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Suíços do estrangeiro querem votar por internet

O encontro foi realizado na prefeitura de Berna. Keystone

Reunidos em Berna, os membros do Conselho de Suíços do Estrangeiro reivindicaram no fim-de-semana a introdução de um sistema de voto eletrônico até as eleições de 2011.

Para as eleições de outono, a representação dos suíços exigiu também o envio de material de propaganda e informação dos partidos helvéticos a todos os eleitores no exterior.

“A participação política não se resume no voto. É necessário também a presença física na campanha e também dos candidatos. Já está na hora de começar”, lançou Georg Stucky, presidente da Organização dos Suíços do Estrangeiro (OSE, na sigla em francês).

Se o contato direto com os candidatos continua sendo difícil – e ainda mais de fazer com que eles sejam eleitos – a participação dos suíços do estrangeiro na campanha e nas eleições federais de outubro de 2007 é vista “como muito importante” para os representantes da chamada “5a Suíça”.

A resolução adotada pela assembléia realizada no final de semana em Berna, da qual participaram 120 representantes dos suíços do estrangeiro, exige material de propaganda e informação dos partidos para todos. Muitos bernenses ou argovianos (denominação de pessoas originárias dos cantões de Berna e Argóvia) reclamaram não ter recebido nada até hoje.

Para permitir aos suíços do estrangeiro (111 mil pessoas inscritos nos registros eleitorais em consulados e embaixadas) de participar da “luta” e lhes incentivar a “defender seus interesses”, a OSE montou um verdadeiro arsenal: conclamação ao voto em colaboração com os quatro partidos governamentais, fórum eleitoral em parceria com a swissinfo, plataformas eleitorais em Viena, Nurembergue ou Mônaco e outras ações.

A OSE marca também sua campanha com um manifesto eleitoral à intenção dos candidatos, no qual lista também toda uma série de requerimentos abordando a política, formação, presença da Suíça no exterior ou a mobilidade.

E-voting

Um dos temas dos debates de sábado (31 de março) foi a questão do voto eletrônico e da administração pública através da internet.

Na sua resolução, o conselho exigiu publicamente que o voto eletrônico se transforme em realidade até as eleições federais de 2011. Até hoje, apesar dos testes bem-sucedidos em algumas comunas suíças, o governo não conseguiu apresentar um cronograma concreto para a aplicação da tecnologia.

O embaixador Markus Börlin não crê na introdução do sistema antes de 2011. “É necessário que o governo acelere o projeto não só em nível federal, mas também cantonal”, defende o chefe da divisão política VI do Ministério das Relações Exteriores.

A administração pública através da internet e, particularmente a administração consular virtual (como na França) interessa também o OSE, que gostaria de ver mais ação no setor.

A idéia consiste a possibilitar o cidadão resolver na internet questões consulares como inscrição, registro e outros trâmites. A OSE também reclamou a “rápida erosão” da rede de representações diplomáticas da Suíça no mundo.

Os guardas do Papa

“86% dos guardas suíços do Papa estão inscritos nos registros eleitorais. Trata-se de um recorde dentre os suíços do estrangeiro”, declarou Georg Stucky para os 110 guardas e seu comandante, que participaram também dos debates em Berna.

Elmar Mäder, o comandante da Guarda Pontifical do Vaticano, aproveitou a ocasião para explicar de que forma os soldados participam da vida política na Suíça, apesar da distância da pátria.

“Para ser um membro da Guarda Suíça é necessário se identificar plenamente com o país de origem, não apenas através do passaporte”, reforça Mäder.

O perfil pessoal e a proximidade cultural são determinantes no processo de seleção. Dessa forma, os suíços do estrangeiro também têm as mesmas chances de se tornar um guarda no Vaticano, ao contrário do que as reportagens publicadas no final de semana na imprensa suíça haviam publicado.

Os membros do conselho obtiveram dessa forma a reposta à polêmica. Segundo Rudolf Wyder, diretor da OSE: “As explicações de Elmar Mäder me parecem suficientes…”

swissinfo, Pierre-François Besson

O Conselho dos Suíços do Estrangeiro (CSE, na sigla em francês) é o órgão supremo (parlamento) da Organização dos Suíços do Estrangeiro (OSE). Ele defende os interesses de todos os suíços face às autoridades e à opinião pública na Suíça.

O CSE se reúne duas vezes por ano – sendo que uma vez durante o congresso anual de suíços do estrangeiro – para examinar e tomar posição sobre as questões políticas que dizem respeito à “5a Suíça”.

O conselho é composto por 130 representantes das comunidades suíças de todas as partes do mundo e 40 membros da própria Suíça.

No final de dezembro, 645.010 cidadãos suíços viviam no exterior, o que representa um aumento de 10.794 pessoas (1,7%) em um ano. Desde 2000, a “5a Suíça” cresceu em 11.1%.

A maioria dos suíços do estrangeiro – 390.182 – viviam em países-membros da União Européia. A maior comunidade está na França (171.732), seguindo a Alemanha (72.384) e a Itália (47.012).

Fora da Europa, suíços vivem nos Estados Unidos (71.984), Canadá (36.374), Austrália (21.291), Argentina (15.061), Brasil (13.956), Israel (12.011) e na África do Sul (8.821).

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