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Suíça e Itália querem tirar melhor proveito de seus potenciais

A ministra suíça da Economia, Doris Leuthard e a a ministra italiana do Comércio Internacional, Emma Bonino, abriram em Gênova, um encontro bilateral destinado às pequenas e médias empresas.

O objetivo e incrementar as relações econômicas entre os dois países.

Se a ministra da Economia Doris Leuthard pegasse o trem de Milão para Gênova, com partida marcada para ás 12:19 e chegada prevista para ás 13:42, iria atrasar em dez minutos o início da sua apresentação na sede do The Meeting 06, a Conferência Econômica entre a Suíca e a Itália.

E na hora de fazer o percurso inverso, o tempo gasto seria de vinte minutos a mais daquele assinalado no quadro de horários, como aconteceu com o repórter de swissinfo. “Meno male” que ela desembarcou de avião em Gênova, capital da Liguria, e chegou na hora certa ao histórico Palazzo San Giorgio, no porto da cidade.

Momento de criticar

Diante de uma platéia de quase 200 empresários italianos e suíços, reunidos para discutir e incrementar o comércio bilateral, a ministra da Economia, Doris Leuthard, afirmou que “este era o momento de não ter receio em apontar os problemas, em fazer as críticas e as propostas de melhoria, para assim abrir caminho a um crescimento conjunto dos dois países”.

A falta de respeito com o cumprimento dos horários é apenas a face mais visível de um sistema ferroviário italiano parado no tempo e no espaço, uma das pedras no sapato da relações bilaterais. A burocracia pesada, a ineficiência de uma fiscalização e o mercado de trabalho engessado por leis antigas são as outros problemas italianas que impedem uma caminhada uniforme entre os dois vizinhos.

Sonho de eficiência

O sonho de unir a precisão suíça com a elegância e a excelência italiana custa caro. A Suíça está fazendo a sua parte: “reforçamos a competitividade internacional, abrimos o mercado, saneamos as contas públicas, aumentamos a taxa de ocupação do trabalho, financiamos empresas e simplificamos o sistema jurídico’, afirmou a ministra Doris Leuthar, na frente da sua colega italiana, a ministra do Comércio Exterior, Emma Bonino.

“É fundamental que a Suíça seja forte e competitiva no plano internacional”, disse a ministra helvética. A Suíça ocupa o 8° lugar no item de crescimento competitivo segundo estudos do International Institute for Management Development, em Lausanne,. Já a Itália está na 56a posição.

Parceria comercial importante

Ainda assim, o made in Italy é o segundo parceiro comercial da Suíça, ficando atrás apenas da Alemanha. A comunidade Helvética importa mais bens da Itália do que do Japão, dos Estados Unidos, da China ou da Rússia. “Crescer juntos é um dever para a Itália e para a Suíça”, afirmou a ministra Doris Leuthard.

Mas é preciso diversificar as áreas comerciais. 85% do comércio entre Itália e Suíça são de pequenas e médias empresas das regiões norte e nordeste das duas nações.

“Temos que procurar oportunidades no sul da Itália e não ter medo da barreira do idioma. O melhor exemplo sou eu mesma, me expressando em italiano”, comentou a ministra da Economia arrancando aplausos da platéia.

Faltam recursos à Itália

O problema é pegar o mesmo trem da história, numa linha que funcione bem e na mesma alta velocidade, dos dois lados dos Alpes. “Estamos acordando de um longo sono”, disse a ministra Emma Bonino, reforçando a idéia de que o italiano apenas “dá o melhor de si e se mexe para valer quando está sob forte pressão”.

A questão é encontrar recursos para arrumar a casa e modernizá-la. “Reconhecemos que temos que investir em infraestrutura, temos previsões de gastos da ordem de 175 bilhões de euros, mas apenas 54 estão financiados. Para o restante precisamos de capital privado, joint-ventures, sociedades mistas, sâo caminhos que temos que checar”, confessa a ministra italiana, com a bolsa vazia de euros e preocupada em pagar a conta de luz, já que 46% da energia elétrica consumida na Itália vem da Suíça.

20 bilhões de euros em ferrovias

Enquanto isso a Suíça aumenta o custo do transporte por via rodoviária e, ao mesmo tempo, abre a carteira e investe 20 bilhões de euros na infraestrutura ferroviária, abrindo os túneis de Lotschberg/Sempione e Gottardo. Assim se garante uma nova via de comunicação segura e eficiente entre o norte e o sul da Europa.

“Conheço bem a Itália, mas o que lemos nos jornais e vemos na televisão nos dão a impressão que existem apenas problemas; mas o país é forte, a Suíça é forte e temos que usar este potencial para ir ao mercado internacional”, afirmu a ministra Doris Leuthar a swissinfo.

Para o empresário suíço Walter G. Finkbohner, o porto de Gênova pode voltar a ser estratégico para o sul da Alemanha, para a Suíça. “Mas é importante arregacar as mangas, e entender quais são as necessidades de quem envia ou recebe mercadorias na Suíça Um bom serviço ágil, uma alfândega disposta a colaborar e honrar a qualidade da prestação do trabalho, este é o nosso grande desejo”, disse ele a swissinfo. E o recado vale para todos os outros setores interessados em negociar com a Suíça.

Swissinfo, Guilherme Aquino, Gênova

Em 2004, a Suíça exportou para a Itália 1,2254 bilhão de francos suíços; em 2005, 1,2621 ( um aumento de 3,01%); da Itália para a Suíça os respectivos números foram 1,5616 em 2004, 1,6182 em 2005 (+ 3,63%.)

A Suíça importa da Itália produtos químicos-farmacêuticos, tecidos, e roupas e maquinas industriais.

A Suíça exporta para a Itália produtos químicos-farmacêuticos, maquinas industriais, metais e artigos em metal, relógios, instrumentos e aparelhos de precisão.

150 milhões de pessoas vivem ao longo do eixo europeu que corta a Suíça.

110 milhões de toneladas de mercadorias por ano atravessam o arco alpino, em toda as direções.

A Suíça importa da Itália 4 vezes mais do que de países emergentes como Brasil, México, Argentina, Chile, Turquia, África do Sul, Singapura, Hong Kong, Taiwan e Coréia do Sul.

A Câmara de Comércio Suíça -Itália tem cerca de 500 empresas de ambos os países cadastradas.

No campo energético, a Suíça tem quatro empresas que investem em novas plantas de produção de corrente elétrica na Itália; 43% da energia importada pela Italia provém da Suíça.

Com um volume de 17 bilhões de euro,s a Suíça está entre os 6 primeiros investidores estrangeiros na Itália.

Os suíços trabalham 1855 horas por ano contra 1732 dos italianos.

Os suíços perdem 0,66 dias dias de trabalho por ano para cada 1000 habitantes, contra 15,31 na Itália.

No indice de liberdade econômica, a Suíça ocupa o 15° lugar contra o 42°da Itália, segundo a Washington Heritage Foundation.

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