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“Eles dão uma imagem nova à Suíça”

Contagem de votos durante as votações no Conselho de Suíços do Estrangeiro, realizado em 2016 no salão do Conselho Nacional (Câmara de Deputados) em Berna. swissinfo.ch

A praça do Parlamento em Berna foi tomada na sexta-feira (05.08) para comemorar o centenário da organização que congrega os suíços do estrangeiro. Dentre as atrações: música, folclore, estandes diversos e até um discurso do ministro do Exterior, Didier Burkhalter. Já os 81 delegados do Conselho dos Suíços do Estrangeiro votaram diferentes resoluções. A mais importante diz respeito ao voto eletrônico.

O verão europeu não deu o ar de sua graça. Sob chuva constante, centenas de pessoas foram à praça do Palácio federal, como é conhecido o grande prédio que abriga o Parlamento suíço em Berna, para assistir as comemorações dos 100 anos de existência da Organização dos Suíços do Estrangeiro (OSE).

Bandas militares, grupos de cornes dos Alpes, representações de partidos e outras organizações e um amplo programa festivo, com concertos musicais, foram oferecidos no dia. Para os membros da organização, um momento importante para ressaltar a importância da chamada 5° Suíça, a comunidade de suíços no exterior. “No ano do jubileu nosso principal objetivo é lembrar o valor e a importância, não apenas em termos de número, mas também a importância política, cultural e social dos nossos concidadãos no exterior”, declarou o presidente da OSE, Remo Gysin, na abertura das festividades.

Acompanhado pela esposa, o ministro suíço das Relações Exteriores, Didier Burkhalter, saudou os presentes, especialmente um grupo de jovens suíços do estrangeiro presentes no palco. “Eles são para nós os mais importantes”, os que dão lá fora uma imagem nova para a Suíça”, disse, oferecendo ao mesmo tempo dois presentes: um livro com uma centena de perfis de suíços do estrangeiro preparado pelo ministério das Relações Exteriores e, aos jovens, um saco para nadar no rio Aare, uma tradição na capital durante os meses de calor.

“Olhe para dentro dele”, ressaltou o político. “Vocês podem enchê-lo de ar da Suíça. Mas talvez encontrem um Pokémon”, brincou. “Mas possivelmente ele contém algo mais importante: os laços com as suas raízes, a sua ligação com a Suíça.”

Parlamento dos expatriados

Enquanto alguns festejavam, membros do Conselho dos Suíços do Estrangeiro realizavam a sua mais importante reunião. Dos 140 membros oficiais, 81 compareceram. Eles representam as diferentes comunidades helvéticas espalhadas pelo mundo. O principal tema de debate ocorrido no salão do Conselho Nacional (Câmara dos Deputados) foi o voto eletrônico. 

Números oficiais indicam que 762 mil suíços vivem no exterior, um de dez habitantes oficiais do país. Apesar do direito ao voto, apenas 142 mil suíços do estrangeiro estão registrados nas listas eleitorais nos representações diplomáticas. E destes, uma mínima parte exerce, de fato, seus direitos políticos.

Possivelmente isso explique porque, atualmente, apenas um representante dos suíços do estrangeiro tenham um assento no Parlamento federal: o deputado-federal Tim Guldimann (Partido Socialista), residente na Alemanha. A OSE considera a falta de um sistema de voto eletrônico como um dos fatores que diminuem o peso político da comunidade.

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A festa dos suíços do estrangeiro

Este conteúdo foi publicado em Dentre as personalidades presentes, o ministro das Relações Exteriores, Didier Burkhalter, e sua esposa. Dos convidados especiais, o destaque eram os inúmeros jovens suíços do estrangeiro, vindo de diversas partes do mundo. Um registro fotográfico desse momento de festa. (Texto: Alexander Thoele) 

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Ela defende há anos a aplicação de sistemas que permitam os eleitores votar em qualquer parte do mundo, sejam em eleições ou plebiscitos. Porém problemas de segurança interromperam o desenvolvimento do chamado “E-Voting”. (ver quadro abaixo)

Dificuldades

O governo prometeu a generalização do voto eletrônico nas eleições federais de 2015. Porém o projeto terminou sendo abandonado. Presente nos debates do Conselho, o representante oficial justificou. “Foram diferentes razoes para interromper o projeto. Inicialmente podemos dizer que as dificuldades técnicas foram subestimadas. Além disso, existem outras alternativas (de participação política) como o voto por correio. O fato é que os sistemas de voto eletrônico custam bastante dinheiro”, declarou o chanceler da Confederação Suíça, Walter Thurnherr.

O chanceler, que na Suíça exerce a função de coordenador dos trabalhos do Conselho Federal, o corpo de sete ministros que governa o país, insistiu no ponto da segurança. “Podemos dizer que a velocidade foi mais importante do que a segurança. Isso poderia ter criado uma situação semelhante à da Ruag (n.r.: fabricante estatal de armamentos, que há poucos meses sofreu um ataque de hackers), o que não teria sido benéfico para o debate…”

Do seu lado, os representantes da OSE ressaltaram as suas reivindicações. “A OSE sempre defendeu que a segurança deveria ter primazia”, lembrou a codiretora Ariane Rustichelli. “Mas a interrupção do projeto foi um choque para nós. Agora só cinco cantões permitem o voto eletrônico. É um problema em um país de democracia semidireta. Portanto, a OSE lança um apelo à Chancelaria e aos cantões para que um calendário seja estabelecido e que o voto eletrônico estabelecido até 2019.”

Suíços de “segunda-classe”

Nos debates, o Conselho dos Suíços do Estrangeiro também aprovou uma resolução de protesto apresentada pelo delegado John McGough intitulada “Suíços de segunda-classe”. Foi uma reação à decisão do banco PostFinance de cancelar os cartões de credito dos suíços do estrangeiro.

O protesto soma-se a outros já manifestados pela OSE de pedir aos partidos políticos suíços mais pressão sobre os bancos do país para que melhorem o atendimento aos suíços do estrangeiro (ler artigo). Alguns representantes se mostraram contrariados por ser tratados como cidadãos de “segunda-classe” pelas instituições financeiras, o que levou à aprovação clara da resolução. Os problemas dos suíços do estrangeiro com os bancos nacionais são uma constante nos encontros.

Mobilidade

Os suíços do estrangeiro se reúnem em Berna não apenas para festejar os 100 anos da OSE, mas também para participar do 94° Congresso dos Suíços do Estrangeiro, que ocorre no sábado (06.08). Dentre os temas selecionados: a mobilidade, que será discutida sob o título “A Suíça – parte do mundo”.

Voto eletrônico

Em 2015 aproximadamente 142 mil suíços do estrangeiro estavam registrados nos boletins eleitorais (dados de 31.12.2015). O número cresce continuamente.

Os 142.000 mil eleitores correspondem ao colégio eleitoral dos cantões do Ticino, Turgóvia ou Valais.

Mais da metade dos suíços do estrangeiro registrados utilizam o sistema de voto eletrônico.

Atualmente cinco cantões suíços oferecem o sistema de voto eletrônico para suíços do estrangeiro (Basileia-cidade, Genebra, Lucerna, Berna e Neuchâtel). Até agosto de 2015 eram 13 cantões. Isso permitia que, teoricamente, mais de 50% dos suíços do estrangeiro participassem dos plebiscitos e eleições. Porém com a dissolução do consórcio “E-Voting” de Zurique, do qual participavam nove cantões), a utilização do voto eletrônico diminuiu consideravelmente.

A decisão do governo federal de 12.08.2015 de não autorizar o sistema “E-Voting” de Zurique para as eleições federais de 2015 ocorreu devido a “falhas na proteção do sigilo eleitoral”.

(Fonte: ASO)

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