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Militares fazem operação-relâmpago na Rocinha

Militares patrulham a Rocinha, no Rio de Janeiro, em 10 de outubro de 2017 afp_tickers

Ao menos 500 membros das Forças Armadas brasileiras voltaram nesta terça-feira (10) à favela da Rocinha para apoiar a Polícia em uma operação relâmpago, depois que os tiroteios se intensificaram novamente nesta comunidade.

Na última semana de setembro, um contingente de aproximadamente mil soldados foi enviado para a comunidade vizinha de bairros abastados da zona sul do Rio, após confrontos entre quadrilhas de traficantes rivais.

Dias depois de ter dado a situação como “estabilizada”, na primeira hora desta terça-feira os soldados e seus blindados voltaram aos limites da Rocinha, próxima à mata da Gávea, onde aparentemente se escondem os traficantes e parte de seu arsenal.

As Forças Armadas deram “apoio técnico” à Polícia Militar, informou a secretaria de Segurança do estado.

“Não é uma operação de cerco como as outras. É um apoio técnico nesta operação de varredura para localizar material escondido e que foi levantado pela Inteligência (…). Estão sendo procurados armamentos, munição, explosivos, todos esses materiais usados pelas facções criminosas na região da Rocinha, afirmou o coronel Roberto Itamar, em entrevista ao telejornal “Bom Dia Rio”, da TV Globo, reforçando que a operação é “pontual”.

Fontes da segurança do estado confirmaram à AFP que a operação foi concluída no final da tarde e que os soldados deixaram a favela.

As autoridades deram como estabilizada a situação na Rocinha, onde vivem cerca de cem mil pessoas, e decidiram retirar em 29 de setembro os 950 militares que reforçaram a segurança uma semana antes.

O governo do Rio deixou uma patrulha policial reforçada de 500 homens no lugar desde que a violência se intensificou em meados de setembro, depois de uma invasão de traficantes que queriam disputar o controle da venda de drogas a um grupo rival.

Mas os tiroteios foram se repetindo ao longo dos dias, deixando ao menos nove mortos, e nesta terça-feira cerca de 3.000 alunos de nove escolas da favela voltaram a ficar sem aulas.

– Mulher do ‘Nem’ é presa –

A guerra seria motivada por uma disputa entre o antigo chefe do tráfico na Rocinha, Antônio Francisco Bonfim, aliás ‘Nem’, preso desde 2011, e seu sucessor, Rogério Avelino da Silva, o ‘Rogério 157’, hoje procurado pelas autoridades.

Na noite de terça-feira, a mulher de ‘Nem’, Danúbia de Souza Rangel, foi presa no Morro do Dendê, na Ilha do Governador, segundo o Twitter da Polícia Civil.

Condenada a 28 anos de prisão por narcotráfico em março de 2016, Danúbia estava foragida, embora isto não a tenha impedido de desafiar as autoridades, postando com frequência fotos de biquíni nas redes sociais.

A mulher de ‘Nem’ é acusada de ter comandado a ofensiva de setembro contra ‘Rogério 157’ cumprindo as ordens do marido, preso em uma penitenciária de segurança máxima em Rondônia.

Na sexta-feira passada, cerca de mil militares e policiais fizeram outra grande operação no Morro dos Macacos, em Vila Isabel, zona norte da cidade, em busca de supostos criminosos que teriam fugido da Rocinha, realizando uma dezena de detenções.

Um ano depois de sediar os Jogos Olímpicos, o Rio sofre com uma nova onda de violência em meio à falência do estado, que deixou em evidência o fracasso do projeto de pacificação em favelas como a Rocinha, que tem uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) desde 2012.

O governo federal enviou há dois meses 8.500 militares a reforçar a segurança no Rio.

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