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Retrocesso nas negociações climáticas preocupa suíços

Para alguns jornais suíços, o clima da conferência de Marrakesh foi de consternação Keystone

Quando o acordo de Paris sobre as mudanças climáticas entrou em vigor este mês, foi saudado como um grande avanço no sentido de controlar o aumento das temperaturas do planeta. Mas quando a conferência das Nações Unidas em Marrakesh terminou no sábado, o clima refletido pela mídia suíça mudou para consternação.

O acordo de Paris marcou a primeira vez que os governos concordaram em adotar limites juridicamente vinculativos para os aumentos da temperatura global, controlando as emissões industriais que estão aquecendo o planeta. Os diálogos em Marrakesh destinavam-se a acrescentar detalhes ao acordo. Terminaram com a adoção de um programa de trabalho até 2018 com o objetivo de limitar o aquecimento global a dois graus acima dos níveis pré-industriais.

No sábado, a delegação suíça disse que se concentrou principalmente na formulação de “objetivos climáticos, mecanismos de mercado e transparência”.

A ministra suíça do Meio Ambiente, Doris Leuthard, também liderou as negociações sobre financiamento de projetos mundiais relacionados ao clima e anunciou a contribuição suíça de 5 milhões de francos suíços para os países em desenvolvimento para ajudar principalmente na transferência de tecnologia.

Sombra Trump

No entanto, o principal convidado nem sequer participou. O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, cuja surpreendente eleição este mês lançou a ameaça de retirar os Estados Unidos do acordo, causou uma onda de choque em Marrakesh.

“Ficou faltando a pessoa mais importante na política climática internacional: Donald Trump”, observou o Neue Zürcher Zeitung (NZZ). “Trump já descartou o aquecimento global como uma piada e prometeu durante a campanha eleitoral não só de retirar-se do acordo de Paris, mas também de torpedear o plano de Barack Obama para reduzir as emissões de CO2 e de demolir a agência ambiental do país, a EPA”, disse o jornal de Zurique.

Durante as negociações, alguns negociadores e observadores discutiram se e como retaliar economicamente ou diplomaticamente os Estados Unidos se Trump cumprir sua ameaça. As autoridades mexicanas e canadenses estão discutindo uma tarifa carbono como opção e o ex-presidente da França, Nicolas Sarkozy, propôs um possível imposto carbono da União Europeia sobre todos os produtos americanos.

“As negociações mostraram que ainda há alguns caminhos a percorrer antes de chegar a um acordo comum”, declarou a Secretaria Federal do Meio Ambiente da Suíça.

“O ritmo lento em que eles foram realizados às vezes reflete a persistência de desacordos fundamentais entre os países”, disse. “As negociações foram principalmente prejudicadas pelas tentativas de muitos países em desenvolvimento de retornar a uma distinção estrita entre países industrializados e em desenvolvimento, como era antes de Paris”.

Impulso perdido?

A conferência de Marrakesh expôs o risco de desacelerar a dinâmica desde que o acordo de Paris entrou em vigor, informou o Tages-Anzeiger.

As negociações “não trouxeram nenhuma nova decisão sobre a política climática internacional, mas sim um indicador do grau de seriedade das partes no acordo”, disse o jornal da Suíça-alemã. “Mas a euforia de Paris agora se acalmou um pouco.”

Segundo o jornal, Franz Perrez, o diplomata que chefiou a delegação suíça nas negociações, ficou um pouco decepcionado porque esperava que “o ritmo das negociações fosse mais intenso”.

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