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Parlamento aprova ajuda a maior banco suíço sem restrições

Presente para os banqueiros? Árvore de natal enfrente à sede do UBS em Zurique. Keystone

Depois de longas discussões, a Câmara dos Deputados aprovou o pacote de ajuda ao UBS por 116 contra 55 votos. Ao mesmo tempo, o Parlamento recusou outras restrições além das que já estão inscritas no contrato entre o governo federal e o maior banco suíço.

Graças a essa decisão, o UBS não precisa limitar os salários ou deixar de pagar bonificações a executivos.

“A pílula é dura de engolir, mas é ela inevitável para estabilizar o sistema financeiro do país”, resumiu o deputado cristão-democrata Christophe Darbellay o estado de espírito no qual se encontrava a Câmara dos Deputados ao aceitar o plano de ajuda ao UBS.

O pacote, somando quase 70 bilhões de francos (US$ 57,38 bilhões), já foi negociado nos detalhes pelo governo federal, pela Comissão Federal de Bancos e o pelo Banco Nacional Suíço (BNS, na sigla em francês). “Nenhum franco foi dado até agora ao UBS”, assegurou o ministro das Finanças, Hans-Rudolf Merz, para tentar acalmar os deputados, que tinham impressão de estar sendo confrontados com um fato consumado.

O Conselho Nacional (Câmara dos Deputados) aprovou o plano por 155 votos contra 16, sendo que a oposição veio principalmente do Partido Verde. Os social-democratas tentaram, em vão, impor condições draconianas para o UBS, como um teto salarial de 1 milhão de francos (820 mil dólares) para os executivos, a supressão do pagamento de dividendos ou a separação formal do banco de investimento do setor de gestão de fortuna. Eles farão mais uma tentativa através de uma petição que já recolheu mais de 30 mil assinaturas.

O problema das bonificações

Na votação final, a esquerda viu rejeitada suas reivincicações de controle suplementar do banco e de concessão de uma garantia de perdas através de uma forte participação no capital do UBS. “Vocês estão assumindo sozinhos a responsabilidade pelas perdas para o governo”, disse Christian Levrat, presidente do Partido Social-Democrata, para criticar a maioria da direita após sete horas de debate.

A Câmara dos Deputados desistiu de pedir a restituição das bonificações dadas aos executivos do UBS desde 2004. No final, ganhou a proposta em favor de uma restituição voluntária e não obrigatória das bonificações.

Formalmente, o Parlamento não se pronunciou sobre a grande parte do pacote de ajuda, como a criação da sociedade que assume os créditos podres do UBS, garantida pelo Banco Nacional Suíço com 60 bilhões de francos (49 bilhões de dólares). Os deputados aprovaram, por outro lado, a injeção de 6 bilhões de francos na forma de um empréstimo obrigatoriamente convertível em ações do UBS. A taxa de juros bruta de 13% representa um aporte de 750 milhões de francos ao ano, mas pode ser paga em ações do banco. A conversão do empréstimo em ações, após dois anos e meio, será feita à cotação mínima de 18,21 francos,

Bom ou mau negócio?

Hans-Rudolf Merz está, portanto, convicto de que o governo fez um bom negócio a médio prazo. Já o Banco Nacional Suíça está menos seguro. A instituição prevê que as perdas de liquidação dos papéis podres poderão ser compensadas pela drenagem da reserva de 22,8 bilhões de francos, o que permitirá ao BNS verter 2 bilhões de francos por ano ao governo federal e aos cantões (estados).

“Se os papéis do UBS caem para 50% do seu valor, o governo perde 25 bilhões de francos”, estima a deputada social-democrata Susanne Leutenegger Oberholzer. “Esses números são apenas uma especulação, pois se trata de perdas contábeis. Toda crise, financeira ou econômica, termina um dia”, retruca Hans-Rudolf Merz, ao lembrar que o BNS tem doze anos para vender os papéis “podres”.

swissinfo com agência

O Partido Social-Democrata entregou na segunda-feira (8 de dezembro) sua petição relativa ao UBS intitulada “Nada de dinheiro sem contrapartida”, com mais de 30 mil assinaturas.

A petição exige do governo federal, do Parlamento e do Banco Nacional Suíço, que a subvenção estatal ao maior banco suíço seja ligada a restrições. Nesse sentido, o UBS deveria aplicar uma parte dos seus futuros lucros para pagar os custos do pacote de ajuda.

A petição também foi entregue na sessão extraordinária da Câmara dos Deputados sobre a injeção de capital no UBS.

A ajuda dada ao UBS, que passa atualmente por uma forte crise, está dividida em duas partes:

– O UBS pode transferir os chamados “créditos podres” da ordem de 62 bilhões de francos para uma sociedade controlada pelo Banco Nacional Suíço (SNB, na sigla em alemão.

Ao contrário da idéia inicial, essa sociedade não estará localizada nas Ilhas Cayman, mas na ilha britânica de Jersey.

Como medida adicional, o governo suíço injeta diretamente 6 bilhões de francos suíços (US$ 5,2 bi) no UBS.

Os contratos foram firmados e já não podem ser mais renegociados.

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