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O homem forte por trás de Roger Federer

Roger Federer com o preparador físico Pierre Paganini (esq.). Keystone

Apesar de ser "apenas" número 2 do mundo, o tenista suíço Roger Federer é cotado como um dos favoritos ao título no Aberto da Austrália, que começa nesta segunda-feira.

Federer diz que atualmente está bem melhor em forma do que em 2008. Ele deve seu bom condicionamento físico e grande parte de seu sucesso ao preparador físico Pierre Paganini.

Professor de Educação Física e instrutor de atletismo nascido no estado de Vaud, Paganini dedica durante mais de 200 dias por ano aos treinamentos de Roger Federer e Stanislas Wawrinka.

swissinfo: O que exatamente faz um preparador físico?

Pierre Paganini: Ele é responsável pela forma física de um jogador. Resistência, força, versatilidade – todos esses fatores são importantes e precisam ser treinados o ano todo. Além disso, desde o início é preciso fazer um plano para realizar o preparativo de longo prazo de um atleta.

O senhor é um ex-corredor, ex-jogador de futebol e também foi instrutor de atletismo. Como chegou ao tênis?

Primeiro, eu queria me tornar preparador físico de futebol. Como estudante, ocasionalmente fui perguntado se queria me tornar preparador físico de um clube de tênior junior em Ecublens, no cantão de Vaud.

Imediatamente achei esse esporte fascinante. No tênis, você não pode simplesmente tentar brutalmente forte. Você tem de tentar subordinar essas capacidades ao tênis. É preciso ser criativo na quadra.

Qual é o segredo de seu sucesso?

Isso outros têm de responder (ri). Sempre me ocupei intensamente com o tênis. Procurei a relação entre esse esporte e os fatores condicionais, e então criei mais de 100 exercícios com um vínculo direto entre determinados movimentos no tênis e fatores condicionais precisos, como resistência, explosão, velocidade.

Tênis é um esporte individualista. O senhor pertence à equipe Federer. O que significa trabalho em equipe para o senhor?

Eu trabalho com Federer e Wawrinka. Nós comprovamos que tênis também pode ser um esporte de equipe. Foram grandes emoções quando os dois conquistaram a medalha de ouro na final de duplas na Olimpíadas de Pequim.

Mas o tênis, em princípio, é um esporte individualista. Por isso, só se pode ganhar um jogo de dupla se um se engaja pelo outro e não só por si próprio. Também a Copa Davis exige muito espírito de equipe.

Mudou algo no seu trabalho com Roger Federer desde que ele não tem mais um técnico de tênis?

Não.

Jogador e treinador têm um proveito mútuo nesse esporte?

No início, eu era praticamente um estrangeiro no tênis. Hoje estou integrado nessa família do tênis e isso naturalmente é ótimo. Nesse sentido, os jogadores também me ajudaram. Eu, por exemplo, trabalhei durante 17 anos com Marc Rosset. Certamente pude ajudá-lo, mas ele também me ajudou.

Quando comecei com Roger Federer, em 2000, eu já tinha experiência, havia trabalhado com muitos jogadores, com juniores, com profissionais. Essas experiências foram boas para mim, porque Federer realmente é um jogador extraordinário. Pelo fato de ele ter tanto talento, muitas coisas são mais fáceis com ele, mas outras muito mais difíceis. Ele precisa treinar de forma muito mais complexa para explorar completamente o seu talento. Um desafio para mim, do qual também tiro proveito.

Também Stanislas Wawrinka é um desafio. Quando Wawrinka estava na idade de júnior, ninguém acreditava nele. É fantástico o que ele já alcançou até agora.

Por que Wawrinka se desenvolveu tão bem?

Porque ele sempre acreditou em si. Ele quis mostrar que vale muito mais do que se dizia há dez anos. Sobre Federer se dizia a mesma coisa há dez anos: ele tem muito talento, mas não ganha um jogo. Ele só ganhou seu primeiro torneio Grand Slam aos 22 anos. Outros, como Boris Becker, já tinham alcançado isso aos 17 ou 19 anos. Havia uma pressão incrível sobre Federer. Para mim, é fascinante ver como esses jogadores lidam com a pressão.

O senhor vê semelhanças entre Wawrinka e Federer?

(Ri) Os dois jogam tênis. São individualistas, mas com capacidade para trabalhar em equipe. Os dois consideram muito importante a amizade, a sinceridade.

Sabe, o esporte tornou-se muito egoísta. Já pensei algumas vezes em largar minha profissão. Parte do que acontece no circuito tem pouco a ver com humanidade. Por isso, me alegra ver que há esportistas de ponta que realmente são gente e não apenas pensam em vencer e ganhar dinheiro e sim têm um coração grande. Federer e Wawrinka são dois jogadores assim.

swissinfo Chihaya Koyama Lüthi

Nasceu em 27 de novembro de 1957, em Zurique.

É professor de Educação Física e foi instrutor da Federação Suíça de Atletismo.

1985-1996 e 2002-2005: Chefe dos preparadores físicos da Associação Suíça de Tênis(Swiss Tennis), em Ecublens, perto de Lausanne.

1985-2002: preparador físico de Marc Rosset.

1987: preparador físico de Manuela Maleeva.

1991-1995 und 2003-2008: preparador físico da equipe suíça na Copa Davis.

1992-1997: diretor de projeto de fomento a jovens talentos do tênis.

1994: preparador físico de Magdalena Maleeva.

1996-2005: Acompanhou Magdalena Maleeva e Marc Rosset nos circuito da WTA e ATP.

2004-2006: preparador físico de Ana Ivanovic.

Desde 2000: preparador físico de Roger Federer e desde 2003 de Stanislas Wawrinka.

Roger Federer teve sorte no sorteio do Aberto da Austrália. Vai enfrentar cabeças-de-chave como Juan Martín Del Potro, Marin Cilic, David Ferrer, Stanilas Wawrinka e Thomas Berdych, sobre os quais tem vantagem no confronto direto.

Na primeira rodada, enfrentará o italiano Andreas Seppi e pode encarar o russo Marat Safin na terceira rodada. Federer tem em seu lado da chave o sérvio Novak Djokovic, número três do mundo.

Dizem os peritos que o líder do ranking mundial, o espanhol Rafael Nadal, pegará adversários mais complicados. Caso derrote o belga Christophe Rochus na estréia, deve encarar cabeças-de-chave, como Tommy Haas e Lleyton Hewitt, ou os franceses Richard Gasquet, Gilles Simon, Gael Monfils e Jo-Wilfried Tsonga.

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