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Os lugares na Suíça onde ninguém se torna suíço

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O passaporte suíço: o documento almejado por muitos estrangeiros que vivem na Suíça. © Keystone / Christian Beutler

A Suíça é um dos países na Europa onde a naturalização é mais complexa, cara e lenta. O cidadão estrangeiro radicado no país precisa obter, em primero lugar, a cidadania do município e do cantão onde vive. Só depois recebe então a cidadania suíça. As estatísticas mais recentes mostram que muitos municípios não naturalizam estrangeiros há muito tempo.

O que há em comum entre localidades na Suíça como Rueyres (cantão de Vaud), La Brévine (Neuchâtel) e Kandergrund (Berna)? Em vinte e cinco anos elas nunca naturalizaram um estrangeiro. A constatação foi feita por um estudo da Comissão Federal de MigraçãoLink externo e Universidade de GenebraLink externo.

Dentre outros, os pesquisadores descobriram que comunas (municípios) menores e localizados nas regiões rurais do país são terreno difícil para a obtenção do passaporte suíço. Segundo Philippe WannerLink externo, professor da Universidade de Genebra, estrangeiros evitam fazer o pedido de naturalização, pois têm medo de “fracassar e, portanto, ser estigmatizados”.

De acordo com o estudo, 125 municípios não naturalizaram nenhum estrangeiro desde 1992. Levando-se em conta o período entre 2011 e 2017, esse número se eleva a 261 municípios. O estudo não explica, porém, quantas pedidos cidadania foram efetivamente feitos nessas localidades e quantas foram rejeitados por falta de dados completos.

Lucerna liberal

O maior número de naturalizações ocorreu nas metrópoles do país. Zurique foi a que mais naturalizou em números: 17.000 pessoas naturalizadas entre 2011 e 2017. Ela é acompanhada por Genebra (9.760 naturalizações), Lausanne (6.019), Basileia (4.975) e Winterthur (3.368). Os dados foram publicados também pelo jornal francófono 24 HeuresLink externo.

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Nem todo estrangeiro sonha em se tornar suíço

Este conteúdo foi publicado em Os russos residentes na Suíça são os campeões da naturalização, enquanto os austríacos que vivem na Suíça não querem saber do passaporte vermelho com a cruz branca. Pela primeira vez, a Comissão Federal de Migrações (CFM) e a Universidade de Genebra publicaram números detalhados sobre a naturalização. Estes novos dados mostram as diferenças nos procedimentos…

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Levando-se em conta a proporção de estrangeiros que vivem em uma cidade, a mais liberal foi Lucerna: com 24,3% da população formada por estrangeiros, ela teve uma taxa de naturalização de 2,3%, ou seja, em média 2,3 de cada 100 estrangeiros recebem cidadania anualmente. Em Zurique e Winterthur, a taxa é de cerca de 2%. Essa porcentagem é muito menor em Berna e Bienne: 1%.

Uma razão para a elevada taxa de naturalização de Lucerna é que o número de funcionários administrativos responsáveis pelo processamento de pedidos de cidadania aumentou, explica Katrin AeberhardLink externo, chefe da secretaria de População do município de Lucerna. A eficiência também tem uma explicação política.

“A naturalização é um assunto muito debatido em Lucerna”, explica Aeberhard. “Aqui somos obrigados a informar ativa e regularmente as pessoas cujo perfil atende aos critérios para um passaporte suíço sobre as possibilidades e chances de naturalização. Há um ano, o Parlamento municipal também adotou uma proposta do Partido Socialdemocrata, Partido Verde e o Partido Verde Liberal (BPL) para tornar a naturalização gratuita para pessoas com menos de 25 anos de idade. As novas regras devem entrar em vigor a partir de0 2021.”

Que parte do país é mais fácil de obter um passaporte?

A Suíça francófona, especialmente o cantão de Vaud, são os lugares mais liberais para naturalizar. O município que mais naturaliza em toda a Suíça é Villars-le-Comte: 11,2% no período entre 2011 e 2017. Também no cantão de Vaud, mais outros seis municípios são os “campeões” da naturalização na Suíça.

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Como se tornar suíço

Aqui apresentamos todos os passos necessários à obtenção do passaporte vermelho com a cruz branca.

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Segundo o professor Philippe Wanner, citadoLink externo pelo jornal 24Heures, a prática liberal de naturalizar emigrantes de segunda geração levou a esse resultado. Muitas desses municípios são de pequeno porte e tem uma proporção fraca de estrangeiros. “As taxas então se elevam já a partir de um pequeno número de naturalizações”.

O cantão de Berna é um dos mais restritos para naturalizar estrangeiros. Nos últimos dez anos, várias leis tornaram mais difícil o acesso ao passaporte vermelho com a cruz branca para os candidatos. Em 2013, os eleitores aprovaram nas urnas em plebiscito um projeto de lei que impede os estrangeiros que dependem da assistência social de se naturalizar, dentre outros.

O prefeito de Kandergrund, um vilarejo localizado nos Alpes bernenses, explicou ao jornal TagesanzeigerLink externo as razões para a taxa “zero” de naturalizações. Segundo Roman Lanz, nos dez anos em que esteve no cargo não houve pedidos de naturalização de nenhum estrangeiro, apesar de muitos viverem na localidade, conhecida como um resort de esqui e turismo de montanha. “Em grande parte, esses estrangeiros só ficam aqui para trabalhar por uma ou duas temporadas.”

O tamanho e a composição da população estrangeira também têm impacto sobre as taxas de naturalização. “Os países de origem das pessoas, sua formação socioeconômica e o fato de viverem sozinhos ou com suas famílias, também desempenham um papel”.

Adaptação: Alexander Thoele

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