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Senado suíço aprova saída do nuclear

As usinas de Beznau terão de fechar Keystone

O Parlamento suíço decidiu abandonar gradualmente as usinas atômicas do país até 2034 e aumentar os recursos para as energias renováveis.

O Senado seguiu a Câmara dos Deputados na proposta do governo de proibir novas usinas nucleares, mas quer que o Parlamento acompanhe as inovações no setor.

No debate, os partidários do abandono alertaram dos riscos da energia nuclear, lembrando o desastre na usina de Fukushima, no Japão, mais de seis meses atrás.

Vários senadores, principalmente dos partidos de centro-esquerda, disseram que já existem melhores opções para a produção de energia e que a questão do lixo atômico ainda não foi resolvida.

No entanto, os adversários, principalmente o Partido do Povo Suíço e o Partido Radical, tradicionalmente ligado à comunidade empresarial, defenderam que o abandono da energia nuclear é irrealista e precipitado.

A Ministra da Energia Doris Leuthard fez, por sua vez, um apelo emocionado pelo abandono da energia atômica.

“Se formos bem sucedidos na promoção de novas tecnologias, estaremos fazendo um investimento em nome dos nossos filhos para o futuro da Suíça”, disse.

A ministra Leuthard reconheceu que permanecem ainda algumas questões e que as dúvidas são justificadas.

“O que é importante, porém, é que começaremos algo de novo a partir de agora. Convido a todos a ter confiança no governo, pois estamos no caminho certo para o futuro e podemos enfrentá-lo juntos, com o apoio de todos os cidadãos responsáveis e de boa consciência”, continuou.

Compromisso

O resultado claro da votação da quarta-feira 28- com uma maioria de 3 contra1 – veio depois que uma comissão parlamentar elaborou uma fórmula de compromisso, promovida pelo Partido Democrata Cristão, que dará ao parlamento outra chance de se pronunciar numa fase posterior.

“Apesar de estarmos proibindo as usinas nucleares agora, nossos sucessores no parlamento ainda poderão um dia decidir sobre a construção de novos reatores”, disse o senador democrata cristão Filippo Lombardi, do Ticino (sul), em nome da comissão.

Os debates sobre a energia nuclear devem continuar no novo parlamento, que será convocado pela primeira vez em dezembro, após as eleições legislativas no próximo mês.

Reações

Os socialistas, os verdes, bem como o Partido Democrata Cristão parabenizaram a decisão do Senado como um passo importante rumo a uma nova política energética, em meio aos pedidos para novas medidas de mudança para fontes de energia renováveis.

A Fundação Swiss Energy,que promove uma melhor eficiência energética, disse que o parlamento estava enviando um sinal claro à comunidade empresarial e à sociedade.

No entanto, a Federação das Empresas Suíças criticou a decisão do parlamento em proibir a construção de novas usinas de energia nuclear, sublinhando a necessidade de uma política energética coerente e realista.

“Essa estratégia tem que mostrar o impacto que a saída do nuclear terá sobre a segurança do abastecimento de energia para as empresas, a independência da Suíça e o meio ambiente”, disse um comunicado.

Outras fontes de ernergia

O governo pediu a saída da energia nuclear em maio, proposta apoiada pela Câmara dos Deputados, um mês depois.

O governo estima que a eliminação progressiva da energia nuclear na Suíça pode custar até 3,8 bilhões de francos (4,2 bilhões de dólares).

Cerca de 40 por cento das necessidades de energia do país são fornecidos pelas cinco usinas nucleares domésticas. O governo quer substituir esta parte por hidrelétricas, energias renováveis, bem como usinas a gás e métodos de economia de energia.

Ao longo dos últimos meses, a Suíça viu um reganho dos protestos anti nuclear, principalmente contra os operadores da usina nuclear situada na periferia da capital Berna, que só foi reativada novamente há poucos dias, após ter sido mandada melhorar os padrões de segurança.

A Suíça tem cinco usinas atômicas: Beznau I, Beznau II, Mühleberg, Gösgen e Leibstadt. Elas representam cerca de 40% da produção de eletricidade do país, mas aos poucos vão saindo da rede elétrica a partir de 2019.
 
Em 1990, os eleitores aprovaram uma moratória de dez anos para a construção de novas usinas atômicas. Em 2003 – três anos após o fim do bloqueio – o eleitorado rejeitou uma extensão ou retirada definitiva dos programas de energia nuclear.
 
Três locais para a construção de novas usinas (Beznau, Gösgen e Mühleberg) receberam o selo de aprovação das autoridades reguladoras nacionais.
 
O governo acabou anunciando em maio que planejava fechar as cinco usinas do país até 2034, quando chegam ao final de sua vida útil.

Adaptação: Fernando Hirschy

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