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Paula O. terá de deixar a Suíça

Fachada do Tribunal Distrital de Zurique, onde Paula O. foi jugada em dezembro de 2009. Keystone

A advogada brasileira que se automutilou em Zurique não poderá mais ficar na Suíça. As autoridades de migração não renovaram seu visto de estadia e ela terá de deixar o país até o final de março.

Em dezembro último ela foi condenada pelo Tribunal Distrital de Zurique por indução da polícia e da justiça ao erro.

A advogada brasileira Paula O. que havia tentado convencer a justiça e a polícia de uma agressão neonazista, em fevereiro de 2009, terá de deixar a Suíça. As autoridades de migração de Zurique negaram seu pedido para renovar sua permissão de estadia. Até o final de março, ela terá de sair da Suíça.

Decisão definitiva

Não há recurso possível dessa decisão, informou a Secretaria Estadual de Migrações de Zurique à agência de notícias suíça ATS.

Paula O. tinha um visto de estadia na Suíça porque trabalhou para uma empresa internacional em Zurique, antes dos acontecimentos de 9 de fevereiro de 2009, quando afirmou ter sido agredida por três neonazistas em uma estação do subúrbio de Zurique. Como prova, mostrava as marcas no corpo com as iniciais de um partido político suíço (SVP, UDC, em francês). Alegava ainda que havia abortado devido a agressão.

Caso encerrado

O caso teve grande impacto na mídia brasileira e suíça, mas as investigações concluíram rapidamente que havia se automutilado e que não estava grávida. As provas eram irrefutáveis e a advogada acabou confessando que inventara a agressão tinha se automutilado.

Como tratava-se de uma manipulação, o Ministério Público abriu um processo e Paula O. foi condenada em dezembro último pelo Tribunal Distrital de Zurique a pagar uma multa simbólica e as despesas do processo, por ter induzido a polícia e a justiça ao erro. (Leia acima matéria que relata o julgamento).

Com a não renovação de sua permissão de estadia e a obrigatoriedade de deixar o território suíço, termina, portanto, definitivamente na Suíça o caso de Paula O. que, de uma simples funcionária de uma empresa internacional, frequentou durante meses a mídia brasileira e suíça, provocando muitas reações no Brasil e na Suíça.

Claudinê Gonçalves, swissinfo.ch (com agências)

Segundo informações publicadas na imprensa e blogs brasileiros (links estão abaixo), a advogada Paula O. já teria retornado ao Brasil no início do mês. Ela se encontraria agora na casa de parentes em Recife.

A Secretaria Estadual de Migração de Zurique informou que o advogado de Paula O. não entrou com recurso contra a negação da prolongação do visto de residência. Depois que o órgão decidiu indeferir o pedido, a brasileira teria teoricamente até o final de março para abandonar voluntariamente a Suíça.

Paula O. denunciou em 9 de fevereiro ter sido vítima de um ataque xenófobo na estação de Zurique, e por isso teria sofrido um aborto e perdido os gêmeos que esperava.

O caso causou polêmica no Brasil e as autoridades brasileiras exigiram que a Suíça fizesse tudo o necessário para encontrar e julgar os supostos culpados.

Houve uma reviravolta quando, quatro dias depois da suposta agressão, médicos legistas determinaram que a própria brasileira havia feito as marcas a navalha que apresentava pelo corpo. Além disso, peritos descartaram que ela estivesse grávida no momento do incidente.

Segundo o relato da jovem, três “skinheads” a atacaram e fizeram marcas em seu corpo com um objeto cortante, gravando na pele da brasileira a sigla SVP, que são as iniciais em alemão de um partido político suíço.

Em dezembro de 2009 ela foi condenada por indução ao erro da polícia e da justiça.

Em março de 2010 seu visto de estadia não foi renovado e ela terá de deixar a Suíça.

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