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Paula O. internada há dois meses em hospital psiquiátrico

Clínica Psiquiátrica da Universidade de Zurique. Wikipédia

Reportagem de um canal de televisão suíço indica que Paula O., brasileira que havia simulado um ataque de skinheads em fevereiro, está internada na Clínica Psiquiátrica da Universidade de Zurique desde 10 de março.

Procuradoria aguarda resultados de exames médicos para concluir o inquérito. Enquanto isso, políticos defendem a expulsão antecipada da jovem.

Desaparecida do noticiário há vários meses, Paula O. volta às notícias através de uma reportagem transmitida pela TeleZüri. Segundo o canal televisivo de Zurique, a brasileira estaria internada na Clínica Psiquiátrica da Universidade de Zurique desde 10 de março.

O porta-voz da Procuradoria do Cantão de Zurique, Rainer Angst, confirmou a informação à swissinfo, hoje, por telefone, mas ressaltou que a internação não foi feita por ordem judicial, mas sim teria partido de uma decisão de médicos e da própria família. “Sim, é verdade, mas ela pode sair do hospital quando quiser e continua em contato com as autoridades”, acrescentou Angst.

Ele ainda explicou que o inquérito continua em andamento, mas faltam poucos elementos. “Estamos aguardando os resultados dos exames psicotécnicos, o que pode levar ainda algumas semanas ou meses”, explicou, lembrando também que o passaporte de Paula O. continua retido pelas autoridades.

Em entrevista dada à TeleZüri, o advogado de defesa da brasileira falou sobre seu atual estado psicológico. “Minha cliente ainda está seriamente abalada por toda essa história. Seu estado é estável e ela se recupera atualmente”, declarou Roger Müller. Ele também revelou que a brasileira não está sozinha. “Sua mãe está todo tempo ao seu lado. Isso faz bem para ela (Paula) e contribui, seguramente, à sua recuperação”. Segundo o advogado, a mãe paga do seu bolso a estadia na Suíça.

Os repórteres ainda descobriram que o visto da mãe de Paula O. já teria estaria expirado, e que ela pede atualmente uma prolongação extraordinária, prevista também em lei.

Críticas de políticos

Ao saber que Paula O. está internada em uma clínica psiquiátrica, políticos da União Democrática do Centro (UDC), partido cujas iniciais haviam sido cortadas no corpo de Paula O. por ela própria, criticaram a possibilidade da brasileira ser absolvida por questões médicas.

“Se de fato ela está na Clínica Psiquiátrica da Universidade de Zurique, a sentença será provavelmente de que ela não estava em pleno gozo das suas faculdades mentais, o que significa que não será penalizada. Então não entendo por que a Paula O. não foi expulsa há mais tempo, o que teria economizado bastante dinheiro dos contribuintes”, declarou Alfred Herr, presidente da secção zuriquense da UDC e também deputado federal.

Outros parlamentarem refutam uma expulsão prematura. “O desenrolar do inquérito deve corresponder às leis vigentes, afinal não vivemos em uma república de bananas”, afirmou Daniel Jositsch, deputado federal do Partido Social Democrata.

Caso repercutiu no Brasil

Paula O. procurou a polícia em 9 de fevereiro para dizer que havia sido atacada por três neonazistas na estação de trem de Stettbach, no subúrbio norte de Zurique. Em conseqüência das agressões, ela teria perdido gêmeos no terceiro mês de gestação.

O caso teve uma forte repercussão na imprensa dos dois países e chegou a gerar reações enérgicas do governo brasileiro.

Em 13 de fevereiro, o diretor do Instituto de Medicina Forense da Universidade de Zurique, Walter Bär, afirmou que, a partir de exames de legistas e ginecologistas, a brasileira não estava grávida no momento da ocorrência e que ela mesma teria feito os ferimentos em seu corpo. Pouco depois, a brasileira teria confessado a simulação.

Alexander Thoele, swissinfo.ch

Antes do indiciamento, quando a imprensa suíça já especulava sobre um possível processo contra a brasileira, o professor de Direito Penal Daniel Jositsch disse ao jornal Basler Zeitung (em 16/2) que considera “pouco realista” que Paula O. seja condenada à prisão.

“É mais provável que ela receba uma pena pecuniária ou seja condenada em liberdade condicional”, disse o especilista.

A pena dependerá, entre outras coisas, da avaliação se ela estava “em pleno gozo das faculdades mentais” no momento da ocorrência, disse Jositsch. Caso ela sofra de uma doença psíquica, isso poderia favorecer uma mitigação da pena, acrescentou.

Livro 2 : Disposições especiais

O artigo 304 diz o seguinte:

“Induzir a Justiça em erro
1. Quem denuncia às autoridades uma infração que sabidamente não ocorreu,

quem se denuncia falsamente junto à autoridade por ter cometido um suposto ato criminoso,

será punido com pena de reclusão de até três anos ou a uma pena pecuniária.

2. Em casos de pouquíssima gravidade, o juiz pode isentar o delinquente de qualquer pena.”

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