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“É bonito que a gente possa se reencontrar”

Os jovens vêm de todas as partes do mundo para conhecer as montanhas suíças. ASO

Um grande número de jovens participa dos acampamentos organizados pela Associação dos Suíços do Estrangeiro (ASO).

Nesta quinta-feira (12) começa o Ano Internacional da Juventude e swissinfo.ch visita um desses acampamentos em La Punt, no cantão dos Grisões, extremo leste da Suíça.

O grupo de jovens com idades entre 14 e 19 anos, que se encontra para conversar nesse dia chuvoso e frio é bastante variado. Eles vêm de países como a África do Sul, Gana, México, Hong-kong, Inglaterra, França, Estados Unidos e Nova Zelândia. Muitos deles se conhecem de outros acampamentos de verão.

Lidia e Sabrina frequentaram a mesma escola na África do Sul. Agora Sabrina vive em Hong-kong. “É bonito que a gente possa se reencontrar”, alegra-se Lidia.

Viver na Suíça?

Os jovens gostam das atividades esportivas e sociais conjuntas no Engadin, um vale alpino situado no leste do cantão dos Grisões, na Suíça. Questionados sobre a possibilidade de viverem, um dia, na Suíça, as respostas também são muito diversas. “Sim, talvez um dia, no futuro. Mas agora não. Preciso ainda ver o mundo”, é o que costumam dizer.

Para Sabrina, a Suíça é muito pequena, tranquila demais e, em comparação com Hong-kong, pouco interessante. “Mas a cada ano gosto muito de vir para cá.”

Já Andreas considera a Suíça regulamentada em demasia. “O México já é um pouco mais bagunçado”. Ele não pode se imaginar vivendo permanentemente na terra dos seus pais.

Porém falta pouco para Christian se estabelecer na Suíça. “Estou feliz por ter retornado, mas poderia também ter ficado sem problemas na Nova Zelândia.”

A maioria deles afirma poder imaginar fazer os estudos na Suíça. Também viver no país como adulto: “Quando se é jovem, é necessário ter coisas interessantes. Quando a pessoa é mais velha, então deve ser bom viver na tranquila Suíça.”

Privilégios

O grupo compartilha a opinião de que a Suíça vai muito bem. Isso, pois há dinheiro suficiente, tudo é muito organizado e as pessoas são pontuais e simpáticas.

“Aqui praticamente não tem criminalidade, pelo menos nas mesmas proporções que no México”, opina Sven.

Os jovens estão conscientes de viver em situações privilegiadas. “Viemos de todas as partes do mundo e estamos em um acampamento de verão. Nós podemos nos dar ao luxo de comprar passagens aéreas para vir para cá”, respondem.

“Sim, temos sorte. Em Gana, muitas pessoas não têm nem casa ou dinheiro. Estou agradecido pela situação que vivo”, ressalta Bella, 19 anos, que em breve estará se mudando de Gana para a Grã-Bretanha.

“Estou feliz de poder, ainda jovem, ver o mundo e encontrar outras pessoas e culturas”, acrescenta Oliver, que até pouco tempo vivia nos Estados Unidos e agora se muda para a Suíça.

Privilégios podem também ser relativos, diz Sabrina: “Em Hong-kong estudo numa escola internacional. Antes de ir para lá, pensava ser privilegiada. Porém outros possuem iPhones, computadores caros e são levados de motorista à escola. Eu não sou um desses.”

O mundo é a nossa moradia

Para todos os jovens no acampamento é importante ter contato com outras culturas. “Muitas pessoas não têm ideia de como é a vida em outros países. Americanos me perguntaram uma vez se eu falo africano”, lembra-se Lidia, da África do Sul.

O exemplo de Christian: “Antes de mudar-me para os Estados Unidos, vivi quatro anos e meio no Canadá. A maioria dos meus novos amigos pensava que eu havia vivido em um iglu e que ia para escola montado em um urso polar.”

Mas também pessoas na Suíça só sabiam o que a televisão costuma mostrar. Pelo menos é o que acredita Sven. “As coisas normais não são exibidas na televisão. Só se vê aspectos incomuns como lutas, guerras e catástrofes.”

Permanecer em contato

Depois do acampamento de verão, o grupo retorna aos mais diferentes rincões do mundo. Em La Punt foram criadas amizades, que serão cultivadas mesmo a milhares de quilômetros de distância.

O meio de contato chama-se Facebook. “Isso é bem prático, pois cada um tem uma página por lá. Assim não perdemos os contatos”, explica Andreas. Christian também afirma: “Hoje praticamente não lemos mais e-mails. Temos apenas um endereço e-mail, usado mais para abrir uma conta no Facebook.”

Os jovens estão conscientes de que essa moderna plataforma de comunicações também tem seus perigos, sobretudo pelo fato da privacidade não ser sempre respeitada.

“Só incluo pessoas que eu conheço como amigo no Facebook. Também não dou detalhes da minha vida particular, inclusive o número telefônico”, fala Lidia sobre seu conceito de segurança.

Sabrina volta aos aspectos positivos. “Porém é muito bom estar em contato com meus amigos chineses ou os que ficaram na África.”

Mas até os jovens partirem da Suíça, eles aproveitam os momentos de convívio…sem Facebook.

Etienne Strebel, swissinfo.ch
(Adaptação: Alexander Thoele)

A 18 de dezembro, a fim de aproveitar a energia, imaginação e espírito de iniciativa dos jovens do mundo para superar os desafios que a humanidade enfrenta, as Nações Unidas proclamaram o Ano Internacional da Juventude, com início a 12 de Agosto de 2010.

Na resolução que proclama o Ano, a Assembleia Geral apela aos governos, à sociedade civil, aos indivíduos e às comunidades do mundo inteiro para que apoiem as actividades destinadas a assinalar o evento, a nível local e internacional.

Subordinado ao tema “Diálogo e Compreensão Mútua”, o Ano pretende incentivar o diálogo e a compreensão entre as gerações e promover os ideais da paz, do respeito pelos direitos humanos e liberdades fundamentais e de solidariedade.

Também exorta os jovens a dedicarem-se a promover o progresso, nomeadamente a realização dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM), até 2015.

Estão previstos para o próximo ano diversos eventos internacionais, entre os quais figuram o Quinto Congresso Mundial da Juventude, de 31 de Julho a 13 de Agosto, em Istambul, e a Conferência Mundial para a Juventude, de 24 a 27 de Agosto, na Cidade do México. Ambos os eventos incidirão sobre os jovens e o desenvolvimento sustentável no contexto dos ODM. (Texto: agência de notícias da ONU)

O serviço para jovens da Associação dos Suíços do Estrangeiro (ASO) oferece cursos e programação de férias para jovens suíços ou descendentes que vivem em outras partes do mundo. O objetivo é apresentar a terra dos seus ancestrais.

Nesses encontros são transmitidas também informações sobre a atualidade, cultura, geografia, história, política e sociedade na Suíça.

Nos acampamentos esportivos são oferecidas diversas atividades físicas como campeonatos de basquetebol, futebol, passeios de bicicleta, caminhadas, escaladas ou até tênis.

Para os que se interessam, também existe a possibilidade de trabalhar durante uma semana em um projeto comunitário nas regiões de montanhas.

A ASO oferece também cursos de idiomas, intercâmbios em famílias suíças e a participação na sessão parlamentar juvenil.

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