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Novartis amplia investimentos e instalações no Brasil

Fachada da sede mundial da Novartis, em Basiléia Keystone

Uma das empresas suíças com maior inserção internacional, a Novartis decidiu aumentar sua presença no Brasil e expandir as instalações das duas fábricas que mantém no país.

Inauguradas em julho pelo presidente mundial da Novartis, Daniel Vasella, e pelo ministro brasileiro da Saúde, José Gomes Temporão, as novas instalações das fábricas em Resende (RJ) e em Taboão da Serra (SP) representam, segundo a direção da empresa, um investimento de R$ 223 milhões e possibilitarão a criação de 400 novos postos de trabalho.

Com o aumento da produção, a expectativa da Novartis é triplicar o volume de suas exportações de medicamentos até 2012, o que tornará a empresa suíça a maior exportadora do setor farmacêutico no Brasil: “Os mercados da América Latina e do Brasil são prioritários para a Novartis, por isso estamos investindo na produção. Tivemos a certeza de que deveríamos investir no Brasil porque o país passa por um período de estabilidade econômica muito grande”, afirma Nélson Mussolini, que é diretor corporativo da Novartis no Brasil.

A fábrica de Resende é estratégica para a Novartis, pois lá são realizadas algumas etapas da produção do princípio ativo valsartana, que é matéria-prima do medicamento anti-hipertensivo mais vendido no Brasil e no mundo: o Diovan.

Além da matriz da empresa, que fica em Basiléia, na Suíça, apenas fábricas localizadas em quatro outros países, entre os 140 onde a Novartis está presente, participam da produção desse medicamento.

“Nós realizamos em Resende as quatro principais etapas da produção do valsartana. Em seguida, enviamos o produto para a Suíça, onde ele é finalizado e distribuído para o mundo todo”, conta Mussolini.

Produção quintuplicada

A importância da fábrica do Rio de Janeiro para a Novartis pode ser medida em números: de 2004 para cá, a produção saltou de 90 para 730 toneladas, e o número de empregos diretos passou de 56, há três anos, para 235.

O maior volume de investimentos, no entanto, coube à fábrica de Taboão da Serra (SP), que recebeu R$ 124 milhões para quintuplicar seu volume de produção e passar dos atuais um milhão de comprimidos para seis milhões. Desse total, segundo a empresa, cinco milhões de comprimidos serão destinados à exportação para outros países da América Latina e para os Estados Unidos. O restante da produção será destinada aos medicamentos da divisão de genéricos da Novartis, a Sandoz.

Confiança no Governo

Além de aumentar a presença da Novartis no mercado brasileiro, os novos investimentos da empresa têm forte valor político, pois representam um gesto de confiança no Brasil e no governo.

As relações das grandes empresas transnacionais do setor farmacêutico com o Palácio do Planalto andavam estremecidas desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Saúde José Ramos Temporão anunciaram há três meses a quebra da patente do medicamento anti-aids Efavirenz, produzido pela Merck.

Desde então, o governo busca retomar a confiança do setor, e os investimentos da Novartis vão na direção dessa retomada: “Quando anunciamos nossos investimentos, o governo foi muito claro em nos dizer que o caso da Merck foi um fato isolado. Nós, até o momento, não temos porque não acreditar nas informações que o governo tem nos passado”, diz Nélson Mussolini.

A presença de José Gomes Temporão na inauguração das novas instalações em Resende também procurou fortalecer a confiança mútua. Indagado por uma platéia de empresários, o ministro descartou a possibilidade de o governo determinar novas quebras de patente: “O decreto para o licenciamento compulsório do medicamento Efavirenz foi um caso circunscrito. A intransigência da empresa obrigou o governo a agir daquela forma”, disse.

Temporão contou que o Ministério da Saúde se reuniu oito vezes com executivos da Merck sem obter destes nenhuma concessão quanto à redução do preço do medicamento anti-aids, cujo comprimido na Ásia custa US$ 0,65 e no Brasil era vendido a US$ 1,59: “Foi um caso onde nossa tentativa de diálogo não foi respondida. A postura do governo não é de intransigência, vocês podem confiar neste governo”, disse o ministro.

Parceria contra doenças

A Novartis fornece, sob patente, medicamentos para programas do governo brasileiro de combate à hanseníase, à malária e à hipertensão. Essa associação de esforços entre o poder público e a iniciativa privada foi louvada por Daniel Vasella após seu encontro com o presidente Lula: “Essas parcerias são essenciais. Planejamos aumentar nossa parceria com o governo brasileiro por meio de ações efetivas na luta contra doenças como a malária e a hanseníase, além de desenvolver novas formas de aumentar o acesso dos pacientes a medicamentos inovadores”, disse o suíço.

A Novartis faz parte de diversos programas da Organização Mundial da Saúde destinados a melhorar o acesso das populações pobres aos medicamentos que combatem doenças como malária, tuberculose e hanseníase. Além disso, a empresa construiu em Cingapura o Instituto Novartis de Pesquisas em Doenças Tropicais (NITD, na sigla em inglês), que tem o objetivo de desenvolver novos medicamentos. A empresa informa que todas as descobertas feitas no NITD serão disponibilizadas, sem obtenção de lucro, aos países em desenvolvimento.

swissinfo, Maurício Thuswohl, Rio de Janeiro

Diretor da Novartis no Brasil, Nélson Mussolini explica que a empresa faz parte de uma aliança global para eliminar a hanseníase no mundo: “Isso significa, na prática, reduzir a incidência da doença ao patamar de um caso para cada dez mil habitantes, o que é um nível considerado controlável”, diz.

A importância desse trabalho no Brasil, na opinião do executivo da empresa suíça, é muito grande: “Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), existem alguns países com índices de incidência de hanseníase acima do aceitável. O Brasil, infelizmente, é um deles. Por isso o interesse da Novartis em participar de programas no país”.

Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde em 2005, a taxa de prevalência da hanseníase no Brasil é de 2,11 casos para cada dez mil habitantes, número que, de acordo com os critérios da OMS, coloca o país entre os cenários considerados mais graves no mundo.

Internamente, segundo o estudo, a doença se divide de forma desigual. Na Região Centro-Oeste, a taxa de prevalência é de 3,29 casos para cada dez mil habitantes. Na Região Norte, ela chega a 4,02 para cada dez mil. No Nordeste, a taxa é de 2,14. As únicas regiões do Brasil que se enquadram nos limites considerados aceitáveis pela OMS são a Sudeste (0,60) e a Sul (0,53).

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