questão é saber se empresas como a Google ou a Disney são as operadoras do futuro. De fato, trata-se de desenvolver novos serviços para ocupar o terreno no nível das aplicações, dos serviços e dos conteúdos.

Qual é a situação do mercado suíço? Ele é bastante aberto e competitivo?

De acordo com análises da OCDE, a Suíça tem um redes de acesso de alta capacidade, ou seja, a rede de banda larga está bem desenvolvida no país. Grandes investimentos estão sendo feitos pelas operadoras, pela indústria de serviços e operadoras de cabo para continuar aumentando a capacidade da rede. A Suíça planeja criar auto-estradas da informação para tirar pleno proveito de serviços e conteúdos multimídia elaborados. Isto permitirá lançar serviços caros e sofisticados. Os consumidores suíços são, de fato, clientes sempre interessantes.

Dito isto, a Suíça está numa situação próxima do oligopólio, com poucas operadoras no mercado. A Swisscom tem, assim, um papel de serviço público.

Frédéric Burnand, em Genebra, swissinfo.ch

Acontece de 5 a 9 de outubro, em Genebra, onde foi realizada pela primeira vez em 1971.

Participam cerca de 300 expositores e são esperados 35 mil visitantes. No começo deste ano, a previsão ainda era de 40 mil visitantes.

Embora estejam presentes empresas como a Microsoft, IBM e Cisco, faltam alguns nomes importantes, como Ericsson ou Nokia.

Um fórum que acontece paralelamente à exposição comercial conta com 1300 delegações de 90 países, inclusive alguns chefes de Estado, especialmente da África.

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