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No topo dos Alpes

Imagem do Weissmies, a montanha de 4.023 metros no cantão de Wallis (foto: Roland Zumbühl, picswiss) Roland Zumbühl

Montanhas de quatro mil metros exercem uma atração mágica para alpinistas amadores. A Suíça dispõe de 49 desses gigantes de pedra dos Alpes, o maior número na Europa.

swissinfo participa de escalada no Weissmiess e mostra que a aventura é acessível a qualquer um.

O aventureiro italiano Reinhold Messner, que dentre outras expedições, chegou a subir nos mais de oito mil metros do monte Everest sem ajuda de cilindros de oxigênio, resume a filosofia do alpinismo com a seguinte frase: “trata-se da vontade de superar-se a si próprio”.

Se o alpinismo é um esporte que se tornou popular a partir de 1796, quando o médico Michel Paccard e o camponês Jacques Balmat conquistaram o Mont Blanc, a maior montanha dos Alpes (4807 m), são poucos os esportistas que se arriscam a subir no topo do mundo. Porém na Europa o grande desafio para a grande maioria dos montanhistas é subir numa montanha de quatro mil metros, uma altura considerada pelos aficionados como “mágica”.

Nesse sentido, os guias da associação de escolas de alpinismo da Suíça decidiram mostrar que essa aventura é acessível a qualquer pessoa. Assim eles convidaram um grupo de jornalistas a escalar o Weissmies, uma montanha de 4.023 metros localizada no cantão do Wallis.

Nessa região pouco povoada da Suíça, onde além do turismo não existem outras atividades econômicas importantes, estão localizados 41 das 46 montanhas acima dos quatro mil metros no país. Esse é o maior número dos Alpes, essa cadeia de maciços de pedra que corta a França, Itália, Alemanha, Áustria e Suíça.

A escalada começa de madrugada

“Não se preocupem, pois o Weissmies é considerado a montanha de quatro mil metros mais fácil de escalar”.

As palavras de incentivo do guia Beat Burgener não pareciam animar os jornalistas, que foram acordados às seis horas da manhã no hotel em Saas-Fee.

Esse pequeno povoado de mil e seiscentos habitantes, localizado a 1.800 metros num vale cercado de montanhas, é normalmente o ponto de partida para esse tipo de escalada. E ela sempre começa muito cedo.

Depois subir no teleférico até uma estação que está a 3.100 metros acima do mar, utilizada no inverno por esquiadores, cada um veste seu equipamento de alpinismo.

Além das roupas quentes e impermeáveis, todos usam protetores solares e óculos de sol para combater a luz intensa do sol. Os participantes também precisam estar ligados por cordas e cintos especiais e divididos em pequenos grupos de no máximo até cinco pessoas. Nas botas são fixadas “crampons”, uma espécie de sapatilha de metal com pontas agudas, utilizado para impedir que o alpinista escorregue no gelo e neve. Cada um recebe um “piolet”, uma pequena picareta que pode ser muito útil quando se escorrega no gelo, como descobriu mais tarde um jornalista da Agence France Presse.

Depois os guias de montanha dão as primeiras instruções de segurança: – “quem quiser chegar rápido no topo da montanha precisa andar devagar e prestar atenção no caminho”, explica Burgener.

Os riscos nas geleiras e a falta de ar

O caminho até o topo do Weissmies atravessa por gigantescas geleiras. A importância de se ter um guia no grupo se mostra frente aos olhos: escondidas pela neve, descobrem-se rachaduras que se abrem em precipícios, onde a queda livre pode ser de algumas dezenas de metros. “Quem não conhece o caminho pode cair num desses buracos com facilidade”, explica um dos guias.

Os três pequenos grupos, cada um liderado por um guia de montanha, caminham lentamente. A conversa é reduzida, pois o ar vai se tornando cada vez mais rarefeito e o caminho mais difícil de ser percorrido. A partir dos três mil metros, já não existe mais nada na paisagem além do gelo, neve e pedras. Embaixo se avista Saas-Fee, onde as casas parecem como pontos minúsculos.

Durante a escalada os grupos se encontram com outros que estão descendo a montanha. Nos dias de maior movimento, o Weissmies chega a ter até 200 alpinistas. O helicóptero que pousou no topo da montanha recolheu mais um turista. “Provavelmente foi alguém que torceu o pé e não pode mais descer, um dos incidentes mais comuns”, analisa o guia Kurt Arnold.

Chegada no topo

Depois de mais de quatro horas de subida, os grupos chegam no topo do Weissmies. A sensação é indescritível: a montanha foi vencida!

O tempo muda rapidamente, passando de céu claro para um nevoeiro, acompanhado por um vento forte, que chega a jogar alguns gorros no precipício. Como manda a tradição, os participantes se abraçam, felicitam-se uns aos outros e tiram fotos. Dez minutos depois, os guias já ordenam o retorno. A descida é sempre a parte mais difícil da escalada. “Afinal, os músculos já estão cansado”.

Essa observação foi confirmada na prática pelos jornalistas. Descer exige um esforço enorme do corpo. A neve afunda nos pés e, vez ou outra, o gelo faz escorregar. Os companheiros de grupo que viveram essa situação deviam estar agradecidos por estarem presos nos outros pelas cordas. Nesse caso, eles eram puxados até conseguirem se estabilizar.

Depois de três horas descendo os íngremes caminhos do Weissmies, muitos estavam completamente esgotados. O vento frio queimava no rosto e as quedas repentinas de neve ajudavam a esfriar os ânimos, assim como o gelo que entra pelas botas.

Mais uma hora de caminhada através da geleira, então os grupos alcançam a estação inicial. Superado o desafio! Quem conseguiu chegar ao topo pode contar que já fez um “quatro mil” aos familiares. Depois de descer de teleférico para Saas-Fee, os guias oferecem um lanche típico da região do Wallis: carne seca em fatias, queijo e refrigerante.

“Já que um brasileiro participou do passeio e conseguiu chegar no topo, esperamos agora a vinda de outros, afinal vocês não gostam de esporte?”, pergunta brincando o guia Kurt Arnold antes de se despedir.

swissinfo, Alexander Thoele

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