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O poder da mulher brasileira

Mulheres posando para uma foto
Participantes de um dos quatro eventos "Força seu nome é mulher" organizados pela imigrante brasileira Patrícia Sarinho na Suíça. cortesia

No dia 8 de março comemora-se o Dia Internacional da Mulher. As brasileiras na Suíça festejam a data com eventos que promovem a autoestima e a força do grupo.

Elas querem ser incluídas, entender sua condição de estrangeiras e participar da geração de renda. As brasileiras Patrícia Sarinho e Fernanda Pontes desejam isso e muito mais: pretendem combater a exclusão, elevar a autoconfiança e levar informação às mulheres de língua portuguesa em solo suíço. Todos os anos, essas duas cariocas que ainda não se conhecem pessoalmente, promovem em março, por ocasião da data, palestras com temas que falem de coragem, autoestima, saúde ou que esclareçam sobre seus direitos e deveres como cidadãs.

Artigo do blog “Suíça de portas abertas” da jornalista Liliana Tinoco Baeckert.

A luta pela integração move as duas, cada uma no seu propósito, cantão ou histórico de vida diferente. Ao contrário de Fernanda, Patrícia Sarinho não cursou faculdade. Não importa, representa a comunidade com brio. Fala com propriedade sobre os problemas e dificuldades das mulheres estrangeiras que vivem em Terras Helvéticas.

– Decidi começar com os eventos “Força seu nome é mulher” depois de muito escutar, de várias conhecidas, reclamações de que se sentiam sozinhas, desamparadas e excluídas. O pior é que essa exclusão é promovida principalmente pelas próprias conterrâneas. Eu pensava muito nessa questão, me incomodava. E eis que um dia vou a uma festa e encontro uma brasileira com um semblante triste, reclamando da mesma situação. Ali decidi tomar uma atitude, explica. Desde então, Patrícia já organizou quatro eventos com o mesmo foco.

A advogada Fernanda Pontes é criadora do projeto Saber Direito,Link externo que oferece aconselhamento jurídico gratuito à comunidade de língua portuguesa. Mas ela também queria mais. Tinha vontade de expandir o princípio da promoção de conhecimento além do mundo das leis e lançar outros temas, considerados importantes para a integração no país.

– As mulheres são maioria entre o público do Saber Direito, um pouco mais que 70% dos 13 mil seguidores que tenho no site. Eu sabia que precisava ajudar e valorizar essa mulher migrante, que luta para vencer muitos obstáculos, que quer se informar e, mais que tudo, se integrar nessa sociedade tão diferente da nossa. O evento é simplesmente uma concretização de um projeto maior. Embora eu seja advogada e atue no mundo das leis, eu ouço muitas histórias no meu escritório que só confirmam o quanto a informação, o entendimento sobre o país e a auto estima são importantes para a integração.

Se Fernanda atua na valorização da mulher por meio de promoção de conhecimento, Patrícia acredita na doação de afeto e tempo para curar as feridas da solidão.

– As que mais atacam e excluem são, geralmente, as que mais sofrem e as que mais precisam de carinho. Quem está no Brasil, acha que vivemos uma vida de glória e riqueza aqui. Claro que a maioria de nós não tem mais problemas financeiros, o país nos oferece essa maior estabilidade. Mas amor e compreensão não se compram. Muitas dessas mulheres fizeram escolhas matrimoniais malfeitas e não conseguem sair desse castelo. Elas deram sua alma e receberam em troca uma gaiola de ouro. E algumas se utilizam do desprezo e preconceito para se sentirem mais fortes, diz Patrícia.

Os dois eventos contam com palestrantes femininas, escolhidas pelo exemplo de vida, trabalho ou força que possam passar para o público. Patrícia e Fernanda não se conhecem, mas pensam como se já tivessem batido um longo papo.

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Duas mulheres sentadas

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Amamentar na Suíça: mito e realidade

Este conteúdo foi publicado em Katrin Berger e Margrit Hagen são conselheirasLink externo no setor feminino do Hospital Universitário de Berna (Inselspital, como é chamado em alemão). As duas são parteiras com mais de trinta anos de experiencia profissional, cada uma. Elas sabem o que sentem, pensam e como se preocupam as mães quando se trata de alimentar o seu…

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Porque é preciso estimular as oxitocinas

Oxitocina ou ocitocina é um hormônio secretado pela hipófise. Produz tanto as contrações durante o parto, quanto é responsável pela secreção e produção de leite. É comumente conhecido como “hormônio do amor” por ter propriedades ligadas ao vínculo afetivo e ao prazer. Oxitocinas, aqui na Suíça, é o movimento de suporte e troca de experiência entre mulheres criado pela coach Geisa Mourão.

–  A ideia de criar um movimento que servisse de troca de experiência entre mulheres sussurrava dentro de mim, desde 2009, quando fui obrigada a me reinventar nos Estados Unidos. Comecei, então, a prestar atenção nos bastidores das histórias de centenas de mulheres que trabalhei ou que cruzaram meu caminho. E só comprovei que a maioria de nós, numa fase ou em outra, sente-se “expatriada”. Estamos longe de nossas raízes geográficas e emocionais, fora de nosso “eixo”, distante de quem costumávamos ser.

Com esse mote, Geisa palestra, no evento do dia 16 de março, no evento “O Poder da Mulher ImigranteLink externo“. O tema será: Abrindo nossos caminhos, sem esperar por permissões. A coach organiza, em Genebra, sempre em junho, o encontro anual OxitocinasLink externo, no qual promove outras mulheres, exemplos de sucesso e ideias de superação. Seu último evento reuniu 250 pessoas.

Cativeiros Emocionais

A psicóloga Luciana Straub fala, no evento do dia 23 de março, sobre as armadilhas do sequestro do eu, que ela chama de subjetividade, que acontece principalmente quando mulheres vivem o processo de migração. Traduzindo: muitas migrantes, quando deixam seus países de origem para viver um relacionamento, podem cair em uma relação abusiva.

A primeira correlação é a necessidade de adaptar-se ao novo lugar, mudar aspectos comportamentais trazidos do próprio país – o que vale para homens e mulheres. O problema é quando a migrante perde a mão e passa a viver a personalidade do marido. A segunda é o processo normal, que toda migrante vive, de passar a depender do parceiro no início, logo quando se muda. Tem que aprender a língua, aprender as regras de conduta, fazer amizades.

– Nesse descompasso, muitas tornam-se prisioneiras de uma vida que não lhes pertence mais. Deixam de pensar por si mesmas, adotam como único a cultura local, o jeito de vestir, de comer do lugar, ou seja, do marido. Mas com o tempo, irão carregar uma enorme tristeza no olhar ou adoecer mesmo. Elas acreditam que se transformaram por amor, mas em alguns casos, o que acontece é um sequestro da identidade, ou seja, da personalidade.

Eventos:

– 16 de março – O Poder da Mulher ImigranteLink externo

– Palestrantes: Amuni Ghazzaoui (empreendedora – Moema Café), Geisa Mourão (coach – Oxitocinas), Nadja Moraes (palhaça e atriz), Sabrina Polari (palestrante de histórias de superação)

– 23 de março – Força, seu nome é mulher 4

– Palestrantes: Grupo de Combate ao Assédio às Brasileiras no ExteriorLink externo (CABE), Rita Pires (coach), Luciana Straub (psicóloga) e as empresárias Andrea Sigrist e Mainá Martinez

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